NanoReproTox – Desvendando os impactos ecológicos da toxicidade de nanopartículas na reprodução de organismos marinhos

Coordenador

Cláudia Leopoldina de Brito e Veiga Rodrigues Mieiro

Programa

Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização (02/SAICT/2017)

Datas

29/09/2018 - 28/09/2022

Financiamento para o CESAM

178939 €

Financiamento Total

233719 €

Instituições Participantes

  • Centro de Ciências do Mar (CCMAR), Universidade do Algarve
  • MARE-NOVA; NOVA.ID.FCT - Associação para a Inovação e Desenvolvimento da FCT

Estima-se que até 2020 a produção de nanopartículas (NP) aumente para 58.000 toneladas/ano[52], sendo estas libertadas para a água. Apesar do seu amplo uso, não existem diretrizes relativamente à sua libertação no meio aquático, em especial nos sistemas marinhos, não havendo conhecimento da existência de estudos relativamente à toxicidade de NP na reprodução de espécies marinhas. O reconhecimento da importância da aplicabilidade das NP na aquacultura, como vacinas e ferramentas de diagnóstico de doenças[46], reforça ainda mais a necessidade de se estudar a toxicidade das NP. A reprodução, e sobretudo os tecidos reprodutivos e os gâmetas, foram identificados como sensíveis à toxicidade das NP[49-50]. Apesar dos resultados serem controversos em relação aos gâmetas masculinos, a maioria dos estudos em mamíferos revelaram que as NP atravessam as barreiras biológicas até aos tecidos reprodutivos, induzindo danos em ambos os gâmetas e por fim causando efeitos fisiológicos e infertilidade[25,49-50]. Deste modo, este projeto avaliará o potencial reprotóxico das NP mais usadas (TiO2 e Ag), em gâmetas e gónadas de 2 espécies marinhas típicas (mexilhão e dourada), estimando o potencial nocivo das NP para os organismos marinhos e criando estratégias de mitigação dos efeitos tóxicos mediados por NP, promovendo o uso salutar dos recursos marinhos. O NanoReproTox avaliará 2 graus de complexidade biológica: primeiro, através de exposições ex-vivo de gâmetas, simulando os efeitos das NP aquando a fertilização, e depois aumentando o grau de complexidade através de estudos in-vivo, estimando os efeitos crónicos da exposição às NP durante a gametogénese e a maturação das gónadas. Em ambas etapas a toxicidade será avaliada por efeitos sub-letais, desde efeitos moleculares (integridade do ADN, stresse oxidativo, bioenergética e composição bioquímica) até ao nível sub-individual/individuo (qualidade do esperma e histopatologias). O NanoReproTox adotará uma tática interdisciplinar, reunindo uma equipa científica perita em ictiofisiologia, bioenergética, toxicologia, bioquímica e ciências ambientais. A equipa do CESAM é perita em toxicologia aquática, em particular em efeitos de contaminantes em espécies aquáticas. A equipa do CCMAR é perita em biotecnologia reprodutiva de peixes e qualidade dos gâmetas e a do MARE em toxicopatologia e biomarcadores moleculares e histopatológicos. O NanoReproTox está fortemente alinhado com os objetivos da RIS3 (ENEI e EREI) relacionados com a avaliação, monitorização e proteção do ecossistema marinho, preservando a biodiversidade e a sustentabilidade das espécies. Identificar a nanoreprotoxicidade nos recursos endógenos permitirá definir riscos e avaliar os riscos-benefícios da aplicação da nanotecnologia na aquacultura. Este novo conhecimento servirá de base para aplicação a cenários de campo, permitindo a criação de níveis máximos para a criação de critérios de qualidade de águas marinhas (critérios para a vida marinha e biológicos).

membros do CESAM no projeto