Objetos UA – primeiras chaminés carbonatadas descobertas nos fundos do Golfo de Cádis

A forma de pedra irregular é pouco sugestiva do nome. Mas é uma chaminé carbonatada, outro dos objetos que fazem a história da Universidade de Aveiro (UA). Estas estruturas e os vulcões de lama das profundezas do Golfo de Cádis, foram estudados em vários cruzeiros por equipas internacionais de cientistas e estudantes, entre 1999 e 2016, de que faziam parte membros da UA. Luís Menezes Pinheiro, investigador do CESAM, professor do Departamento de Geociências da UA, foi cientista co-responsável pelos vários cruzeiros.

Estas chaminés carbonatadas são formadas (precipitadas) a partir de metano, por uma simbiose (consórcio) microbiana de bactérias e archaeas. As archaeas são morfologicamente semelhantes a bactérias, mas genética e bioquimicamente distintas destas e distintas das células eucarióticas que constituem os seres do reino animal.

Estas formações rochosas existem nos mesmos ambientes que os vulcões de lama que são, frequentemente, indicadores de reservas de hidrocarbonetos em profundidade. O termo vulcão de lama carateriza estruturas vulcânicas criadas pela ejeção de uma mistura de argila e gases (principalmente metano), em áreas tectonicamente ativas. Podem chegar a ter centenas de metros de altura e alguns quilómetros de diâmetro.

Estas estruturas foram encontradas e estudadas nas profundezas do Golfo de Cádis por equipas internacionais em que foram preponderantes investigadores da UA. As pesquisas foram co-lideradas por Luís Menezes Pinheiro, professor do Departamento de Geociências da UA, em vários cruzeiros científicos ao Golfo de Cádis. Da mesma equipa, fez parte Marina Cunha, investigadora em biologia marinha e professora do Departamento de Biologia da UA, que investigou as formas de vida associadas aos mesmos ambientes, resultando, com o trabalho realizado nestes cruzeiros e em colaboração com vários investigadores internacionais e da UA, na descoberta de novas espécies de invertebrados no Golfo de Cádis.

No cruzeiro TTR-10 foram colhidas estas amostras a cerca 1000 metros de profundidade, recorrendo a uma máquina com uma garra e câmara incorporadas, descobertos e documentados os primeiros vulcões de lama da margem sul-portuguesa.

Os cruzeiros foram organizados no âmbito do projeto europeu Training – through – Research, com apoio da Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO, num navio russo sob coordenação geral de Alexandr Arutyunov. Os trabalhos foram desenvolvidos com base em dados até então reservados e na posse da Marinha dos EUA e apenas disponibilizados – no caso dos respeitantes ao mar/costa portuguesa – a Luís Menezes Pinheiro. Esses dados tinham sido recolhidos pela investigadora Joana Gardner, do Naval Research Laboratory.

Texto por: Adaptado de Notícias UAonline