Conferência Aquaculture Europe 2021, 4-7 outubro

De 4 a 7 de outubro, no Centro de Congressos da Madeira, na cidade do Funchal, acontece a Conferência Aquaculture Europe 2021. A Universidade de Aveiro (UA) faz parte da Comissão Organizadora desta conferência e marca a sua presença na componente expositiva no Pavilhão de Portugal que reúne a participação de várias entidades públicas e privadas portuguesas, cujas apostas estratégicas se focam na Economia do Mar, e em particular na Aquacultura, como um dos elementos-chave do crescimento azul e desenvolvimento sustentável do século XXI.

Esta conferência internacional visa fomentar o networking e o debate sobre o setor da Aquacultura, temática relevante para a Universidade de Aveiro, que conta com vários projetos de I&D nacionais e internacionais nesta área, assim como com infraestruturas de teste e demonstração à escala piloto.

A UA está representada pela Área de Cooperação do Mar, pelo Laboratório Associado CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar e pela UACOOPERA. Em destaque está o Projeto Depur-D “Sistemas de monitorização e descontaminação para exploração sustentável de bivalves na costa Portuguesa”, coordenado por Amadeu Soares e financiado pelo Programa Operacional Mar 2020, Portugal 2020 e União Europeia, através do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas. O CESAM também está representado na Comissão Organizadora desta conferência. 

A UA e o CESAM, como parte da sua estratégia de cooperação, consideram a participação neste tipo de certames estratégica, permitindo reforçar a ligação da Academia ao tecido empresarial do setor. Em cada um destes eventos são fomentadas novas parcerias, as quais são, depois, devidamente direcionadas aos investigadores e docentes, procurando promover conjuntamente soluções inovadoras e de valor acrescentado.

O projeto Depur-D reúne uma equipa multidisciplinar do DBio, DQui, DGeo, DETI e ISCAA e dá continuidade ao projeto Biodepura, também financiado pelo Programa Operacional Mar 2020, atualmente em fase de conclusão. No projeto Depur-D continua a ser analisado o risco para a saúde pública do consumo de bivalves. A legislação obriga à classificação das zonas de produção e respetiva monitorização regular, de forma a assegurar a salubridade dos bivalves. A classificação destas zonas (A, B, C ou D) baseia-se na contaminação microbiológica fecal (teor de Escherichia coli e na presença ou ausência de Salmonela sp.) e teor em metais tóxicos (designadamente mercúrio, chumbo e cádmio). As zonas mais alarmantes são as de classe C e D: a comercialização de bivalves produzidos ou capturados em zonas C (não destinados a transformação), requerem obrigatoriamente transposição para zonas A (um processo que não é economicamente viável); enquanto que a zona D está interdita à captura de bivalves. No entanto, estes critérios de classificação podem subestimar o risco que os bivalves podem representar para a saúde pública, isto porque a presença de outros contaminantes não é avaliada. Por outro lado, não têm sido desenvolvidos esforços, nem criadas as sinergias necessárias entre os profissionais do setor e centros e unidades de investigação, no sentido de melhorar os processos de depuração existentes, que estão em alguns aspetos obsoletos. Neste sentido, o CESAM tem desenvolvido, com o apoio do Programa Mar2020, projetos que pretendem otimizar a depuração de bivalves. Alguns resultados obtidos recentemente excederam as espectativas, tendo mudado o paradigma da depuração de bivalves, uma vez que foi possível a depuração de bivalves proveniente de zonas de classe C em 24h (projeto Biodepura). Assim, o projeto Depur-D tem como objetivos gerais desenvolver metodologias e otimizar processos que permitam a desintoxicação e depuração de bivalves, investigando a fundo a presença de contaminantes microbiológicos e químicos, persistentes e emergentes, designadamente bivalves de zonas C e D. Adicionalmente, pretende modelar um sistema de inteligência artificial que seja capaz de determinar indicadores fiáveis sobre a qualidade do moluscos bivalves para efeito de consumo humano. Os estudos vão incidir em 2 espécies com valor comercial (Ruditapes decussatus e R. philippinarum) provenientes de diferentes produções em Portugal Continental.

A componente expositiva, no Pavilhão de Portugal organizado pelo Laboratório Colaborativo B2E, do qual o CESAM é membro, arrancou no dia 5 de outubro, e o acesso ao evento é apenas possível para os inscritos na conferência.