Nos próximos dias 3 e 4 de novembro acontecerá mais um Encontro Ciência. A investigadora do CESAM Alexandra Monteiro é uma das oradoras convidadas da sessão plenária “Ciência em Portugal para uma Europa mais VERDE”.  Devido à pandemia, o evento deste ano teve de se adaptar. Em consequência as sessões orais foram canceladas e as demonstrações e apresentações de pósteres ajustadas. Nas demonstrações o CESAM estará presente com vídeos alusivos a algumas das suas áreas de investigação, assim como na sessão de pósteres, na qual vários alunos de doutoramento irão apresentar os seus trabalhos.

Mais informações sobre o evento aqui.

Atualmente mais de metade da população mundial vive em áreas urbanas e, em 2050, prevê-se que este rácio aumente para dois terços. As cidades consomem mais de 65% da energia mundial e são responsáveis por mais de 70% das emissões mundiais de dióxido de carbono. Assim, as decisões que tomarmos em relação às infraestruturas urbanas nas próximas décadas – planeamento urbano, eficiência energética, produção de energia e transportes – terão uma influência decisiva na pegada climática do planeta.

Os gases com efeito de estufa e os poluentes atmosféricos partilham as mesmas fontes de emissão, pelo que a melhoria da qualidade do ar pode impulsionar os esforços de mitigação das alterações climáticas e vice-versa. No entanto, aproximadamente 90% dos residentes em áreas urbanas da União Europeia estão expostos a níveis de poluentes que ultrapassam os valores definidos pela diretiva de qualidade do ar (2008/50/EC) ou recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Estimativas recentes revelam números chocantes sobre o contributo da poluição do ar, e sobretudo da matéria particulada em suspensão com diâmetros inferiores a 10 ou 2,5 µm (PM10 ou PM2,5), para as doenças cardiorrespiratórias e mortes prematuras. Um relatório recentemente publicado por diversos organismos internacionais concluiu que a poluição do ar é um dos principais fatores de risco ambientais, sendo anualmente responsável por cerca de 5 milhões de mortes a nível mundial. Um em cada 10 óbitos tem como causa a má qualidade do ar. As partículas em suspensão são consideradas o poluente atmosférico mais nocivo para a saúde pública. Em 2013, a Agência Internacional para a Investigação do Cancro englobou as partículas atmosféricas na Classe I, ou seja, estas passaram a ser classificadas como agentes cancerígenos para o ser humano. Nas cidades, o tráfego rodoviário constitui a principal fonte emissora deste poluente. Embora os avanços tecnológicos e a imposição de limites de emissão cada vez mais restritivos tenham permitido reduzir as emissões de exaustão dos veículos, as emissões de não exaustão (ressuspensão de poeiras depositadas nas vias e as partículas resultantes do desgaste de pneus, travões e pavimentos) emergiram como fontes de poluição dominantes nas atmosferas urbanas, colocando óbvios desafios científicos e políticos. Ao contrário das emissões dos canos de escape, as emissões de não exaustão não são regulamentadas, estimando-se que, em 2030, passem a representar 90% do total das emissões automóveis.

O projeto do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar “SOPRO – Perfis químicos e toxicológicos de fontes de matéria particulada em atmosfera urbana”, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, é um projeto multidisciplinar que envolve a colaboração de cientistas atmosféricos, engenheiros de transportes, químicos, toxicologistas e modeladores de diversas instituições europeias e da Universidade de São Paulo com o objetivo de propor estratégias de mitigação focadas nas principais fontes emissoras de poluentes nas cidades, sobretudo as associadas ao setor dos transportes. Dada a necessidade de caracterização das emissões de partículas pelo tráfego, será seguida uma estratégia concertada para obter as características químicas e toxicológicas das emissões de exaustão e de não exaustão. Para o sucesso deste projeto, serão ainda aplicados modelos químicos de transporte para prever as concentrações atmosféricas de diversos poluentes em cidades brasileiras e portuguesas, incorporando os novos perfis de emissão e inventários atualizados e considerando diferentes cenários de emissão, alterações climáticas e políticas de controlo.

A equipa do projeto SOPRO

Devido à pandemia este evento foi adiado para 2021. Por favor confirme as novas datas aqui

O Grupo de Investigação Biotecnologia Marinha & Aquacultura (MBA) do CESAM e o Centro de Espectrometria de Massa da Universidade de Aveiro têm o grande prazer de apresentar a 2ª edição da Conferência “Lipids in the Ocean”, que será realizada na Universidade de Aveiro, de 17 a 19 de novembro de 2020. O evento é organizado pelo Professora Rosário Domingues do CESAM. 

+ info: http://lipids2021.web.ua.pt/

 

Numa carta publicada a 16 de Outubro deste ano, o aluno de doutoramento do CESAM/FCUL Mohamed Henriques com investigadores e conservacionistas internacionais incluindo guineenses, alertam na revista americana Science para o mais letal evento de envenenamento intencional de abutres do mundo, ocorrido este ano. Aconteceu na Guiné-Bissau tendo dizimado mais de 2,000 jugudés (abutres da espécie Necrosyrtes monachus), uma espécie em Perigo Crítico de extinção, segundo a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da UICN.

No início de 2020 foram detetados casos massivos de mortalidade de abutres nas regiões de Bafatá e de Gabú, no Leste da Guiné-Bissau, tendo a população local alertado as autoridades guineenses responsáveis pela conservação da biodiversidade e pelos serviços veterinários. Apesar da falta de recursos e das dificuldades inerentes à pandemia da Covid-19, foram enviadas várias equipas para o terreno, de modo a averiguar a causa da mortalidade dos abutres – mais de 2,000 indivíduos, conhecidos no país como jugudés – uma espécie emblemática para os guineenses.

Através da pronta reação da Direcção-Geral de Pecuária da Guiné-Bissau, dos Serviços Públicos de Veterinária, da ONG Organização para a Defesa das Zonas Húmidas (ODZH) e do Instituto para a Biodiversidade e Áreas Protegidas (IBAP), com o apoio de diversos especialistas nacionais e internacionais na conservação e investigação de abutres, rapidamente se percebeu que se tratava de um crime ambiental. Os abutres terão sido envenenados propositadamente para remover as suas cabeças para alimentar o comércio ilegal destinado à utilização de várias partes do seu corpo (cabeças, asas, unhas e patas) em práticas de feitiçaria em diversos países da África Ocidental. Segundo Mohamed Henriques, luso-guineense doutorando do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e primeiro autor do artigo, “centenas de cadáveres destes abutres encontravam-se sem cabeça, empilhados e intencionalmente escondidos sob arbustos”.

As suspeitas de envenenamento intencional foram posteriormente confirmadas pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de Lisboa, através das necrópsias realizadas a alguns cadáveres recolhidos no local. “As análises de toxicologia demostraram inequivocamente que a causa de morte foi o envenenamento por metiocarbo, um inseticida vendido sob o nome comercial de Mesurol, que é, entre outros usos, frequentemente aplicado como controle de lesmas/caracóis e que foi recentemente banido na Europa devido à sua toxicidade para a vida selvagem”, indica José Pedro Tavares, Director da Vulture Conservation Foundation, um dos co-autores deste artigo. Diversos habitantes locais confirmaram ainda que foram avistados indivíduos a colocar os iscos envenenados para atrair os abutres.

Na carta à revista Science, os autores alertam que a utilização de venenos é responsável por ca. 30% das mortes de abutres no continente africano, e que na África Ocidental, em apenas 30 anos, desapareceram 60 a 70% das populações das várias espécies de abutres. “O jugudé está classificado como em Perigo Crítico de Extinção na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza, a última categoria antes do nível de extinção. A Guiné-Bissau alberga mais de um quinto da população mundial desta espécie, sendo atualmente um dos países mais importantes para a conservação da espécie a nível mundial”, refere outro dos autores, Paulo Catry, investigador e Professor auxiliar do MARE/ISPA-Instituto Universitário.

Na carta agora publicada é realçado que este evento catastrófico representa o desaparecimento de mais de 1% da população mundial desta espécie. Segundo Mohamed Henriques, “em vastas regiões de África, os abutres desempenham uma função essencial para os humanos e para o funcionamento dos ecossistemas. Na Guiné-Bissau, bem como em grande parte da África Ocidental, os jugudés são responsáveis por eliminar uma grande parte do lixo orgânico nas cidades e nas vilas do país, constituindo autênticas brigadas de saneamento na manutenção da limpeza das ruas. O seu papel é assim decisivo para evitar a proliferação de doenças e dos seus possíveis vetores de transmissão, como cães de rua e ratazanas que se alimentam do lixo urbano. Sem estes abutres, a saúde pública poderá estar em sério risco.”.

Os autores terminam a carta com uma forte chamada de atenção, alertando que este é um duro golpe para a conservação dos abutres, e que é necessária intervenção urgente. Ações de sensibilização junto das comunidades locais e das autoridades nacionais relativamente à importância na conservação dos abutres, a necessidade da aplicação e reforço das leis contra o envenenamento da vida selvagem e o aumento no controlo do comércio ilegal transfronteiriço de partes de abutres e outros animais para medicina tradicional estão entre as ações identificadas como as mais prioritárias. À comunidade internacional, os autores apontam a responsabilidade de apoiar os países africanos para desenvolver e implementar planos de conservação para evitar, enquanto ainda é possível, a extinção destas aves.

A carta pode ser lida aqui (em inglês).

[Imagem: Necrosyrtes monachus por Ana Coelho]

O estudo, encomendado pelo Departamento de Política para os Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais do Parlamento Europeu a pedido do Comité de Petições (PETI), versa sobre a crescente utilização de plásticos e no consenso crescente sobre os efeitos ecotoxicológicos destes materiais. O documento discute ainda potenciais estratégias de mitigação e alternativas emergentes, bem como a sua adequação ambiental.  

A crescente consciencialização e pressão da opinião pública têm conduzido à elaboração de inúmeras normas, regulamentações e leis, cuja implementação e eficácia são também abordadas na presente publicação, com vista a uma correta contextualização, baseada nas evidências científicas existentes, de futuras iniciativas legislativas, aos níveis local, nacional, regional e, em última análise, Europeu.

O estudo é da autoria dos Investigadores do CESAM/UA João Pinto da Costa, Teresa Rocha-Santos e Armando Duarte, estando publicamente disponível aqui (apenas disponível em inglês).

O artigo “State of art and best practices for fatty acid analysis in aquatic sciences”, da co-autoria de Elisabete da Costa do grupo de investigação do CESAM-UA, Biotecnologia Marinha e Aquacultura (MBA), foi a última seleção do Editor da revista ICES Journal of Marine Science dedicada à análise de ácidos gordos em ciências do meio aquático. Este artigo reviu o estado da arte atual de métodos de análise lipídica no meio marinho e de água doce, desde a amostragem até à análise de dados. O documento apresenta recomendações para boas práticas no campo e apela para a padronização de protocolos e calibração interlaboratorial.

A revisão resultou de um workshop técnico que decorreu durante a conferência Lipids in the Ocean (Brest, França, novembro 2018), no qual os autores do manuscrito participaram.

Arrancou a meados de Outubro o projecto WaderTrack, na Reserva Natural do Estuário do Tejo, com o objectivo de implementar um sistema de alta precisão para o seguimento espácio-temporal de espécies de aves limícolas prioritárias. Com o recurso a tecnologia inovadora, serão colocados pequenos transmissores GPS/UHF ultra leves com micro paneis solares (4 a 5 gramas) nestas aves o que irá permitir mapear os seus movimentos ao longo dos ciclos diários e de maré, durante o período de inverno, podendo-se assim: (1) quantificar o grau de conectividade entre habitats intertidais (usados como áreas de alimentação no período de baixa-mar) e supralitorais (usados como refúgio no período de preia-mar); (2) determinar as distâncias de deslocação entre habitats supralitorais e habitats intertidais; e (3) determinar a variação na utilização dos diferentes habitats supralitorais entre o período diurno e nocturno. Esta informação servirá para colmatar actuais lacunas de conhecimento nestas espécies prioritárias, tendo em vista a melhoria do seu estado de conservação, com vista a informar políticas de conservação de biodiversidade, designadamente através da redução dos fatores de pressão e de ameaça actuais e futuras, previsíveis no curto e médio prazo.

No enquadramento deste projecto financiado pelo Fundo Ambiental (Ministério do Ambiente e Ação Climática), foram já realizadas três sessões de marcação de aves limícolas em diferentes refúgios de preia-mar, que resultaram na colocação dos dispositivos de seguimento em 15 indivíduos de três espécies. Estes aparelhos irão registar a localização GPS das aves a cada 30-45 minutos, e essa informação será transmitida para antenas receptoras colocadas nos refúgios supralitorais, quando os indivíduos para aí se deslocam em cada período de maré alta. A instalação das antenas receptoras também já foi iniciada e em breve esperamos obter os primeiros dados, que permitirão conhecer em grande detalhe os movimentos destas aves, intimamente ligadas ao Estuário do Tejo.

Mais novidades sobre este e outros projectos em @eco_flyway (Twitter).

O lixo marinho, principalmente o material descartado ou perdido com origem em atividades piscatórias, tem consequências severas para a conservação das aves marinhas. O alerta é de um grupo de biólogos da Universidade de Aveiro (UA) que, durante dez anos, estudou as causas que levaram milhares de aves feridas ou mortas até ao centro de reabilitação de animais marinhos que atua na costa centro de Portugal. A investigação foi levada a cabo por membros do CESAM no ECOMARE. A notícia completa pode ser lida aqui.

Comemora-se esta semana o V Centenário da Viagem de Fernão de Magalhães (ENCFM) em vários locais do país. Os investigadores do CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar) da Universidade de Aveiro, Roberto Martins (Departamento de Biologia) e Irina Gorodetskaya (Departamento de Física), participarão a convite na apresentação dos vencedores do Prémio de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico no Âmbito das Comemorações do V Centenário da Viagem de Circum-Navegação a decorrer dia 21 de outubro no Pavilhão do Conhecimento – Centro Ciência Viva, em Lisboa. Neste evento serão apresentados e distinguidos os 8 projetos financiados pela FCT-Fundação para a Ciência e Tecnologia contando com a presença do Sr. Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. Dois dos projetos aprovados são liderados pelo CESAM-UA: NANOGREEN – Nova geração de aditivos sustentáveis de base nanotecnológica para revestimentos anti-corrosivos marítimos: uma abordagem multidisciplinar no espaço Atlântico, coordenado pelo Doutor Roberto Martins e co-coordenado pelo Prof. João Tedim (CICECO) e ATLACE – Interações Atlânticas através do ciclo hidrológico atmosférico: exploração de dados resultantes da Expedição de Circum-Navegação Antártica para um melhor conhecimento de nuvens e precipitação, coordenado pela Doutora Irina Gorodetskaya e co-coordenado pela Doutora Carla Gama.

O programa completo da semana pode ser consultado aqui. Todo o programa será transmitido ao vivo, via internet, para toda rede de parceiros das celebrações em www.magalhaes500.pt.

O evento poderá ser revisitado em https://magalhaes500.pt/streaming-do-2o-dia-das-comemoracoes-dos-500-anos-da-passagem-do-estreito-de-magalhaes/.

O documentário “Lousada -Reencontro com a Natureza” nomeado para prémio do público de Melhor Documentário no ART & TUR – International Tourism Film Festival 2020, venceu o primeiro lugar com 1905 votos. O documentário está também nomeado, nos prémios atribuídos pelo Júri, que serão anunciados na próxima sexta feira.

Transmitido no dia 22 de Março, pelo canal de televisão SIC, o documentário “Lousada – Reencontro com a Natureza” foi visto por cerca de 700 mil pessoas, merecendo o destaque no site da SIC (http://www.sic.pt/…/2020-03-22-Documentario-Vida…). O  CESAM é o parceiro científico deste documentário e a maioria dos biólogos envolvidos neste projeto fez a sua formação na Universidade de Aveiro. As filmagens do documentário, com 45 minutos de duração, demoraram cerca de 18 meses e mais de 800 horas de filmagens. Joaquim Pedro Ferreira, investigador do CESAM, partilha a autoria deste documentário com Manuel Nunes e Milene Matos e a realização com Pedro Miguel Ferreira.