As pescarias da pesca de pequena escala (PPE) constituem uma importante componente da frota da UE (80% da frota, representando cerca de 27% das receitas das pescarias da EU e mais de 40% dos pescadores da UE). Em Portugal, a PPE tem grande tradição e importância social, económica e cultural (envolveu, em 2015, cerca de 12 500 pessoas em 6 216 navios, o que corresponde a 50 759 t desembarcadas, no valor de 143,17 M€). As artes de pesca selecionam as capturas pelo tamanho e pela espécie. Assim, uma pescaria bem administrada deve usar artes que capturem a maioria das espécies disponíveis com tamanhos que não afetem a sustentabilidade da pesca. Compreender o tipo de artes utilizadas e os fatores que influenciam o seu uso é vital para determinar a interação entre as alterações ecológicas e sociais. A utilização de técnicas de pesca não-seletivas, que conduz a elevadas taxas de rejeição; e a não restrição do esforço de pesca, conduzindo a elevados volumes rejeitados, são os dois processos identificados como causas fundamentais das elevadas quantidades rejeitadas. A avaliação das rejeições é essencial para avaliar o impacto total da pesca nas populações pescadas e no ecossistema. Nas águas europeias, as rejeições são bastante significativas – cerca de 19% das rejeições mundiais ocorrem na área FAO 27, que inclui grande parte da ZEE da UE – o que foi identificado como uma das principais deficiências da Política Comum da Pesca (PCP). Para melhorar esta questão, a reforma da PCP aplicou a obrigação de desembarque a todas as pescarias que capturam espécies comerciais geridas pelo regulamento da PCP, o que significa que a PPE também está sujeita a esta obrigação. A recolha de dados sobre as rejeições de pescarias comerciais nas águas da UE é escassa e as estimativas das quantidades rejeitadas têm, em geral, uma baixa precisão. Por esta razão, as rejeições representam, na UE, uma fonte importante, mas mal documentada, da mortalidade por pesca, o que contribui para a sobrepesca das unidades populacionais europeias. Apesar da elevada importância socioeconómica da PPE, a maior parte da investigação científica sobre as rejeições, na UE, tem-se centrado na pesca em grande escala, assumindo que as rejeições da PPE são inferiores às associadas à pesca industrial. Como resultado, há uma falta de conhecimento sobre muitos aspetos biológicos, ambientais, socioeconómicos, de gestão e políticas da PPE, principalmente no que diz respeito às rejeições. Para preencher as lacunas de conhecimento existentes no que se refere à PPE, os principais objetivos deste estudo consistem em: 1. Quantificar as rejeições e o esforço de pesca; 2. Construir modelos preditivos para identificar as melhores condições para a pesca, com menor esforço de pesca e menos rejeições; 3. Avaliar o impacto socioeconómico da diminuição do esforço de pesca, das rejeições e da execução da obrigação de desembarque; 4. Valorizar/promover as espécies habitualmente rejeitadas.