DisrupTox – Ferramentas para Avaliar Disrupção Endócrina em Comunidades Edáficas.

Coordenador

Mónica Amorim

Programa

PTDC/BIA-BDE/75690/2006

Datas

01/01/2008 - 30/07/2011

Financiamento para o CESAM

140000 €

Financiamento Total

140000 €

Nas últimas décadas tem existido uma preocupação crescente sobre as possíveis consequências à exposição a compostos xenóbioticos que são capazes de modular ou causar disrupção do sistema endócrino, os denominados Compostos Disruptores Endócrinos (CDEs). Esta preocupação está direccionada não só para a saúde humana, mas também para os impactos ao nível da vida selvagem e ambiente, sendo já uma prioridade em termos de investigação e legislação na União Europeia (EC, 1999; 2001 & 2004). Alterações da função endócrina causada por um CDE podem fazer-se sentir através da interferência com a síntese, secreção, transporte, acção ou eliminação de hormonas naturais no organismo que são responsáveis por mecanismos de homeostase, reprodução, desenvolvimento e/ou comportamento. Diferentes tipos de químicos (industriais e mesmo de uso doméstico) podem ser disruptores endócrinos que mimetizam, amplificam ou diminuem a acção de hormonas. As consequências da exposição a este tipo de compostos na estrutura e função da comunidade nem sempre são drásticos e imediatos. Através de pequenas alterações bioquímicas e fisiológicas, estes contaminantes podem interferir com diferentes sistemas (e.g., reprodutor, endócrino, imunitário e nervoso) em diferentes estados do ciclo de vida das espécies não alvo, causando efeitos ao nível da população em estado natural a médio e longo prazo. Estes poluentes têm portanto o potencial para originar decréscimos em populações naturais cuja recuperação pode ser difícil mesmo após a regulamentação das actividades envolvendo estes compostos. Como os efeitos ao nível da população / comunidade só se detecta, na maioria dos casos, após várias gerações expostas a níveis sub-letais de poluentes, existe uma necessidade de desenvolver e validar instrumentos de detecção rápida (“early warning signals”) e quantificáveis que possam antever quaisquer mudanças na estrutura da população / comunidade que funcionem através da inibição de processos vitais em espécies particulares. Estes biomarcadores podem ser considerados como uma medida das primeiras interacções toxicológicas entre o tóxico e o receptor biológico. Esta interacção induz uma cascata de eventos começando ao nível sub-celular (e.g. distúrbios na transcrição de genes, interferência com as vias metabólicas) e que em última instância leva a efeitos adversos ao nível do indivíduo e, possivelmente, a níveis superiores de organização biológica. Os efeitos estudados nos testes ecotoxicológicos convencionais (alteração no crescimento, reprodução e sobrevivência) podem ser considerados como o resultado final da acumulação de efeitos ao nível celular e molecular. Paralelamente a este aspecto de avaliar os efeitos dos EDCs e a desenvolver e validar estes instrumentos de detecção rápida para organismos de solo não alvo, há igualmente a necessidade de transpor este conhecimento para cenários de exposição mais realísticos. Isto é particularmente necessário nos casos de exposição múltipla, especialmente quando se avalia o potencial tóxico de zonas contaminadas. Neste contexto os testes in situ têm um grande potencial. Os dados obtidos neste tipo de avaliações não necessitam de conhecimento prévio do tipo ou concentrações das substâncias químicas presentes no solo. Mais ainda, permitem que se avalie a toxicidade de misturas complexas e integra os efeitos do tempo e condições de exposição. Deste modo têm as vantagens dos ensaios laboratoriais e sem necessidade de extrapolar os efeitos para o campo. Estas características fazem dos testes in situ um diagnóstico bastante promissor e robusto para a avaliação dos efeitos tóxicos em organismos de solo. Pelo exposto, este projecto pretende desenvolver e validar um conjunto de ferramentas (bioquímicas, moleculares e histológicas) para avaliar os efeitos de compostos disruptores endócrinos em organismos edáficos e fazer a ligação entre os diferentes níveis de organização biológica e transpor para a exposição no campo e efeito nas suas populações. European Commission. Commission Staff Working Document on implementation of the Community Strategy for Endocrine Disrupters – a range of substances suspected of interfering with the hormone systems of humans and wildlife (COM (1999) 706) SEC(2004) 1372 European Commission. COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE COUNCIL AND THE EUROPEAN PARLIAMENT on the implementation of the Community Strategy for Endocrine Disrupters – a range of substances suspected of interfering with the hormone systems of humans and wildlife . COM 262 (2001) European Commission. COMMUNICATION FROM THE COMMISSION TO THE COUNCIL AND THE EUROPEAN PARLIAMENT. Community Strategy for Endocrine Disrupters. COM (99)706 (1999).

membros do CESAM no projeto

Mónica João de Barros Amorim

Investigadora Principal com agregação

Susana Patrícia Mendes Loureiro

Professora Associada com Agregação

Susana Isabel Lopes Gomes

Investigadora Auxiliar