Investigadores do CESAM/DBIO contribuem para a designação do Arquipélago dos Bijagós como Património Mundial da UNESCO

No início de 2025, os investigadores José Alves e Camilo Carneiro, ambos do CESAM/DBIO, foram contactados pelo IBAP (Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas da Guiné-Bissau) para apoiar a candidatura em curso do Arquipélago dos Bijagós à Lista do Património Mundial da UNESCO.

Os locais designados como Património Mundial devem possuir Valor Universal Excecional, ou seja, um valor cultural e/ou natural fundamental, cumprindo critérios de seleção rigorosos. O Arquipélago dos Bijagós é um dos locais de invernada mais importantes em África para as aves limícolas migradoras que utilizam a Rota Migratória do Atlântico Leste, e possui diversos outros valores culturais e naturais que merecem ser preservados para as gerações futuras. Após uma visita ao terreno no final de 2024, o IBAP recebeu uma série de questões da UICN, em nome do painel de avaliação, relacionadas com a distribuição de espécies e a utilização de diferentes zonas na área proposta para designação.

José Alves, investigador do CESAM/DBIO, refere que essa participação teve duas vertentes complementares: “por um lado, através da produção e disseminação, ao longo dos últimos anos, de diversas publicações científicas sobre os macrobentos , as aves limícolas e as suas interações com as populações locais ; por outro, com a resposta rápida a solicitações da UICN após a missão técnica de avaliação, que incluiu a compilação e análise de dados ainda não publicados sobre a utilização espacial do arquipélago por aves limícolas migradoras equipadas com dispositivos de localização, como aparelhos GPS”.

Em menos de uma semana, esta equipa científica que conta também com Camilo Carneiro, forneceu a informação necessária, demonstrando que entre 80% a 95% das localizações das aves seguidas com transmissores ocorriam dentro da zona central proposta para proteção. Esta evidência foi decisiva para a recomendação da UICN quanto à inscrição do Arquipélago dos Bijagós na Lista do Património Mundial, o que constitui, nas palavras de José Alves, “uma conquista importante para a conservação da biodiversidade na África Ocidental. Este reconhecimento internacional garante um estatuto legal de proteção elevado para este ecossistema costeiro, particularmente relevante para as aves limícolas, que enfrentam nesta região da rota migratória declínios populacionais mais severos do que noutras zonas”.

Com esta designação, os Bijagós tornar-se-ão o quinto local da Rota Migratória do Atlântico Leste a integrar a lista de sítios da UNESCO com valor universal excecional. A inclusão nesta rede internacional reforçará os esforços de preservação das aves limícolas migradoras, contribuindo para inverter tendências de declínio populacional em várias espécies.