
Nas zonas costeiras europeias, as áreas entremarés constituídas por sedimentos moles que emergem durante cada maré baixa formam paisagens marítimas complexas que cobrem mais de 10 000 km2 ao longo dos 35 000 km da linha de costa sujeita a marés. Estes habitats fornecem múltiplos serviços de ecossistema com grande potencial para fazer face à crise climática-biodiversidade, contribuindo para a neutralidade carbónica, resiliência climática e o apoio à biodiversidade. No entanto, estas paisagens marítimas continuam fragmentadas e ameaçadas, resultando numa diminuição da sua prestação de serviços. A renaturalização, uma solução baseada na natureza, é um novo conceito para as paisagens marítimas para reverter esta situação e “deixar (novamente) a Natureza fazer o trabalho”, garantindo a resiliência climática, o apoio à biodiversidade e o benefício social da futura zona costeira europeia. Numa rede de 10 demonstradores e 25 parceiros de 11 estados membros europeus, incluindo 8 com zonas intertidais, além do Reino Unido, Canadá e Estados Unidos da América, o REWRITE reúne um consórcio interdisciplinar de peritos em ciências naturais e do ambiente, e em ciências sociais e humanas para abordar os desafios ecológicos e sociais atuais, relativos à renaturalização da área marinha intertidal. Expandindo abordagens inovadoras, o REWRITE concentrar-se-á no nexo clima-biodiversidade-sociedade, para atingir 4 objetivos específicos: i) identificar forças motrizes ambientais, sociais e culturais e parâmetros barreira para renaturalizar paisagens maritimas de sedimentos intertidais no contexto das alterações climáticas; ii) envolver fortemente as partes interessadas para alcançar uma mudança radical na sua apreciação da função natural destas paisagens marítimas e integrar os seus interesses num cenário de conceção conjunta para o futuro litoral europeu; iii) estimar e melhorar as trajetórias das paisagens marítimas intertidais, desde o nível local até ao nível europeu, seguindo opções de renaturalização (passiva), restauração (ativa), “business as usual” ou “não fazer nada”; iv) estabelecer ferramentas e métodos para uma renaturalização bem-sucedida, a fim de garantir uma elevada relação cobenefício/baixo custo ecológico e social para uma linha costeira europeia resiliente e com impacto neutro no clima.