Ministro do Mar presente em evento organizado pelo CESAM no âmbito do oceano profundo da Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável

O oceano profundo, apesar de ser o maior bioma do planeta, continua a ser pouco estudado no que diz respeito à biodiversidade e funcionamento dos seus ecossistemas. Sabemos, no entanto, que o bem-estar Humano está intimamente ligado à integridade dos ecossistemas de profundidade através de uma série de serviços dos ecossistemas tão diversos como a regulação climática e a disponibilidade de recursos. Para grande parte da sociedade o oceano profundo é um lugar remoto e desconhecido, com pouca biodiversidade e sobretudo inacessível. Contudo, uma combinação de fatores geológicos, físicos e geoquímicos do leito marinho e da coluna de água criam um vasto número de habitats complexos com características únicas que, juntos, contribuem para o equilíbrio ambiental do planeta.  A fauna associada a cada um destes habitats apresenta adaptações específicas à alta pressão, falta de luz, baixas temperaturas (ou gradientes de temperatura acentuados no caso de fontes hidrotermais), limitação de alimentos (particularmente nas planícies abissais) e, em alguns casos, isolamento (por exemplo, montes submarinos, fontes hidrotermais, fossas abissais). De um modo geral, a fisiologia animal e o funcionamento dos ecossistemas do oceano profundo são fundamentalmente diferentes daqueles dos ambientes marinhos superficiais e terrestres. Além disso, a biodiversidade a profundidades batiais e abissais está entre as mais elevadas do planeta e o potencial para novas descobertas é enorme; essas descobertas vão desde novos recursos genéticos ao papel que os diferentes habitats têm no meio marinho como um todo. No contexto da biodiversidade do oceano profundo, o funcionamento e os serviços dos ecossistemas suportados por essa biodiversidade, bem como os impactos e resiliência do oceano profundo à atividade humana, a falta de conhecimento-base é um dos grandes problemas com que a sociedade e a comunidade científica se debatem.

Historicamente, uma das grandes limitações ao conhecimento do oceano profundo é uma abordagem fragmentada e enviesada, com dados colhidos essencialmente no hemisfério norte e em zonas económicas exclusivas de países desenvolvidos. As Nações Unidas declararam 2021-2030 como a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. No roteiro da Década, a ONU reconhece a falta de dados do oceano profundo como um obstáculo à gestão sustentável dos oceanos e pede à comunidade científica colaboração e coordenação na planificação da ciência oceânica. A comunidade científica do oceano profundo respondeu a este desafio através de duas iniciativas internacionais: (1) o Deep-Ocean Stewardship Initiative (DOSI) que contribuiu para a identificação das questões científicas prioritárias para a Década e do potencial tecnológico para as responder, e (2) o Scientific Committee on Oceanic Research (SCOR) que apoia um grupo de trabalho cuja missão é planear uma abordagem global, com metodologias padronizadas e adaptadas aos diferentes habitats, para a aquisição e integração de dados biológicos do oceano profundo, e também criar meios de transferência de tecnologia e capacitação de recursos humanos para as ciências oceânicas.

O CESAM tem tido um papel fundamental neste processo, através da coordenação destes grupos de trabalho, tendo já organizado o workshop do DOSI para a identificação das prioridades científicas para a Década (Outubro de 2018) e recebendo agora o grupo de trabalho do SCOR para a sua primeira reunião (22 a 24 de Janeiro de 2020). Este evento vai contar com uma sessão pública no dia 24 de Janeiro com a participação de vários investigadores nacionais e internacionais, bem como do Ministro do Mar, Dr. Ricardo Serrão Santos. O programa deste evento público pode ser consultado abaixo [em Inglês].

 

THE DEEP OCEAN IN THE UNDECADE OF OCEAN SCIENCE FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT

 24 January 2020, University of Aveiro (Anfiteatro do DEMaC, Building 9, room 9.1.1)

14.30 Welcome and introduction

Prof. Paulo Jorge Ferreira, Rector of the University of Aveiro (TBC); Dr. Ana Hilário, University of Aveiro

14.50 Advances since the Census of Marine Life (2000-2010) and challenges for the next decade

Dr. Paul Snelgrove, Memorial University, Newfoundland, Canada

15.10 Deep-Ocean science programmes in the Decade

Prof. Lisa Levin, Scripps Institution of Oceanography, University of California San Diego, USA

15.30 The role of Portugal in a Decade of deep-ocean science

Dr. Ricardo Serrão Santos, Minister of the Sea, Portugal & Member of the Executive Planning Group of the Decade

16.00 Round table discussion

Moderator: Dr. Ana Colaço, University of the Azores, Portugal