O fungo patogénico Candida albicans tem um número de características especiais que o tornam num microorganismo patogénico único. Por exemplo, tem um sistema de morfogénese altamente sofisticado que lhe permite existir em várias formas e alternar a sua morfologia em resposta a estímulos ambientais, tem um código genético não padrão e pode reproduzir-se clonalmente ou por via parassexual. Esta última foi descoberta há apenas dois anos através de metodologias de genómica comparativa e genética molecular. O laboratório do IP descobriu o código genético não padrão de C. albicans que envolve a descodificação do codão CUG de leucina como serina por um tRNA mutante de serine que tem um anticodão de leucina. Estudos realizados pelo grupo do IP demonstraram que esta alteração ao código genético foi mediada por um mecanismo de descodificação ambígua do codão CUG e que esta ambiguidade alterou significativamente a expressão genética e a fisiologia e teve um papel crítico na evolução do género Candida. Estes estudos foram galardoados pela Organização Europeia de Biologia Molecular (EMBO) com uma EMBO Young Investigator Award (EMBO YIP Award) atribuída em 2001 ao IP. Durante os últimos 12 meses, o grupo do IP descobriu que o aumento da ambiguidade do codão CUG induz morfogénese e reprodução parassexuada e destabiliza o genoma. Isto não é surpreendente porque a morfogénese e a reprodução parassexuada estão interligadas em C. albicans, contudo, as vias de sinalização celular que induzem morfogénese e reprodução parassexauda através da ambiguidade de código genético são completamente desconhecidas. Este projecto tem por objectivo elucidar o (os) mecanismo(s) molecular(es) que medeia(m) a activação da morfogénese e reprodução parassexuada pela ambiguidade do código genético e determinar como é que esta destabiliza o genoma. Espera-se que este projecto contribua de modo significativo para elucidar a função das alterações ao código genético e que estabeleça de modo definitivo C. albicans como modelo de estudo para a evolução de códigos genéticos alternativos. Os novos fenótipos agora descobertos em C. albicans dão um forte apoio à teoria proposta pelo IP de que a evolução de códigos gnéticos alternativos representa um novo mecanismo para acelerar o desenvolvimento de novos fenótipos e criar novas espécies. Por estas razões, espera-se que este projecto permita ao grupo do IP avançar significativamente no estudo dos códigos genéticos alternativos contribuindo, assim, de modo decisivo para o desenvolvimento desta área de investigação.