Davide Gamboa, CESAM/DGEO em Missão Global para Revelar Segredos da Água Doce Submarina

Um importante esforço científico internacional está em curso para estudar água doce subterrânea armazenada sob o fundo do mar ao largo da costa do Massachusetts, EUA. Esta água, descoberta pela primeira vez na década de 1960, há muito intriga os cientistas devido à sua presença inesperada sob o oceano. A Expedição 501 “New England Shelf Hydrogeology” é a primeira a recolher e analisar diretamente estas reservas de água doce offshore.

Davide Gamboa, investigador do CESAM e professor no DGEO da Universidade de Aveiro, é o cientista líder da equipa de sedimentologia na expedição. No CESAM, integra o Cluster de Investigação RC1 – Mar Profundo, Oceano e Ecossistemas de Transição, que tem como missão avançar o conhecimento acerca dos ecossistemas marinhos, incluindo os do mar profundo, e de transição e as respetivas interações com as atividades humanas.

Liderada pela Prof. Karen Johannesson (Universidade de Massachusetts Boston) e pelo Prof. Brandon Dugan (Colorado School of Mines), a expedição reúne 41 cientistas de 13 países. A equipa iniciou as operações no mar em maio de 2025 a bordo do L/B Robert, uma plataforma elevatória equipada com um sistema de perfuração, que partiu do porto de Bridgeport, Connecticut, a 19 de maio.

Os investigadores procuram responder a questões-chave: Qual a idade desta água subterrânea? Qual a sua quantidade? Como chegou ali? E como interage com a água do mar? As hipóteses sugerem que a água poderá ter-se infiltrado nos aquíferos durante períodos de nível do mar mais baixo ou sob antigos glaciares. A equipa irá também investigar comunidades microbianas e o papel destas águas nos ciclos de nutrientes e de carbono.


Serão recolhidas amostras de sedimentos e de água até profundidades de 550 metros em três locais da plataforma continental da Nova Inglaterra. Estes locais marinhos pouco profundos foram selecionados com base em estudos geofísicos anteriores. O trabalho no mar decorrerá até ao início de agosto, sendo seguido por uma fase de análise em terra, em janeiro de 2026, no MARUM – Centro de Ciências Ambientais Marinhas da Universidade de Bremen, Alemanha.


A investigação é conduzida pelo Consórcio Europeu para Perfuração Científica Oceânica (ECORD), no âmbito do Programa Internacional de Perfuração Oceânica (IODP³), com o apoio da Fundação Nacional para a Ciência dos EUA (NSF). Os resultados contribuirão para o avanço do conhecimento global sobre sistemas aquíferos offshore e para a gestão sustentável de recursos de água doce.


Todos os dados e amostras recolhidas serão tornados públicos após um período de moratória de um ano.


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Press release completo [aqui]

Foto: Everest@ECORD_IODP3_NSF – O L/B Robert, base da equipa científica até agosto.