No próximo dia 14 de julho de 2023, entre as 12:30 e as 13:30, no anfiteatro 9.1.1 (DEMaC), decorrerá mais uma edição do “Ocean Break”, série de seminários ligados à investigação sobre o mar feita no CESAM.
Desta vez, a investigadora Elisabet Cruz (CESAM/DFis) irá abordar o tema: Vias de transporte do Dinophysis acuta: das costas portuguesas as Rias Baixas galegas.
As florescências de Dinophysis acuta são comuns todos os anos nas águas do Noroeste da Península Ibérica, do final do verão ao início do outono, e estão associadas a surtos de intoxicação diarreica por moluscos (DSP) que proíbem a colheita de mexilhões na área de produção mais importante da Europa, as Rias Baixas da Galícia (GRB). Neste local, duas hipóteses são consideradas para a presença de D. acuta, uma devido a um crescimento local e outra relacionada ao transporte para o norte de florescências originadas na costa portuguesa. A combinação desses dois processos pode resultar em altas concentrações de células dentro das GRB.
Com base nos dados de contagem de células de D. acuta coletados semanalmente pelo Programa de Monitoramento Galego (INTECMAR) e pelo Programa de Monitoramento Português (IPMA), foram selecionados dois anos, 2015 e 2017. Nestes dois anos, células de D. acuta foram detetadas nas águas da Galícia e de Portugal, porém em 2017 as células não foram observadas em duas áreas de trânsito de Portugal para a Galícia. Para entender se houve transporte de células de D. acuta, em quais condições esse transporte foi favorecido e em que escalas de tempo ocorreu, utilizamos um modelo lagrangeano, ROMSPath v1.0.1. Campos de correntes oceânicas a cada duas horas foram usados para executar o ROMSPath, obtidos através da execução de um modelo hidrodinâmico de aninhamento bidirecional, CROCO (nova versão do ROMS-AGRIF). A configuração do modelo possui três domínios aninhados, com resoluções horizontais de 1,6 km, 500 m e 180 m, sendo o domínio de maior resolução abrangendo as Rias Baixas da Galícia. Esses dois anos analisados mostram resultados contrastantes. Em 2015, ventos de sul sopraram no final de agosto, permitindo que algumas partículas alcançassem as Rias Baixas da Galícia e circulassem internamente. Em contraste, em 2017, ventos de norte foram predominantes durante agosto, o que impediu o transporte de D. acuta de Aveiro (Portugal) para as Rias Baixas da Galícia.
Os modelos lagrangeanos são ferramentas úteis para estudar as vias seguidas por essas células em locais onde a amostragem semanal não está disponível e para selecionar melhores locais para amostrar células de D. acuta.
Este seminário é uma organização conjunta entre três grupos de investigação do CESAM: CDEC (Ecologia e Conservação dos Ecossistemas Costeiros e de Mar Profundo), MBA (Biotecnologia Marinha e Aquacultura), POMG (Oceanografia Física e Geologia Marinha). A entrada é livre a todos os interessados.