Mónica Amorim, investigadora do CESAM & dBio, é a investigadora principal da equipa portuguesa de dois Projetos Europeus recentemente aprovados no âmbito do Horizonte 2020. Ambos os projetos vão desenvolver-se na área da nanotecnologia (NMBP-13-2018: “Risk Governance of nanotechnology” e NMBP-14-2018: Nanoinformatics: from materials models to predictive toxicology and Ecotoxicology”).

O projeto “NANORIGO – Establishing a Nanotechnology Risk Governance Framework” conta com um financiamento global de 4.748.740 € e é coordenado pela Universidade de Aarhus, Dinamarca. Envolve 29 parceiros de 15 países Europeus, além da Coreia e EUA.

O projeto “NanoinformaTIX – Development and Implementation of a Sustainable Modelling Platform for NanoInformatics” conta com um financiamento global de 6.783.556 € e é coordenado pela Agencia Estatal Consejo Superior De Investigaciones Cientificas (CSIC), de Madrid, Espanha. Envolve 36 parceiros de 20 países europeus, além da China e EUA.

A equipa portuguesa é responsável pelas atividades relacionadas com a avaliação de perigo e risco no ambiente. A avaliação do impacto ambiental utilizando novas ferramentas ómicas irá ser um dos pontos chave a explorar, tanto na avaliação de efeitos como na implementação em regulamentação.

A investigadora Mónica Amorim é também a responsável do projeto H2020-NMBP-12: “BIORIMA – BIOmaterial RIsk Management”, que teve inicio em 2017, tendo assim a Universidade de Aveiro continuado a investigação na área das nanotecnologias e seus impactos ambientais via financiamento internacional (H2020-NMBP-12-13-14), garantindo a participação em grandes redes de cientistas e industria internacional.

Isabel Lopes e Cátia Venâncio, investigadoras do Laboratório Associado CESAM e do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro são autoras de um dos 23 artigos publicados no volume da Philosophical Transactions B dedicado ao tema “Salt in freshwaters: causes, ecological consequences and future prospects”.

A salinização dos ecossistemas dulçaquícolas é uma ameaça crescente e global. Dentro do cenário das alterações climáticas, a subida do nível médio das águas do mar será o grande impulsionador do aumento da salinidade em ecossistemas costeiros de baixa altitude. O aumento da salinidade pode causar uma redução severa na biodiversidade aquática, levando à ruptura dos processos do ecossistema e comprometendo os bens e serviços que os ecossistemas dulçaquícolas fornecem.

Neste contexto, o trabalho, intitulado “Sensitivity of freshwater species under single and multigenerational exposure to seawater intrusion”, avaliou os efeitos do aumento da salinidade em várias espécies dulçaquícolas representativas de diferentes níveis tróficos (algas, plantas aquáticas, crustáceos, insectos, caracóis). Os resultados obtidos revelaram que níveis de salinidade dez vezes inferiores à salinidade da água do mar podem influenciar a resiliência de várias espécies nestes ecossistemas costeiros, nomeadamente de microcrustáceos dulçaquícolas. Estes microcrustáceos são importantes fontes de alimento para pequenos peixes e impedem a proliferação de microalgas. Isto poderá significar que mesmo pequenos aumentos da salinidade poderão, através de efeitos indiretos, influenciar a resiliência de espécies mais tolerantes. Esta situação é ainda mais preocupante se se tomar em atenção que a maioria das espécies estudadas continuaram a mostrar pouca tolerância ao aumento da salinidade mesmo quando expostas durante várias gerações . Esta conclusão do presente estudo reforça a questão da vulnerabilidade do biota aquático ao aumento da salinidade.

Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do projecto SALTFREEPrediction of salinization effects on coastal freshwater and soil ecosystems due to climate changes, financiado pela FCT. O trabalho teve como co-autores Bruno Branco Castro (Departamento de Biologia, Universidade do Minho), Rui Ribeiro (Departamento de Ciências da Vida, Universidade de Coimbra), Sara Antunes (Departamento de Biologia, Universidade do Porto), Nelson Abrantes (Departamento de Ambiente e Ordenamento, Universidade de Aveiro), Amadeu M.V.M. Soares (Departamento de Biologia, Universidade de Aveiro). O artigo pode ser lido aqui.

 

Mónica Amorim, investigadora do CESAM & dBio, foi galardoada com o “SETAC FELLOW” 2018.
O prémio “SETAC Fellow” foi criado em 2010 para reconhecer membros que demostrem igualmente (i) contribuições científicas ou governamentais (política científica) de longa data e (ii) serviço e liderança na SETAC. A identificação e nomeação do estatuto de Fellow tem o objetivo de prestar um reconhecimento adicional de excelência e da contribuição dos membros da SETAC para a ecotoxicologia, química ambiental, avaliação de risco e ciclo de vida. O mote de um Fellow da SETAC é liderança na arena profissional e científica e também na SETAC.
Apesar de não haver um número máximo de Fellows, apenas 1-2% dos membros têm este prestigiado reconhecimento.
O grupo de Fellows SETAC constitui um corpo que demonstrou reconhecimento na ciência ou política cientifica e possui conhecimento institucional da sociedade. Como tal, eles servem como um corpo de auscultação para o conselho do SETAC mundial e podem ser chamados para ajudar a liderar determinados esforços. Mais informações aqui.

 

Mónica Amorim, investigadora do Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM & dBio), é coautora de um artigo publicado na Nanoscale: “Mechanisms of (photo)toxicity of TiO2 nanomaterials (NM103, NM104, NM105): using high-throughput gene expression in Enchytraeus crypticus”.

Os nanomateriais (NMs) de dióxido de titânio (TiO2) encontram-se entre os de maior produção mundial, estimam-se ca. de 60.000 toneladas por ano. As aplicações vão desde os comuns protetores solares (UV) a fotocatalizadores para remediação de solo.

Os efeitos de NMs no ambiente são avaliados utilizando métodos disponíveis na legislação para a avaliação de substâncias (REACH: Registration, Evaluation, Authorization and Restriction of Chemicals), através da avaliação de parâmetros fisiológicos nos organismos, p.e., sobrevivência e reprodução em invertebrados.

No entanto, a avaliação dos mecanismos de ação dos NMs, e efeitos (sub-)celulares que antecedem os efeitos observados nos organismos é muito importante, pois pode permitir a avaliação precoce, bem como potenciar a produção de NMs mais seguros para o ambiente (safety-by-design). 

É, portanto, prioritário o desenvolvimento de técnicas e métodos que permitam explorar os efeitos mecanísticos. É o que mostra um estudo recente publicado na revista Nanoscale, onde se explorou o microarray de 44000 genes, uma ferramenta desenvolvida pela equipa da UA, para uma espécie modelo da ecotoxicologia. 

“A expressão de genes de elevado varrimento foi utilizada para avaliar os mecanismos moleculares, sendo estes ancorados a efeitos sub-letais conhecidos ao nível do organismo (i.e., reprodução). Os resultados mostram que a foto-ativação dos NMs de TiO2 tem um papel fundamental no aumento da toxicidade, ativando a transcrição de genes relacionados com o stress oxidativo, dano nos lisossomas e mecanismos de apoptose. No caso de TiO2 sem exposição solar (UV), os resultados mostram o potencial para efeitos a longo prazo (mutagenicidade e epigenética).”

A resposta ao stress é normalmente ativada, num curto espaço de tempo, nas células e com precursores genéticos, constituindo, portanto, a sinalização de potenciais efeitos adversos, efeitos esses que se observam no organismo apenas mais tarde.

A possibilidade de previsão de efeitos de forma precoce é um aspeto que merece atenção e de elevado potencial, este é um dos focos da investigação deste grupo.

Para mais leitura.

Nos passados dias 10 e 11 de janeiro, decorreu a reunião de arranque do projeto HERA – Integrating Environment and Health Research: a Vision for the EU, em Paris. Nesta reunião, estiveram presentes Ana Isabel Miranda (coordenadora do projeto na Universidade de Aveiro) e Joana Ferreira, ambas membros integrados do CESAM. O projeto HERA é financiado por Fundos Europeus (H2020) e conta com mais de 20 parceiros internacionais.

Tem como objetivo definir as prioridades para a Agenda Europeia de Investigação em Ambiente e Saúde.

Os Professores Henrique Queiroga e Paulo Silva, foram convidados para fazerem apresentações sobre as alterações climáticas e os seus impactos nos oceanos num debate na Escola Básica e Secundária Ferreira de Castro em Oliveira de Azeméis. O Prof. Henrique Queiroga falou sobre as causas do aquecimento global, e sobre alguns dos impactos nos ecossistemas marinhos, nomeadamente nas regiões árticas, tropicais e de Portugal. O Prof. Paulo Silva falou sobre o aumento do nível da água do mar, das consequências na erosão da costa portuguesa, e sobre as possíveis medidas de adaptação.

Este debate está inserido na 1ª fase de candidatura desta escola ao Parlamento dos Jovens 2019. Foi organizado por alunos do 12º ano e contou com a participação de cerca de uma centena de alunos desde o 7º ao 12º ano.

No próximo dia 16 de janeiro de 2019 realiza-se o seminário do Projeto LIFE REFOREST – Erosion prevention and flora REstauration of burnt FOREST areas through innovative fungal-technosol solution will occur at University of Aveiro. The participation is free but registration is mandatory (esp.team.cesam@gmail.com) until 10 January.

O bolseiro de pós-doutoramento do CESAM Jorge Sanchez Gutierrez e o seu colega José Masero da Universidade da Extremadura, Espanha, são autores de uma correspondence na conceituada revista Nature no qual se enfatiza a necessidade de uma atitude proativa do governo espanhol para a salvaguarda das espécies de aves canoras ameaçadas pela captura ilegal.

Estes tipos de artigos constituem pequenos comentários sobre assuntos atuais de interesse público e político. Não são geralmente revistos pelos pares e não contêm dados de investigação. O artigo em questão, intitula-se “Save Spanish songbirds from illegal trapping” e, nele os autores referem que “O governo espanhol autorizou a captura de 1.731.861 fringilídeos de 2013 a 2018, alegadamente para garantir o stock de aves criadas em cativeiro no caso de haver proibição de captura. Em maio, a Comissão Europeia deu a Espanha um prazo de 2 meses para terminar com a captura destas aves a um nível geral. No dia 1 de junho, apenas 8 das 17 regiões autónomas espanholas suspenderam a captura do pintassilgo (Carduelis carduelis), verdilhão (Carduelis chloris), pintarroxo (Carduelis cannabina), chamariz (Serinus serinus) e tertilhão-comum (Fringilla coelebs). Se as outras regiões não o fizerem, o país corre o risco de pagar pesadas multas que podem chegar aos milhões de euros”.

O artigo completo pode ser lido aqui.

Os membros do CESAM Newton Gomes e Francisco Coelho fazem parte da equipa organizadora do 15º Simpósio em Genética e Ecologia Bacteriana (BAGECO) como copresidente e comité organizador do evento, respetivamente. O BAGECO vai decorrer de 26 a 30 de maio de 2019 em Lisboa e é uma das principais conferências europeias em genética e ecologia de bactérias com mais de 30 anos de tradição. O evento irá reunir os principais cientistas da área para debater as questões mais prementes da microbiologia, ecologia microbiana, metagenómica e disciplinas complementares.

Mais informações sobre o evento aqui.

Especialistas em estudos da agitação marítima, correntes litorais, dinâmica sedimentar de zonas costeiras e hidráulica do surf, pertencentes ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil e às Universidades de Aveiro e de Lisboa, reuniram-se no passado dia 10 de dezembro na Câmara Municipal de Vagos, para darem início ao estudo da viabilidade de construção de um quebramar destacado multifuncional em frente à Praia da Vagueira. A coordenação pela UA está a cargo do investigador do CESAM Paulo Baganha Baptista e conta ainda com a participação do docente Paulo Silva, do investigador Peter Roebeling e do colaborador externo Joaquim Pais Barbosa.

Este estudo, contratado pela Agência Portuguesa do Ambiente, demorará 2 anos e incluirá a monitorização da evolução dos fundos da praia e da zona marítima adjacente, a simulação em modelos matemáticos e físicos (à escala reduzida) dos fenómenos naturais com vista à perceção da eficácia do quebramar, e a análise comparativa dos custos da obra e benefícios resultantes desta.

O estudo incidirá sobre a eficácia do quebramar na redução dos galgamentos na frente urbana e no contributo para a redução da erosão na praia invertendo, se possível, esta tendência. Pretende-se que o quebramar potencie o aumento do areal na praia e ainda permita melhorar as condições do mar para a prática do surf, body-board ou desportos análogos.

Antes da reunião, os técnicos deslocaram-se à Praia da Vagueira para darem início aos trabalhos de monitorização da evolução do areal e de ocorrências de galgamentos sobre a defesa aderente, nas presentes condições. Recolherão assim dados mais exatos e detalhados sobre a variabilidade da praia e sobre as interações entre as ondas, as correntes, a variação do areal e as estruturas costeiras.