Na área do Baixo Vouga Lagunar (BVL) existe uma relação forte e equilibrada entre o homem, a terra e a água, evidente na sua elevada diversidade biológica. Contudo, o impacto das atividades humanas (p. ex. mudanças na hidrologia) em combinação com as alterações globais (p. ex. subida no nível das águas do mar), já modificaram de forma evidente o BVL, onde existem áreas inundadas pelas marés e solos afetados pela intrusão salina. A conclusão do dique, prevista a curto-prazo, é fundamental para salvar as áreas agrícolas ainda existentes e para reclamar as áreas inundadas. No entanto é necessário remediar estes solos da contaminação salina de forma a poder devolvê-los à agricultura. Neste contexto, propomos conduzir um projeto inovador e multidisciplinar, conectando o conhecimento científico da equipa, em temas como, agricultura e solos, química ambiental e ecologia de sapais, com o conhecimento dos agricultores locais. Esta proposta irá integrar dois dos tópicos propostos pelo OHM-Estarreja: evolução das relações entre a sociedade e o ambiente e evolução da biodiversidade. Neste trabalho propomos avaliar o potencial da halófita autóctone Salicornia ramosissima para remediar os solos do BVL contaminados com sal. Para além de possuir uma capacidade fitoremediadora, S. ramosíssima é atualmente considerada uma planta gourmet com elevada demanda nos mercados e servida nos melhores restaurantes por todo o mundo. Por essa razão a sua produção possui grande interesse económico e pode ser uma alternativa de produção para os agricultores da região nos solos salinizados. O projeto RESTORE pode também servir como exemplo para outras áreas costeiras que enfrentam a ameaça da contaminação salina.
