Investigadora do CESAM/DAO alerta para falta de fiscalização ambiental nos crematórios em Portugal

Alexandra Monteiro, investigadora no Departamento de Ambiente e Ordenamento e no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro, foi entrevistada no programa “A Prova dos Factos”, da RTP1, sobre o tema “Crematórios em Portugal sem regras e sem fiscalização”. Na entrevista, a especialista deu a sua perspetiva enquanto investigadora na área da qualidade do ar, abordando o que se sabe atualmente sobre o impacto das cremações na poluição atmosférica.

Segundo os dados apresentados, o número de cremações em Portugal aumentou 50% nos últimos cinco anos, mas a atividade continua a ser pouco estudada e praticamente isenta de regulamentação específica. As cremações ocorrem, na sua maioria, em cemitérios ou crematórios localizados junto a zonas residenciais, o que levanta sérias preocupações de saúde pública, dada a inexistência de fiscalização e a ausência de obrigatoriedade legal para a análise das emissões poluentes resultantes deste processo.

Atualmente, existe apenas uma estimativa nacional que considera exclusivamente a cremação do corpo, sem contabilizar a queima da urna nem os restantes aspetos do processo. Mesmo assim, os resultados indicam que, para a maioria dos poluentes, as emissões são pouco significativas. Contudo, o mercúrio, proveniente de amálgamas dentárias, revelou-se um elemento preocupante, surgindo com uma contribuição mais expressiva. Este metal pesado tem a particularidade de se acumular no ecossistema, o que o torna especialmente perigoso a longo prazo.

A investigadora alertou para o risco de libertação de dioxinas, compostos altamente tóxicos com potencial cancerígeno, uma vez que as cremações são, na prática, processos de incineração, e reforçou que a fiscalização dos processos de cremação é essencial para garantir o cumprimento das normas ambientais e proteger a saúde pública, numa área que permanece largamente desregulada em Portugal.

Entrevista completa na RTP no programa A Prova dos Factos. Crematórios em Portugal sem regras e sem fiscalização