Um estudo recente conduzido pelo DBio/CESAM em colaboração com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) apresentou resultados relevantes acerca da população de animais errantes em Portugal Continental. O primeiro Censo Nacional dos Animais Errantes revela que existem mais de 930 mil animais sem lar, dos quais 830 541 são gatos e 101 015 são cães. O censo, financiado pelo Fundo Ambiental, não apenas quantificou a população de animais errantes, mas também investigou as atitudes e perceções da população portuguesa em relação a esses animais, bem como estratégias para controlar e reduzir as suas populações.
Os resultados destacam disparidades significativas entre gatos e cães em termos de responsabilidade dos seus donos. Enquanto a maioria dos detentores de cães demonstra altos índices de detenção responsável, incluindo identificação e registo dos animais, bem como a supervisão adequada ao acesso ao exterior, os detentores de gatos apresentam níveis mais baixos de responsabilidade, com uma proporção considerável permitindo que os seus gatos tenham acesso ao exterior sem supervisão. A esterilização emergiu como o método predominante de controle populacional de gatos, enquanto uma parcela significativa de detentores de cães não utiliza métodos contracetivos nos seus animais.
O estudo também revela uma correlação entre os menores rendimentos familiares e a presença mais acentuada de animais errantes, sugerindo que dificuldades económicas podem ser um fator limitante para práticas de detenção responsável.
Adicionalmente, foram identificadas 334 espécies silvestres vulneráveis à predação por gatos e cães, evidenciando o impacto desses animais errantes na fauna silvestre. O estudo destaca a importância para a sensibilização da sociedade civil para a problemática dos animais errantes e salienta a necessidade de estratégias eficazes para a sua gestão.
Em resposta aos resultados do censo, o ICNF ajustou a Estratégia Nacional para os Animais Errantes, enfatizando a importância da detenção responsável e capacitação de profissionais nas áreas de avaliação do bem-estar animal.
Este estudo representa um marco importante na compreensão e abordagem dos desafios associados aos animais errantes em Portugal Continental e destaca a necessidade urgente de ações coordenadas para mitigar este problema complexo.
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(Texto por: Tânia Barros)