EcoARun – A dinâmica ecológica da resistência antimicrobiana em ungulados.

Coordenador

Rita Tinoco Torres

Programa

Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (02/SAICT/2017)

Datas

01/06/2018 - 31/05/2021

Financiamento para o CESAM

170464 €

Financiamento Total

227480 €

Instituições Participantes

  • Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.

A resistência a antibióticos (AMR) é um problema global de grande importância a nível da saúde pública, animal e ambiental. A sua monitorização é uma prioridade para os órgãos de vigilância sanitária a nível mundial. O aumento da incidência de AMR no Homem e em animais domésticos tem sido associada ao aparecimento de AMR em animais selvagens, cuja disseminação acarreta implicações graves. As populações de ungulados selvagens têm vindo a aumentar na Europa, e Portugal não é exceção. A presente proposta tem como foco a utilização de ungulados selvagens amplamente distribuídos em Portugal, para analisar a disseminação e persistência de AMR na interface vida selvagem-gado. Os ungulados selvagens são excelentes modelos devido à sua ubiquidade, amplas áreas vitais, baixa probabilidade de serem tratados com antibióticos, e vivem na interface de áreas humanizadas e naturais. Como espécies cinegéticas, os ungulados selvagens têm surgido como fonte de doenças de origem alimentar em humanos devido ao consumo de carne contaminada. Tal facto levantou várias questões relativas à capacidade destes animais atuarem como dispersores de AMR para o gado e o Homem. Neste projeto, iremos i) caraterizar a prevalência de bactérias com AMR em músculo de ungulados caçados, ii) desenvolver modelos ecológicos para compreender as variáveis que afetam a prevalência de AMR nos ungulados e, iii) desenvolver modelos de predição para determinar a contribuição de diferentes ungulados para a transmissão de AMR no ambiente. Uma abordagem multidisciplinar é essencial para a compreensão da dinâmica da AMR, contudo os estudos são limitados. Esta proposta dará resposta a perguntas fundamentais sobre o papel de ungulados selvagens como fontes/dispersores de bactérias/genes resistentes para o gado e ambiente, e os prováveis mecanismos de persistência da AMR. Como o estudo destes padrões só faz sentido à luz da ecologia da paisagem, este projeto é pioneiro na intersecção da ecologia de doenças infeciosas com a ecologia da paisagem e a microbiologia, contribuindo significativamente para divulgar a dinâmica da AMR numa área científica pouco explorada. Tal conhecimento é fundamental para a identificação de populações em risco, mapeamento de áreas de alto risco e monitorização/ elaboração de programas de gestão pró-ativa.

membros do CESAM no projeto