Os mirídeos são importantes agentes de luta biológica sobretudo em culturas hortícolas protegidas, mas também de ar livre. Muitas espécies são zoofitófagas alimentando-se de presas animais e vegetais. Em Portugal os produtores agrícolas têm recorrido a largadas de Nesidiocoris tenuis (Nt) em culturas de tomate protegido, para controlar mosca-branca, mineira e, mais recentemente, Tuta absoluta. Nt é uma espécie exótica, de distribuição pantropical e origem desconhecida que tem por vezes comportamento fitófago podendo danificar o tomateiro com impacto económico na produção. Outro mirídeo, Dicyphus umbertae (Du), espécie autóctone de Portugal, descrita em 2006, surge com frequência nas estufas do Oeste. Espécie, menos fitófaga, tem vindo a ser substituída por Nt por razões ainda não totalmente compreendidas. É importante conhecer os mecanismos que regulam esta substituição e obter informação que permita o delineamento de estratégias de conservação desta espécie autóctone, que permitam a sua permanência e multiplicação no ecossistema culturas protegidas, com consequente redução de tratamentos pesticidas e melhoria de qualidade da produção agrícola. Du não é produzido comercialmente. Neste projeto, para aprofundar o conhecimento relativamente à diversidade específica (e populacional) do género Dicyphus, serão colhidos espécimes de várias localizações nacionais e mantidos em criações em insectário, no ISA, com recurso a metodologia semelhante à utilizada para outros mirídeos comercializados e depois adaptada (tarefa 1a). Ainda nesta tarefa será feita a caracterização morfológica das diferentes populações de Du, com objectivo de documentar eventuais diferenças (Tarefa 1b) e avaliar-se-ão tempos de desenvolvimento (Task1c). A filogenia e filogeografia do género Dicyphus na Ibéria será também estudada com o apoio da FCID com recurso a exemplares colhidos em várias regiões (tarefa 2). No ISA, com olfatómetro dinâmico de múltipla escolha (tarefa 3), será efectuada a caracterização da resposta de Du a compostos orgânicos voláteis (COVs) libertados por: plantas hospedeiro sem praga (Tarefa 3a), pragas que constituem presas (Tarefa 3b), plantas hospedeiro infestadas por presas (Tarefa 3c). Com base nestes resultados será feita a identificação de COVs que originem respostas com interesse (Tarefa 4), usando técnicas de GC-MS, na FCID. No final pretende-se elaborar um diagrama de fluxo que permita, de forma simples, tomar decisões que fomentem luta biológica pela conservação de Du e deste modo a redução de uso de pesticidas através de por ex. criação de infraestruturas ecológicas e ” push and pull” (tarefa 5). Será a primeira vez que se estuda aspectos bioecológicos relativos a esta espécie autóctone com potencial impacto positivo numa atividade económica relevante, a produção protegida de hortícolas. Os resultados permitirão fornecer aos técnicos ferramentas para atuar de acordo com a Diretiva EU 128/2009 e o Dec. Lei 26/2013 (Uso sustentável dos pesticidas).