A região de Estarreja, localizada próxima à Ria de Aveiro, é amplamente reconhecida pela sua contaminação histórica por mercúrio (Hg), como evidenciado, por exemplo, no Largo do Laranjo, devido a atividades anteriores de uma indústria de cloro-álcalis. Ao mesmo tempo, uma variedade de atividades de pesca é comum nesta lagoa.
Devido ao seu alto valor nutricional, o consumo de peixes e frutos do mar tem sido associado à prevenção de algumas doenças humanas, especialmente aquelas relacionadas a distúrbios cardíacos e circulatórios. Infelizmente, peixes e frutos do mar também são considerados como a principal via de exposição ao Hg em seres humanos. Mais de 90% do Hg presente nos tecidos dos peixes é encontrado principalmente como metilmercúrio (MeHg), a forma mais tóxica. Devido aos potenciais efeitos adversos na saúde humana, agências internacionais estabeleceram Doses de Referência (RfD) como recomendações sobre a ingestão de Hg.
Apesar da importância reconhecida do peixe/frutos do mar na ingestão de Hg humano, os estudos que avaliam esse risco de exposição em Portugal têm se concentrado apenas em algumas espécies e, em grande parte, restritos ao meio acadêmico. Além disso, a linguagem científica muitas vezes não é clara para o público em geral. Portanto, com o objetivo de contribuir para a transferência de conhecimento da academia para a sociedade, esta proposta visa avaliar os hábitos de consumo de peixes e a potencial exposição ao Hg da população de Estarreja e desenvolver e compartilhar ferramentas com linguagem simples e precisa que contribuirão para decisões informadas sobre o consumo de peixes/frutos do mar, envolvendo não apenas tomadores de decisão, mas também a população-alvo.
