As temperaturas da Península Ibérica vão aumentar de forma “muito preocupante” durante este século. O alerta é de um estudo do CESAM – Universidade de Aveiro que prevê até 2100 aumentos da temperatura média de 2 a 3 graus ao longo de todo o ano, o suficiente para causar graves impactos no meio ambiente e, por consequência, na saúde pública. Em Portugal há mesmo regiões que poderão registar aumentos de 4 a 5 graus centígrados nas máximas diárias. A notícia completa e link para o estudo original aqui.
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Se o advento dos veículos autónomos promete melhorar a segurança rodoviária, que consequências terá para a qualidade do ar nas cidades? A alteração do comportamento dos veículos vai trazer uma redução da poluição? Pela primeira vez, um estudo do CESAM | Universidade de Aveiro dá resposta às questões: sim, os veículos autónomos vão trazer para as cidades um ar menos poluído e, por isso, mais saudável. A notícia completa aqui.
Depois de 30 anos a monitorizar os movimentos de animais que habitam a zona polar ártica, cerca de 150 investigadores de mais de 100 instituições, entre os quais o membro do CESAM/UA José Alves, não têm dúvidas: as alterações climáticas que levaram o ártico a entrar num novo estado ecológico, provocaram alterações na dinâmica espácio-temporal dos animais que habitam a região. O artigo foi publicado a 5 de novembro na revista Science. A notícia completa pode ser lida aqui e poderá também saber um pouco mais na entrevista na RTP1 ou no artigo do jornal Expresso.
Nos próximos dias 3 e 4 de novembro acontecerá mais um Encontro Ciência. A investigadora do CESAM Alexandra Monteiro é uma das oradoras convidadas da sessão plenária “Ciência em Portugal para uma Europa mais VERDE”. Devido à pandemia, o evento deste ano teve de se adaptar. Em consequência as sessões orais foram canceladas e as demonstrações e apresentações de pósteres ajustadas. Nas demonstrações o CESAM estará presente com vídeos alusivos a algumas das suas áreas de investigação, assim como na sessão de pósteres, na qual vários alunos de doutoramento irão apresentar os seus trabalhos.
Mais informações sobre o evento aqui.
Atualmente mais de metade da população mundial vive em áreas urbanas e, em 2050, prevê-se que este rácio aumente para dois terços. As cidades consomem mais de 65% da energia mundial e são responsáveis por mais de 70% das emissões mundiais de dióxido de carbono. Assim, as decisões que tomarmos em relação às infraestruturas urbanas nas próximas décadas – planeamento urbano, eficiência energética, produção de energia e transportes – terão uma influência decisiva na pegada climática do planeta.
Os gases com efeito de estufa e os poluentes atmosféricos partilham as mesmas fontes de emissão, pelo que a melhoria da qualidade do ar pode impulsionar os esforços de mitigação das alterações climáticas e vice-versa. No entanto, aproximadamente 90% dos residentes em áreas urbanas da União Europeia estão expostos a níveis de poluentes que ultrapassam os valores definidos pela diretiva de qualidade do ar (2008/50/EC) ou recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Estimativas recentes revelam números chocantes sobre o contributo da poluição do ar, e sobretudo da matéria particulada em suspensão com diâmetros inferiores a 10 ou 2,5 µm (PM10 ou PM2,5), para as doenças cardiorrespiratórias e mortes prematuras. Um relatório recentemente publicado por diversos organismos internacionais concluiu que a poluição do ar é um dos principais fatores de risco ambientais, sendo anualmente responsável por cerca de 5 milhões de mortes a nível mundial. Um em cada 10 óbitos tem como causa a má qualidade do ar. As partículas em suspensão são consideradas o poluente atmosférico mais nocivo para a saúde pública. Em 2013, a Agência Internacional para a Investigação do Cancro englobou as partículas atmosféricas na Classe I, ou seja, estas passaram a ser classificadas como agentes cancerígenos para o ser humano. Nas cidades, o tráfego rodoviário constitui a principal fonte emissora deste poluente. Embora os avanços tecnológicos e a imposição de limites de emissão cada vez mais restritivos tenham permitido reduzir as emissões de exaustão dos veículos, as emissões de não exaustão (ressuspensão de poeiras depositadas nas vias e as partículas resultantes do desgaste de pneus, travões e pavimentos) emergiram como fontes de poluição dominantes nas atmosferas urbanas, colocando óbvios desafios científicos e políticos. Ao contrário das emissões dos canos de escape, as emissões de não exaustão não são regulamentadas, estimando-se que, em 2030, passem a representar 90% do total das emissões automóveis.
O projeto do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar “SOPRO – Perfis químicos e toxicológicos de fontes de matéria particulada em atmosfera urbana”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, é um projeto multidisciplinar que envolve a colaboração de cientistas atmosféricos, engenheiros de transportes, químicos, toxicologistas e modeladores de diversas instituições europeias e da Universidade de São Paulo com o objetivo de propor estratégias de mitigação focadas nas principais fontes emissoras de poluentes nas cidades, sobretudo as associadas ao setor dos transportes. Dada a necessidade de caracterização das emissões de partículas pelo tráfego, será seguida uma estratégia concertada para obter as características químicas e toxicológicas das emissões de exaustão e de não exaustão. Para o sucesso deste projeto, serão ainda aplicados modelos químicos de transporte para prever as concentrações atmosféricas de diversos poluentes em cidades brasileiras e portuguesas, incorporando os novos perfis de emissão e inventários atualizados e considerando diferentes cenários de emissão, alterações climáticas e políticas de controlo.
A equipa do projeto SOPRO
Devido à pandemia este evento foi adiado para 2021. Por favor confirme as novas datas aqui.
O Grupo de Investigação Biotecnologia Marinha & Aquacultura (MBA) do CESAM e o Centro de Espectrometria de Massa da Universidade de Aveiro têm o grande prazer de apresentar a 2ª edição da Conferência “Lipids in the Ocean”, que será realizada na Universidade de Aveiro, de 17 a 19 de novembro de 2020. O evento é organizado pelo Professora Rosário Domingues do CESAM.
+ info: http://lipids2021.web.ua.pt/
Numa carta publicada a 16 de Outubro deste ano, o aluno de doutoramento do CESAM/FCUL Mohamed Henriques com investigadores e conservacionistas internacionais incluindo guineenses, alertam na revista americana Science para o mais letal evento de envenenamento intencional de abutres do mundo, ocorrido este ano. Aconteceu na Guiné-Bissau tendo dizimado mais de 2,000 jugudés (abutres da espécie Necrosyrtes monachus), uma espécie em Perigo Crítico de extinção, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN.
No início de 2020 foram detetados casos massivos de mortalidade de abutres nas regiões de Bafatá e de Gabú, no Leste da Guiné-Bissau, tendo a população local alertado as autoridades guineenses responsáveis pela conservação da biodiversidade e pelos serviços veterinários. Apesar da falta de recursos e das dificuldades inerentes à pandemia da Covid-19, foram enviadas várias equipas para o terreno, de modo a averiguar a causa da mortalidade dos abutres – mais de 2,000 indivíduos, conhecidos no país como jugudés – uma espécie emblemática para os guineenses.
Através da pronta reação da Direcção-Geral de Pecuária da Guiné-Bissau, dos Serviços Públicos de Veterinária, da ONG Organização para a Defesa das Zonas Húmidas (ODZH) e do Instituto para a Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), com o apoio de diversos especialistas nacionais e internacionais na conservação e investigação de abutres, rapidamente se percebeu que se tratava de um crime ambiental. Os abutres terão sido envenenados propositadamente para remover as suas cabeças para alimentar o comércio ilegal destinado à utilização de várias partes do seu corpo (cabeças, asas, unhas e patas) em práticas de feitiçaria em diversos países da África Ocidental. Segundo Mohamed Henriques, luso-guineense doutorando do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e primeiro autor do artigo, “centenas de cadáveres destes abutres encontravam-se sem cabeça, empilhados e intencionalmente escondidos sob arbustos”.
As suspeitas de envenenamento intencional foram posteriormente confirmadas pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, através das necrópsias realizadas a alguns cadáveres recolhidos no local. “As análises de toxicologia demostraram inequivocamente que a causa de morte foi o envenenamento por metiocarbo, um inseticida vendido sob o nome comercial de Mesurol, que é, entre outros usos, frequentemente aplicado como controle de lesmas/caracóis e que foi recentemente banido na Europa devido à sua toxicidade para a vida selvagem”, indica José Pedro Tavares, Director da Vulture Conservation Foundation, um dos co-autores deste artigo. Diversos habitantes locais confirmaram ainda que foram avistados indivíduos a colocar os iscos envenenados para atrair os abutres.
Na carta à revista Science, os autores alertam que a utilização de venenos é responsável por ca. 30% das mortes de abutres no continente africano, e que na África Ocidental, em apenas 30 anos, desapareceram 60 a 70% das populações das várias espécies de abutres. “O jugudé está classificado como em Perigo Crítico de Extinção na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, a última categoria antes do nível de extinção. A Guiné-Bissau alberga mais de um quinto da população mundial desta espécie, sendo atualmente um dos países mais importantes para a conservação da espécie a nível mundial”, refere outro dos autores, Paulo Catry, investigador e Professor auxiliar do MARE/ISPA-Instituto Universitário.
Na carta agora publicada é realçado que este evento catastrófico representa o desaparecimento de mais de 1% da população mundial desta espécie. Segundo Mohamed Henriques, “em vastas regiões de África, os abutres desempenham uma função essencial para os humanos e para o funcionamento dos ecossistemas. Na Guiné-Bissau, bem como em grande parte da África Ocidental, os jugudés são responsáveis por eliminar uma grande parte do lixo orgânico nas cidades e nas vilas do país, constituindo autênticas brigadas de saneamento na manutenção da limpeza das ruas. O seu papel é assim decisivo para evitar a proliferação de doenças e dos seus possíveis vetores de transmissão, como cães de rua e ratazanas que se alimentam do lixo urbano. Sem estes abutres, a saúde pública poderá estar em sério risco.”.
Os autores terminam a carta com uma forte chamada de atenção, alertando que este é um duro golpe para a conservação dos abutres, e que é necessária intervenção urgente. Ações de sensibilização junto das comunidades locais e das autoridades nacionais relativamente à importância na conservação dos abutres, a necessidade da aplicação e reforço das leis contra o envenenamento da vida selvagem e o aumento no controlo do comércio ilegal transfronteiriço de partes de abutres e outros animais para medicina tradicional estão entre as ações identificadas como as mais prioritárias. À comunidade internacional, os autores apontam a responsabilidade de apoiar os países africanos para desenvolver e implementar planos de conservação para evitar, enquanto ainda é possível, a extinção destas aves.
A carta pode ser lida aqui (em inglês).
[Imagem: Necrosyrtes monachus por Ana Coelho]
O estudo, encomendado pelo Departamento de Política para os Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu a pedido do Comité de Petições (PETI), versa sobre a crescente utilização de plásticos e no consenso crescente sobre os efeitos ecotoxicológicos destes materiais. O documento discute ainda potenciais estratégias de mitigação e alternativas emergentes, bem como a sua adequação ambiental.
A crescente consciencialização e pressão da opinião pública têm conduzido à elaboração de inúmeras normas, regulamentações e leis, cuja implementação e eficácia são também abordadas na presente publicação, com vista a uma correta contextualização, baseada nas evidências científicas existentes, de futuras iniciativas legislativas, aos níveis local, nacional, regional e, em última análise, Europeu.
O estudo é da autoria dos Investigadores do CESAM/UA João Pinto da Costa, Teresa Rocha-Santos e Armando Duarte, estando publicamente disponível aqui (apenas disponível em inglês).
O artigo “State of art and best practices for fatty acid analysis in aquatic sciences”, da co-autoria de Elisabete da Costa do grupo de investigação do CESAM-UA, Biotecnologia Marinha e Aquacultura (MBA), foi a última seleção do Editor da revista ICES Journal of Marine Science dedicada à análise de ácidos gordos em ciências do meio aquático. Este artigo reviu o estado da arte atual de métodos de análise lipídica no meio marinho e de água doce, desde a amostragem até à análise de dados. O documento apresenta recomendações para boas práticas no campo e apela para a padronização de protocolos e calibração interlaboratorial.
A revisão resultou de um workshop técnico que decorreu durante a conferência Lipids in the Ocean (Brest, França, novembro 2018), no qual os autores do manuscrito participaram.
Arrancou a meados de Outubro o projecto WaderTrack, na Reserva Natural do Estuário do Tejo, com o objectivo de implementar um sistema de alta precisão para o seguimento espácio-temporal de espécies de aves limícolas prioritárias. Com o recurso a tecnologia inovadora, serão colocados pequenos transmissores GPS/UHF ultra leves com micro paneis solares (4 a 5 gramas) nestas aves o que irá permitir mapear os seus movimentos ao longo dos ciclos diários e de maré, durante o período de inverno, podendo-se assim: (1) quantificar o grau de conectividade entre habitats intertidais (usados como áreas de alimentação no período de baixa-mar) e supralitorais (usados como refúgio no período de preia-mar); (2) determinar as distâncias de deslocação entre habitats supralitorais e habitats intertidais; e (3) determinar a variação na utilização dos diferentes habitats supralitorais entre o período diurno e nocturno. Esta informação servirá para colmatar actuais lacunas de conhecimento nestas espécies prioritárias, tendo em vista a melhoria do seu estado de conservação, com vista a informar políticas de conservação de biodiversidade, designadamente através da redução dos fatores de pressão e de ameaça actuais e futuras, previsíveis no curto e médio prazo.
No enquadramento deste projecto financiado pelo Fundo Ambiental (Ministério do Ambiente e Ação Climática), foram já realizadas três sessões de marcação de aves limícolas em diferentes refúgios de preia-mar, que resultaram na colocação dos dispositivos de seguimento em 15 indivíduos de três espécies. Estes aparelhos irão registar a localização GPS das aves a cada 30-45 minutos, e essa informação será transmitida para antenas receptoras colocadas nos refúgios supralitorais, quando os indivíduos para aí se deslocam em cada período de maré alta. A instalação das antenas receptoras também já foi iniciada e em breve esperamos obter os primeiros dados, que permitirão conhecer em grande detalhe os movimentos destas aves, intimamente ligadas ao Estuário do Tejo.
Mais novidades sobre este e outros projectos em @eco_flyway (Twitter).