CHARCLEAN – Modernização tecnológica de fornos de carvão vegetal para torná-los mais limpos e eficientes visando uma economia resiliente ao fogo em áreas rurais Portuguesas

Coordenador

Daniel Neves

Programa

Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico no Âmbito da Prevenção e Combate a Incêndios Florestais - 2017 (ref. PCIF/GVB/0179/2017)

Datas

01/03/2019 - 28/02/2022

Financiamento para o CESAM

199836 €

Financiamento Total

199836 €

A prevenção de incêndios florestais está a ser tratada com a máxima prioridade em Portugal, nomeadamente após os episódios dramáticos de incêndios florestais de 2017. Isto deve ser feito em plena consideração dos elementos-chave do fogo – calor, oxigénio e combustível – o que significa que um baixo risco de incêndio envolve a remoção de um ou mais desses elementos. Nesse sentido, as autoridades estão a solicitar ações urgentes para reduzir a carga de biomassa residual na floresta, o que implica que haja uma estratégia para gerir corretamente a biomassa que será recolhida.
Daquilo que é conhecido, atualmente, a biomassa florestal é utilizada principalmente em instalações de combustão, que é uma tecnologia madura com aplicações desde o aquecimento residencial à produção industrial de calor e eletricidade. Além da combustão, outras tecnologias que estão a ser consideradas para valorizar a biomassa florestal são a gasificação e pirólise, para produzir gás de síntese e bio-óleo/carvão vegetal, respetivamente. A produção de gás de síntese e bio-óleo está ainda num estágio inicial de desenvolvimento o que limita a sua aplicação face à necessidade de ação urgente. Pelo contrário, a produção de carvão vegetal é uma atividade comum em Portugal mesmo que baseada em métodos produtivos rudimentares. Prova disso são as regiões de Abrantes e Coruche onde existe uma grande quantidade de fornos em operação. Esta infraestrutura de carbonização está historicamente ligada à valorização de resíduos florestais e agrícolas e pode desempenhar um papel importante no contexto atual de prevenção de incêndios em Portugal, uma vez que está disponível nos locais onde a biomassa é produzida e pode ser vista como complementar às unidades de combustão existentes; por exemplo, troncos de madeira de maiores dimensões (incluindo madeira parcialmente queimada) são porventura mais adequados para carbonização uma vez que os sistemas de combustão geralmente requerem biomassa estilhada. Porém, a produção de carvão é frequentemente associada a impactes ambientais, que resultam do facto do processo ser conduzido com défice de oxigénio, o que leva a que esta atividade seja mal conhecida.
Este projeto visa sensibilizar para a situação atual da produção de carvão vegetal e contribuir para a sua modernização no âmbito de uma estratégia integrada de gestão de biomassa florestal. O primeiro objetivo é, portanto, contribuir para estabelecer o status quo no país em relação à produção de carvão vegetal. Esta tarefa inicial permitirá também guiar o trabalho de laboratório seguinte, focado no comportamento pirolítico dos tipos de biomassas mais utilizados, de modo a proporcionar uma referência para a operação dos fornos de carvão existentes. Além disso, este projeto permitirá caracterizar a operação de um forno de carvão vegetal em Portugal, possibilitando salientar oportunidades de melhoria dos métodos tradicionais de carbonização.

membros do CESAM no projeto

Luís Tarelho

Professor Associado