A conversão de ecossistemas nativos em sistemas agrícolas ou silvícolas é uma das mais importantes ameaças à biodiversidade, uma vez que induz alterações na composição e estrutura das comunidades e modificações nos processos ecológicos. Apesar dos efeitos negativos, estes sistemas alterados são usados por algumas espécies silvestres. Nas silviculturas, este uso pode ser promovido por uma gestão norteada pela certificação florestal (CF), que tem como objectivo garantir a integridade das florestas, incluindo a conservação da biodiversidade. O Forest Stewardship Council (FSC), é um dos mais reconhecidos e usados esquemas de CF, mas cujo papel na conservação dos vertebrados em plantações de regiões temperadas é ainda pouco conhecido. Não são também claros quais são os mecanismos que permitem às populações silvestres persistirem nestes sistemas, como interagem e qual o papel da CF nessas interações. As plantações florestais, como por exemplo as plantações exóticas de Eucalipto (PE), têm-se expandido mundialmente. As PE cobrem, actualmente, >20 milhões há a nível mundial. Em Portugal, cobrem 9.2% da área do país e representam 26% de todas as áreas florestais (das quais 242500ha têm certificação FSC). No Brasil, as PE cobrem 7.5 milhões de ha (~50% das quais têm certificação FSC), fazendo com que estes 2 países sejam modelos adequados para avaliar o impacto das PE na fauna e o papel da CF na promoção do seu uso pelos vertebrados. Apesar dos vertebrados usarem as PE, ainda se desconhece quão ecologicamente relevantes são as PE para estas espécies, e qual o efeito da certificação FSC no seu uso. Assim, o principal objectivo do ForCe é perceber se a CF pode ser uma ferramenta para assegurar o papel funcional e conservacionista das PE para os vertebrados. Especificamente, pretende-se: 1) aferir a eficácia da CF para promover o uso das PE por vertebrados e como ferramenta para assegurar a preservação da biodiversidade; 2) identificar de que forma a estrutura, composição e configuração das PE afecta o seu papel ecológico para os mamíferos; 3) determinar os padrões de actividade e movimento a pequenas escalas de mamíferos em PE; 4) avaliar os efeitos das PE certificadas na fitness individual; 5) avaliar as motivações e atitudes dos gestores ao público em geral em relação à CF; 6) produzir linhas orientadoras para promover a compatibilização da conservação com a rendibilidade produtiva.
