CESAM celebra o Dia da Gastronomia Sustentável destacando dois projetos

A investigação para a sustentabilidade de recursos endógenos marinhos é uma das áreas de atuação do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar. No Dia da Gastronomia Sustentável, o CESAM destaca dois projetos que contribuem para uma alimentação segura e para a valorização de recursos tão apreciados e consumidos mundialmente, como são os moluscos e os peixes.

A produção de moluscos bivalves em aquacultura é uma atividade sustentável com níveis de impacte ambiental reduzidos, uma vez que estes organismos são filtradores e, como tal, filtram alimento natural presente na água, dispensando o fornecimento de rações.  Contudo, a qualidade destes animais pode-se degradar ao longo do tempo de comercialização, porque, em alguns casos, os processos e as embalagens utilizadas não são as mais adequadas. O projeto MolBiPack tem como objetivo desenvolver embalagens e otimizar métodos de acondicionamento de bivalves adequados aos requisitos fisiológicos de cada espécie, desde a  captura à comercialização. No final deste projeto, esperamos contribuir para a preservação e melhoramento da composição bioquímica dos bivalves, diminuição da mortalidade durante os processos compreendidos entre a apanha e a comercialização, e aumento do tempo de prateleira dos bivalves comercializados. Assim, para além da valorização deste recurso importante, serão reforçadas as garantias de segurança alimentar associadas ao consumo destes organismos.

Outra medida importante para a valorização de recursos endógenos marinhos, e com benefícios ao nível da segurança alimentar e saúde pública, é a certificação de origem destes produtos. O projeto TraSeafood tem como objetivo rastrear o local de origem de alguns destes recursos capturados e/ou produzidos ao longo da costa oeste e sudoeste da Península Ibérica, recorrendo a assinaturas elementares e/ou bioquímicas, como o perfil de lípidos. Neste projeto são consideradas espécies com elevado valor comercial e com potencial valor acrescentado, que pode ser obtido após a sua certificação de origem, incluindo algumas macroalgas, bivalves (ex. mexilhão e ostra), polvo, percebes e alguns peixes como a sardinha, cavala, carapau, dourada e robalo. As assinaturas elementares e bioquímicas são específicas de cada espécie, únicas para cada local de amostragem e podem ser usadas para a certificação de origem. Para além disso, o projeto estuda se a variabilidade sazonal e inter-anual das assinaturas e a sua alteração ao longo do tempo de prateleira afetam a discriminação do local de origem. Ao desenvolver uma metodologia fiável para verificação das denominações de origem, pelos mariscadores/produtores ao longo da cadeia de comercialização, é possível diferenciar e agregar valor aos recursos endógenos marinhos capturados e/ou produzidos. Esta abordagem permite igualmente expor práticas fraudulentas, que colocam em risco a segurança alimentar e a saúde pública.

O sucesso destes projetos assenta numa abordagem multidisciplinar, envolvendo especialistas em aquacultura, microbiologia, ecologia e lipidómica, contribuindo para uma melhor qualidade dos recursos endógenos marinhos desde a captura até à sua comercialização.

As equipas dos projetos MolBiPack e TraSeafood

MolBiPack – Melhoramento dos processos de acondicionamento, transporte e embalamento de moluscos bivalves: da captura à comercialização (MAR-01.03.01-FEAMP-0005) tem o apoio financeiro do Programa MAR2020, Portugal 2020 e União Europeia através do FEAMP – Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.

TraSeafood – Rastreabilidade da Origem Geográfica como uma Via de Valorização Inteligente dos Recursos Marinhos Endógenos é financiado pelo FEDER através do COMPETE2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), e por fundos nacionais (OE) através da FCT/MCTES.