Largatixas como bioindicadores de exposição e toxidade aos pesticidas

Coordenador

Reinier M. Mann

Programa

PTDC

Datas

01/01/2008 - 31/12/2010

Financiamento para o CESAM

139512 €

Financiamento Total

139512 €

Instituições Participantes

  • UA; Instituto de Ciências e Tecnologias Agrárias e Agro-Alimentares - Porto (ICETA-Porto/UP)

A questão a que este projecto pretende responder é: Será que um grupo tão abundante como os lacertídeos pode ser usado como bioindicador de exposição e toxicidade a pesticidas em pequenas parcelas de agricultura intensiva? Para responder a esta questão, utilizar-se-á uma abordagem em duas fases complementares. Numa primeira fase, vão-se realizar saídas de campo com o objectivo de documentar abundância, estrutura populacional e o valor adaptativo dos lacertídeos que ocorrem em zonas com uso intensivo de pesticidas e em áreas de uso negligível. A segunda parte da abordagem consiste num estudo em mesocosmos, em que lagartos de locais referência vão ser expostos a pesticidas em ambientes controlados.
Justificação
As parcelas agrícolas de pequenas dimensões constituem um dos principais usos de solo no centro de Portugal. Avaliar o risco de exposição ambiental e de toxicidade como consequência do uso de pesticidas dentro e junto a estas parcelas, requer a adopção de uma ou mais espécies bioindicadoras. Uma das principais características destas pequenas parcelas, é a existência de redes de muros de suporte de pedra, que constituem um habitat ideal para lacertídeos. Estes lagartos oferecem diversas vantagens, comparativamente a outras espécies de vertebrados, como espécies sentinela da qualidade ambiental, nomeadamente: 1. Abundância; 2. Fidelidade ao local; 3. Facilidade de captura, marcação e recaptura durante o dia; 4. Facilidade de manutenção em cativeiro sem necessidade de grandes infra-estruturas.

Os répteis como grupo estão sub-representados em ecotoxicologia, apesar dos muitos apelos que têm sido realizados para uma maior inclusão deste grupo em diferentes tipos de estudos ambientais. Em todos os campos da toxicologia é necessário escolher espécies modelo para estudos laboratoriais e no terreno. Devido a sua abundância na Europa (e em particular na Bacia do Mediterrâneo), os lacertídeos foram identificados como um modelo potencial para a ecotoxicologia reptiliana.
Metodologia Abreviada:
Este estudo irá envolver quatro fases distintas. 1. Identificação, selecção e caracterização de terrenos para realizar estudos populacionais. Serão seleccionados três a quatro locais contaminados e dois de referência (controle). Estes locais serão extensivamente amostrados com o objectivo de obter perfis químicos dos solos. 2. Estudo de campo para estabelecer a estrutura populacional das populações de lacertídeos existentes. Avaliação de vários índices de valor adaptativo nos indivíduos capturados. 3. Estudo de mesocosmos para avaliar os efeitos biológicos da exposição a quantidades realísticas de pesticidas. Os dados gerados através deste estudo controlado serão utilizados para validar os dados obtidos nos estudos de campo. 4. No estudo de mesocosmos recolher-se-á diversos tecidos corporais, que serão armazenados a -80ºC. Estes tecidos serão utilizados para análises bioquímicas, enzimáticas e genéticas de biomarcadores de exposição e toxicidade.
Contribuição Científica Original:
Este projecto apresenta três contribuições significativas: Por um lado vai permitir o desenvolvimento de um método de avaliação da toxicidade ambiental de pesticidas usados em regiões de agricultura intensiva em pequenas parcelas, e onde outros vertebrados não podem ser usados convenientemente como espécies sentinela. Por outro lado, vai contribuir para o avanço do campo da ecotoxicologia com répteis, um campo ainda muito pouco desenvolvido comparando com outras áreas da ecotoxicologia. Finalmente, vai possibilitar a adopção de uma estratégia conjunta de experimentação que irá facilitar a comparação entre as observações no terreno, em áreas de forte uso de pesticidas, com os dados experimentais que descrevem os efeitos dos pesticidas nos lagartos. Este projecto tem fortes hipóteses de estabelecer uma nova possibilidade para o campo da ecotoxicologia com répteis e pesticidas.