XF-FREEOLIVE – Estudo multifuncional do fluido xilémico de cultivares portuguesas de oliveira e a sua relação com a suscetibilidade à infeção por Xylella fastidiosa

Coordenador

Paula Alexandra Ramos Vicente de Sá-Pereira

Investigador Responsável CESAM

Maria Teresa Ferreira Ramos Nabais de Oliveira Rebelo

Programa

Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico - 2014 (PTDC-AGR-PRO-0856-2014)

Datas

01/09/2015 - 30/04/2019

Financiamento Total

199991 €

Instituição Proponente

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

Instituições Participantes

  • Centro de Citricultura Sylvio Moreira – Instituto Agronómico de Campinas (S. Paulo, Brasil)
  • Consejo Superior de Investigationes Cientificas – Onstitute of Agronomic Sciences – Department of Crop Protection (Madrid, España)
  • Consiglio Nazionale delle Richerche – Institute of Sustainable Plant Protection – Bari Unit (Bari, Italia)
  • Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV)
  • Fundaçao da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FFCUL)
  • Instituto de Investigação Científica e Tropical (IICT)
  • Instituto Politécnico de Bragança (IPB)
  • Associação para a Inovação e Desenvolvimento da FCT (NOVA.ID.FCT)

A Xylella fastidiosa (Xf) é um fitobactéria de quarentena, letal, com cerca de 150 espécies hospedeiras. É um desafio com 30 na América, para os produtores de videira e de citrinos. O primeiro surto na Europa foi relatado em outubro de 2013, no sul da Itália, na região de Puglia, área de Salento. A estirpe CoDiRO (Xf subsp. pauca) foi responsável pela doença denominada-Complesso del disseccamento rapido dell'Olivo (CoDiRO). Mais de 8000ha de oliveiras foram destruídos, e quase 21000ha estão em quarentena, o que equivale a cerca de 53M euros de danos. O recente alerta da European Food Safety Authority (EFSA, 2015), confirmou que a disseminação de Xf está longe de estar controlada. A EFSA refere que, é agora “muito provável” que a Xf se dissemine para outros países europeus,sendo uma “ameaça muito séria” para a agricultura europeia, já que não há registo de erradicação bem-sucedida. Portugal tem uma posição geográfica muito particular na Europa, e no mundo do comércio global. As nossas condições climáticas são caracterizadas como áreas de risco para o estabelecimento de Xf. Vinha, oliveiras, citrinos, sobreiros, amêndoeiras e ameixeiras, são culturas de grande importância económica para a agricultura portuguesa. O padrão de disseminação Xf, e a presença de inseto Philaneus spumarius em França, Espanha e Portugal, leva-nos a prever que as perdas de produção e outros danos, se irão refletir num grande choque na economia Europeia, o que exigirá medidas de controlo extremamente dispendiosas.

As cultivares de oliveira Galega vulgar, Cordovil de Serpa, Cobrançosa e Arbequina, uma cultivar espanhola amplamente utilizada em Portugal, são economicamente importantes, já que representam 80 % do total de olivais implantados. Neste momento, em Portugal, não há nenhuma pesquisa no que toca à sua suscetibilidade à Xf, que apoie o desenho de planos de contingência e erradicação adaptados à nossa realidade. No âmbito do desenvolvimento de estratégias de contenção, será crucial testar e rastrear as variedades de oliveira Xf-suscetíveis e/ou genótipos tolerantes. Frente a esta ameaça, precisamos de ter abordagens diferentes para sermos capazes de ultrapassar as nossas barreiras internas, e pensar “out of the box”. Propomos um projeto de pesquisa que não é uma soma de métodos, mas uma fusão de mentes; queremos abordar esta questão de uma nova perspectiva, para sermos capazes de ver o que está além do nosso conhecimento atual.

“A natureza não faz nada em vão” e “a natureza é simples” (Newton Principia, 1729, 320) é a nossa raiz de pensamento. Para desvendar os fatores que conduzem a uma infecção bem sucedida de Xf, temos de “ser” o inseto, a Xf, e a planta, de “sentir” como eles, de acordo com suas necessidades. A frase “nós somos o que comemos” representa a base de pesquisa do núcleo deste projeto. Vamos estudar o campo de batalha do hospedeiro e da Xf, o fluido xilémico, e suas interações com o vector-ambiente- Xf-hospedeiro. O nosso projeto propõe-se identificar os principais fatores que nos possam permitir “manipular” o fluido xilémico, a fim de o transformar numa “má refeição” para os insetos-vetores, e também para o condicionar o crescimento da Xf.

Os principais objetivos do projeto são caracterizar o grau de suscetibilidade das 4 cultivares de oliveiras portuguesas à infeção por Xf e identificar os fatores críticos que a condicionam.

O caminho escolhido apoia-se nos seguintes objetivos específicos:
– A identificação de insetos autóctones picadores-sugadores de xilema, bem como o estudo do seu potencial para a disseminação de Xf e de hospedeiros alternativos
– Caracterização das propriedades multifuncionais do fluido xilémico, em condições controladas, utilizando como variáveis: a cultivar, o solo, a concentração de inoculo, e um cocktail enzimático- CE- (simulando saliva do inseto).
– Caracterização do nível de susceptibilidade das cultivares utilizando Philaenus spumarius – infectados naturalmente com Xf (em Itália e BR);
– Identificação de endófitos inibidores de Xf, e de inibidores enzimáticos com ação no CE, para possível utilização no controle biológico.

A nossa equipa está preparada e comprometida nesta missão. Em Portugal, o INIAV é a única instituição de investigação autorizada pela Autoridade Fitossanitária Nacional, para implementar ensaios de diagnostico de Xf. O PI é o responsável em Portugal pela implementação de metodologias de diagnóstico de Xf, e o INIAV, é o único com experiência prática em Xf. Os nossos parceiros – U.NOVA, FCUL, IPB, IICT e alguns dos melhores especialistas da Espanha, Itália e Brasil têm as habilidades técnicas e conhecimentos complementares para transformar este projeto numa cooperação transnacional holística. Esta aliança permitir-nos-á provar que esta proposta é o caminho para identificar factores críticos no combate Xf, procurando a otimização dos recursos escassos, aplicados em abordagens comuns para problemas comuns.

membros do CESAM no projeto