A contaminação microbiológica nas produções domésticas representa um elevado perigo para a saúde dos consumidores, uma vez que não há controlo de qualidade. O que é produzido vai directamente da exploração agrícola apara o prato, com riscos mais elevados associados a produtos normalmente consumidos crus. Como consequência da industrialização dos últimos 50 anos, a região de Estarreja tornou-se uma das mais poluídas de Portugal. Assim, a suposta contaminação do solo e da água pode pôr em causa a segurança alimentar dos vegetais cultivados nesta região.
Num projecto anterior, a nossa equipa examinou legumes e água de irrigação de explorações agrícolas domésticas em Estarreja. A qualidade microbiológica e a presença de diferentes contaminantes foram examinadas. Os resultados mostraram que, de facto, em algumas quintas, a água de irrigação e os vegetais geralmente consumidos crus, estavam contaminadas com metais e bactérias resistentes a antibióticos, com algumas estirpes identificadas como possíveis agentes patogénicos humanos.
Assim, propomos um projecto de seguimento, com dez anos de intervalo, para realizar uma análise de explorações agrícolas domésticas do município de Estarreja. Considerando que os produtos frescos podem estar contaminados em qualquer ponto, iremos determinar o nível de contaminação química e microbiológica dos solos, água de irrigação e vegetais, mas também iremos examinar as mãos e as superfícies das ferramentas dos agricultores. Estirpes patogénicas serão caracterizadas em detalhe para identificar possíveis características de risco para a saúde humana. Registaremos informações relativas ao ambiente agrícola e às práticas agrícolas, como por exemplo a origem da água de irrigação, a utilização de fertilizantes e os procedimentos de colheita. Forneceremos orientações sobre boas práticas agrícolas e de higiene para minimizar as ameaças microbiológicas, e, em última análise, proporemos um programa de monitorização para as explorações agrícolas domésticas.