Estudo revela altos níveis de pesticidas em pó doméstico de residências de agricultores

Um estudo recente, realizado no âmbito do projeto Europeu SPRINT “Transição para uma proteção fitossanitária mais sustentável”, coordenado a nível nacional por uma equipa do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro (UA), com o investigador Nelson Abrantes à frente, monitorizou a presença de resíduos de pesticidas e seus metabolitos em pó doméstico de 128 residências de agricultores em dez países europeus e na Argentina.

Vários resíduos de pesticidas foram encontrados na totalidade das amostras de pó (variando entre 25 a 121 resíduos por amostra). Em Portugal, cujo caso de estudo se localizou na Região da Bairrada, foram encontrados valores máximos de 63 resíduos de pesticidas numa única amostra.

Os pesticidas mais frequentemente encontrados nas amostras de pó dos 11 países foram o glifosato, e o seu produto de degradação AMPA, e inseticidas à base de piretróides. Observou-se ainda que os níveis e a frequência dos resíduos eram menores em residências de agricultores que praticam agricultura biológica em comparação com os que praticam agricultura convencional.

De destacar que alguns pesticidas encontrados no pó já se encontram banidos (29 por cento). De facto, o pó atua como um depósito de pesticidas, tanto os usados atualmente, como os usados no passado, representando um risco potencial de exposição para os habitantes.

Estes resultados levantam sérias preocupações sobre a exposição a pesticidas em ambientes domésticos localizados em zonas agrícolas e destacam a necessidade de medidas preventivas e regulamentações mais rigorosas para proteger a saúde pública.

O estudo pode ser visto em https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2023.167797

Texto original da notícia em https://www.ua.pt/pt/noticias/9/86999