Teresa Rocha Santos (CESAM/DQUA) aborda a temática da poluição por plásticos

O Dia Mundial do Meio Ambiente celebra-se a 5 de junho. O ano de 2023 marca o 50º aniversário do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP), que é o organismo responsável pela celebração anual do Dia Mundial do Meio Ambiente. Ao longo dos anos, a celebração desta data tem aproximado organizações da sociedade civil, academia, indústria e poder político, transformando-se numa das maiores plataformas globais para a sensibilização ambiental.

Em 2023, a celebração deste dia foca-se na temática da poluição por plásticos, sob o lema “Combata a poluição por plásticos”. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, no seu website, refere que “o rápido crescimento dos níveis de poluição por plásticos representa uma séria ameaça global, impactando negativamente as dimensões ambiental, social e económica do desenvolvimento sustentável. Mantendo-se o rumo atual, a quantidade de resíduos plásticos que vão entrar nos ecossistemas aquáticos pode quase triplica até 2040”.

No âmbito da celebração deste dia, fomos conversar com Teresa Rocha Santos (CESAM/DQUA), cujo trabalho se relaciona com a temática da poluição por plásticos.

Comunicação CESAM: Se tivesse de selecionar apenas um, qual seria o risco da poluição por plásticos que salientaria?

Teresa Rocha Santos: O principal problema da poluição por plásticos são os potenciais efeitos no ecossistema e na saúde humana. Quando se pensa em plásticos (tamanho superior a 5 mm) esses efeitos são óbvios e tem havido ações no sentido de diminuir os efeitos o mais possível. No que concerne os plásticos com tamanhos inferiores a 5 mm nomeadamente os microplásticos e os nanoplásticos o problema é mais complicado, pois, entre outros, têm sido efetuados ensaios com concentrações muito elevadas numa tentativa de prever os seus efeitos. Estas concentrações muito elevadas normalmente não são ambientalmente relevantes, ou seja, são muito superiores às concentrações de microplásticos e nanoplásticos existentes no ambiente. Isto faz com que se desconheça os efeitos destes nas concentrações em que efetivamente existem no ambiente.

Comunicação CESAM: “Quais as principais problemáticas [relacionadas com plásticos], que a sua investigação atual procura responder?

Teresa Rocha Santos: Para termos noção dos efeitos dos microplásticos e nanoplásticos é necessário conhecermos as suas concentrações no ambiente e para isso é importante desenvolver metodologias capazes de quantificar e identificar os micro e nanoplásticos.

Os microplásticos podem ser vetores de contaminantes e por isso estudamos a absorção de compostos químicos tais como metais e PAHs em microplásticos. Também utilizamos fungos tais como o Z. maritimum para remover microplásticos podendo ser aplicados como tratamento terciário em estações de tratamento ou aplicados em novas estações de tratamento.

Comunicação CESAM: Que tipo de ação ou comportamento, recomendaria a um cidadão comum para ajudar neste ‘combate’ à poluição por plásticos?

Teresa Rocha Santos: Os princípios dos 3 R: reduzir, reciclar e reutilizar continuam a ser extremamente importantes para a não entrada de mais plásticos no ambiente. Também é importante evitar plásticos de uso único e deitar plásticos indiscriminadamente no lixo comum ou diretamente no ambiente e quando possível optar por plásticos de base biológica que sejam biodegradáveis.