O Ecossistema Ibérico de afloramento(EIA), é o limite norte do ecossistema do Atlântico Nordeste. A circulação oceânica na região Ibérica, contrariamente à da região Sul, está caracterizada por uma circulação lenta de larga escala, onde a assinatura do afloramento é fortemente sazonal. No verão, o regime da circulação é favorável ao afloramento e as camadas superficiais respondem com correntes intensas dirigidas para Sul, gerando frentes, filamentos e turbilhões. Estes fenómenos fazem parte de um sistema não linear associado ao processo básico de afloramento e o seu impacto na distribuição das propriedades físicas e biológicas é um assunto de investigação actual. Durante o resto do ano, a circulação é invertida, em direcção ao Norte, com episódios pouco frequentes de afloramento. Esta circulação sazonal introduz diferenças importantes no EIA por duas razões: 1-Afecta a entrada de nutrientes na camada eufótica, e consequentemente a produtividade primária e os padrões de dispersão do escoamento. 2-A maioria das espécies do EIA têm a sua vida e os seus ciclos de reprodução adaptados a este sinal sazonal. Um grande número de espécies de peixes pelágicos reproduzem-se no inverno, dada a natureza menos dispersiva deste período sendo o verão a estação de alimentação. É também esperado que a actividade de mesoscala da zona de transição costeira determine fortemente os processos que controlam a passagem das escalas climáticas para as escalas regionais dos sistemas de afloramento costeiro. Mudanças na intensidade e na duração dos eventos de afloramento podem ser críticas na dinâmica das populações de algumas espécies, originando variações no ecossistema. Recentemente, algumas mudanças na biomassa de alguns peixes pelágicos foram detectadas e atribuídas a mudanças nos padrões de afloramento desta região. O objectivo principal desta proposta é o de juntar meteorologistas, oceanógrafos físicos e biólogos marinhos para tentar dar uma resposta às seguintes questões: O regime de afloramento no EIA está a mudar? Como é que essas mudanças podem afectar os principais padrões da circulação e da dispersão? Qual será o impacto nos níveis inferiores das cadeias alimentares (produtividade primária)? Será possível produzir cenários de resposta do ecossistema para as mudanças climáticas futuras a uma escala regional?. De modo a poder responder a estas questões, propomos um estudo baseado na modelação de cenários de mudança climática baseados no IPCC, que foram adoptados como cenários padrão para o uso de avaliação de impactos climáticos, e cujos dados estão disponíveis para a comunidade científica. Os dados gerados por modelos oceanográficos e atmosféricos de baixa resolução serão transformados por modelos de mesoescala em dados de alta resolução para o oceano e a atmosfera.Os padrões da circulação na zona costeira gerados pelos modelos oceânicos permitirão avaliar o impacto das mudanças mencionadas nos ecossistemas costeiros. Esta metodologia incluirá uma componente retrospectiva e um estudo de cenários que utilizará principalmente ferramentas de modelação.