
O mar profundo cobre cerca de 65% da superfície do planeta sendo simultaneamente o maior bioma da Terra e um dos menos explorados e compreendidos. Dada a sua vasta extensão e o crescente reconhecimento da sua importância ecológica e económica, por exemplo, na regulação climática, recursos minerais e potencial biotecnológico, a partilha de dados de biodiversidade do mar profundo é fundamental para o desenvolvimento do conhecimento acerca deste bioma e para apoiar iniciativas inovadoras, como o desenvolvimento do Gémeo Digital do Oceano Europeu. No entanto, os dados de biodiversidade do mar profundo em águas marinhas europeias (>200 m de profundidade) correspondem apenas a 11% dos registos em bases de dados como o Sistema de Informação Biogeográfica dos Oceanos (OBIS). Para profundidades superiores a 3500 metros, este valor decresce para cerca de 1% do total de registos.
O Laboratório Digital de Biodiversidade Marinha da Universidade de Aveiro detém uma vasta coleção de dados biológicos de inúmeras campanhas de mar profundo. Este projeto visa expandir os conjuntos de dados de biodiversidade do mar profundo no portal EMODnet Biology, contribuindo para políticas europeias como a Diretiva-Quadro Estratégia Marinha (DQEM) e a Estratégia de Biodiversidade da UE para 2030. O fluxo de dados que se pretende criar terá início com a submissão de dados do monte submarino Aurora e áreas adjacentes, localizados na Dorsal de Gakkel no Oceano Ártico Central. No âmbito do projeto será também desenvolvida uma ferramenta de fácil utilização que facilitará o processamento de dados de biodiversidade, com vista à sua formatação e submissão a repositórios online. A ferramenta garantirá a conformidade com os Princípios FAIR – Facilmente Encontrável, Acessível, Interoperável e Reutilizável – e com as recomendações internacionais para a gestão e curadoria de dados científicos.