Vários tipos de poluentes libertados para o ambiente por fontes antropogénicas ou naturais podem afetar a qualidade da água do mar. Por exemplo, os compostos orgânicos persistentes como disruptores endócrinos e pesticidas, e toxinas provenientes de algas tóxicas pode causar danos ao ambiente aquático com efeitos tais como a toxicidade aguda e crónica para organismos aquáticos, a acumulação no ecossistema e perdas de habitats e de biodiversidade. A utilização de técnicas tais como HPLC ou GC-MS têm contribuído a identificação e quantificação de poluentes na água do mar. No entanto, estas técnicas analíticas necessitam de preparação da amostra e, por vezes, de etapas de pré- concentração a fim de levar a cabo a avaliação quantitativa das concentrações vestigiais de contaminantes em água do mar envolvendo geralmente longos tempos de análise, custos e recursos. Por outro lado, têm sido desenvolvidos poucos trabalhos relacionados com a utilização de biosensors para a deteção de contaminantes orgânicos em amostras de água do mar. Assim, é necessário o desenvolvimento de sistemas de deteção tal como biosensors que permitam a monitorização in situ de contaminantes e alertar para potenciais contaminações do ambiente marinho.
Este projeto visa o desenvolvimento de um biosensor baseado em princípios eletroquímicos para a monitorização de contaminantes orgânicos em água do mar. Numa primeira etapa, os biosensores eletroquímicos serão montados, testados e otimizados. Irão ser construídos microeléctrodos, e efetuados estudos de adsorção e de imobilização de anticorpos. O biosensor será testado para estabilidade do sinal utilizando soluções padrão. Numa segunda etapa, o sensor irá ser validado sob condições laboratoriais, isto é, a deteção de contaminantes orgânicos será feita com amostras reais de água do mar recolhida na costa e água recolhida em aquacultura. A comparação dos resultados será feita entre os dados obtidos com o biosensor e os obtidos com técnicas analíticas, tais como ELISA e/ou GC-MS. O biosensor irá também ser validado e comparado com tais técnicas de análise em estudos de recuperação analítica. Em terceiro lugar, o biosensor será ajustado para um protótipo e testado com amostras reais, sendo colocado em boias que serão inseridas em aquaculturas e na costa, a fim de demonstrar a sua funcionalidade para a monitorização in situ de contaminantes. O biosensor também poderá ser usado noutras situações em que são necessários sistemas de alerta para a avaliação da contaminação da água.