Ana Hilário (ecologista do mar profundo no CESAM/DBIO e co-líder do programa Challenger 150 da Década das Nações Unidas) e a doutoranda da Universidade de Aveiro (UA) Bibiana Nassongole (também docente na Faculdade de Ciências Naturais da Universidade de Lúrio, Moçambique) encontram-se atualmente a bordo do navio de investigação OceanXplorer, para estudar montes submarinos inexplorados no Oceano Índico.
O objetivo principal desta expedição é analisar os padrões de biodiversidade e distribuição de invertebrados de águas profundas, com especial enfoque nos corais moles. Este estudo dá continuidade ao doutoramento de Bibiana Nassongole, em Biologia e Ecologia das Alterações Globais, e contribuirá diretamente para o cumprimento dos objetivos centrais do Challenger 150: expandir as observações biológicas e as campanhas de amostragem em regiões do oceano profundo ainda pouco exploradas e aprofundar o conhecimento ecológico fundamental sobre os ecossistemas de profundidade, incluindo os serviços ecossistémicos que estes providenciam.
A expedição corresponde à primeira fase da missão Around Africa Expedition e é organizada pela OceanQuest, OceanX e pela National Research Foundation – South African Environmental Observation Network (NRF-SAEON). Sob a alçada da Rede Africana de Investigadores de Águas Profundas, esta missão proporciona oportunidades a investigadores provenientes de diversos países africanos, com especial ênfase nos jovens investigadores em início de carreira.
Além da relevância científica, a participação de Bibiana Nassongole representa um marco significativo para a investigação em Biologia Marinha em Moçambique, uma vez que esta doutoranda da UA e docente da UniLúrio se tornou a primeira cientista moçambicana a descer ao fundo do oceano num submersível. A bordo do submersível Neptune, alcançou uma profundidade de 560 metros e teve a oportunidade de observar corais e outras formas de vida num ambiente raramente explorado. Esta experiência não só reforça a investigação moçambicana em águas profundas, como também constitui um exemplo inspirador para jovens cientistas moçambicanos, demonstrando que é possível ultrapassar barreiras e contribuir para a exploração dos ecossistemas oceânicos desconhecidos.