ALICE – Poluição atmosférica: um pilar de justiça ambiental

Coordenador

Maria Alexandra Castelo Sobral Monteiro

Programa

Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico - 2022

Datas

01/01/2023 - 31/12/2025

Financiamento Total

247518 €

Entidade Financiadora

FCT

Instituição Proponente

Universidade de Aveiro

Instituições Participantes

  • Universidade de Aveiro:
  • Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro
  • Unidade de Investigação em Governança, Competitividade e Políticas Públicas
  • Universidade de Coimbra - Instituto Jurídico da Faculdade de Direito

DOI

10.54499/2022.04351.PTDC

O problema
A poluição atmosférica é considerada pela OMS o maior risco ambiental para a saúde. A poluição do ar exterior é responsável, todos os anos, por 4.2 milhões de mortes no mundo. No entanto, a poluição afeta cada pessoa de maneira diferente, dependendo da sua idade e condição física, mas também da condição socioeconómica, que influencia a capacidade das pessoas de lidar com este problema. Os governos devem promover a justiça e, embora a legislação se baseie nesses princípios de justiça, a sua implementação pode ter um impacto desproporcional nas comunidades vulneráveis e marginalizadas, devido a desigualdades socioeconómicas de partida. Este entendimento fez emergir o conceito de Justiça Ambiental (JA), que visa solucionar estas desigualdades, estabelecendo ligações entre questões ambientais (como poluição do ar), determinantes sociais e económicas e a localização habitual (local de residência, trabalho ou lazer), de forma a avaliar a equidade destas relações e identificar pontos de injustiça territorial.

Objetivos
O projeto ALICE explorará estes conceitos na sua análise de justiça ambiental e territorial (JAR), tendo como principais objetivos: i) construir uma análise da justiça distributiva para Portugal através da avaliação quantitativa das relações espaciais entre poluição do ar, saúde e dados demográficos e socioeconómicos (e suas tendências temporais); ii) avaliar a perceção dos cidadãos em relação à (in) JAR (justiça como reconhecimento), com foco na poluição do ar; iii) avaliar a justiça processual à escala local.

Metodologia
O projeto está organizado em 7 tarefas. As 3 primeiras decorrerão simultaneamente e fornecerão um extenso conjunto de dados sobre pressões ambientais (poluição do ar), indicadores socioeconómicos e dados de saúde, respetivamente. Na tarefa 4, estes dados serão tratados com recurso a modelos estatísticos avançados, que permitirão investigar as relações existentes entre as diferentes componentes (nível social; área residência e exposição a poluentes atmosféricos). Na tarefa 5, avaliar-se-á a perceção das pessoas sobre as desigualdades ambientais, com recurso a uma app que permita a recolha de dados georreferenciados complementados por questionários. Os dados recolhidos nessas tarefas serão, então, usados na tarefa 6 para apoiar a avaliação integrada e multi-escala da JAR. Finalmente, a tarefa 7 é dedicada à produção das linhas orientadoras e de um sistema de apoio à decisão para os decisores políticos, baseadas nos resultados encontrados no projeto.
As 3 primeiras tarefas consistirão na recolha de dados já existentes sobre poluição do ar ao nível nacional e local. A análise nacional será realizada para anos distintos (2001, 2011 e 2021 –CENSUS) com elevada resolução/detalhe espacial (freguesia). A análise ao nível local compreenderá 2 casos de estudos-piloto na Região de Aveiro (urbano e rural).

Resultados esperados
Os principais resultados esperados no projeto ALICE compreendem o primeiro (e detalhado) estudo empírico de JAR em Portugal, com avaliação da evolução das desigualdades ambientais ao longo do tempo (passado recente e presente) e integração da participação dos cidadãos e das perceções sociais. As linhas orientadoras produzidas no projeto e a sua devida exploração serão os potenciais impactos sociais do projeto, os quais, por sua vez, conduzirão a impactos económicos já que sociedades mais justas e saudáveis são mais produtivas e eficientes.
Para além dos indicadores típicos de disseminação (comunicação em conferências científicas, publicações e teses académicas) e ferramentas de comunicação (página web, redes sociais), o consórcio pretende realizar a primeira Conferência Nacional sobre Justiça Ambiental e Territorial e Desenvolvimento Sustentável. Estes resultados respondem à estratégia “Green Deal”, ao abordar e promover os tópicos “descarbonização”, integração da ciência com a política” e “envolvimento dos cidadãos num futuro sustentável e inclusivo”.

A equipa
Para atingir os objetivos mencionados, foi constituída uma equipa interdisciplinar das UA e UC, que inclui cientistas da área da qualidade do ar (grupo de investigação da IR), economia ambiental e estatística (Peter Roebeling e Sonia Gouveia, respetivamente), assim como especialistas na área da sociologia (Elisabete Figueiredo, Co-IR) e do direito (Alexandra Aragão). Investigadores de instituições nacionais e internacionais, especialistas na área da poluição atmosférica e justiça ambiental (Enda Hayes, Univ. West England) e saúde pública (João Paulo Teixeira, Instituto Nacional de Saúde Pública) foram também convidados a integrar esta equipa/projeto, como consultores externos. Este conhecimento reconhecido nas distintas áreas, juntamente com a participação e envolvimento das partes interessadas serão fundamentais e decisivos para a execução e sucesso do projeto, quer no que diz respeito ao desenvolvimento e execução das tarefas como na disseminação dos resultados e das linhas orientadoras produzidas no projeto.

membros do CESAM no projeto

Maria Alexandra Castelo Sobral Monteiro

Investigadora Auxiliar com Habilitação

Ana Isabel Miranda

Professora Catedrática

Myriam Nunes Lopes

Professora Associada

Peter Cornelis Roebeling

Investigador Auxiliar