OCEANTREE – Mecanismos de alocronia em espécies de aves marinhas endémicas: implicações para a divergência populacional e para as respostas às alterações climáticas

Coordenador

Mónica Silva

Investigador Responsável CESAM

José Pedro Granadeiro

Programa

Programa Operacional da Competitividade e Internacionalização (02/SAICT/2017)

Datas

01/10/2018 - 30/09/2021

Financiamento Total

239261 €

Instituição Proponente

FCiencias ID

Instituições Participantes

  • Queen University
  • CIES - Centro De Investigação De Estudos De Sociologia, C.R.L.
  • ISPA-IU, Instituto das Florestas e Conservação da Natureza

A alocronia, assincronia de época de reprodução, pode levar ao isolamento reprodutor. Em simpatria, pode funcionar como geradora de isolamento; em alternativa, pode apenas reforçar o afastamento de dois groupos que divergiram em alopatria e que co-ocorrem devido a um contacto secundário posterior.
As freiras do Atlântico NE (género Pterodroma) incluem 3 taxa aparentados filogeneticamente: a freira-da-Madeira (taxon madeira) nidifica neste arquipélago; a freira-do-Bugio (deserta) nidifica no ilhéu do Bugio (Desertas); a Gon-gon (taxon feae) nidifica em Cabo Verde. Os três taxa nidificam desfasados no tempo. A sua taxonomia, história evolutiva e diferenciação ecológica são ainda motivo de debate. Estudos filogenéticos sugerem que a Madeira foi colonizada duas vezes: uma primeira colonização pelo taxon ancestral madeira, seguindo-se a colonização pelo deserta. Um cenário mais simples sugere, em alternativa, um feae ancestral e a colonização da Madeira a um só tempo e posterior divergência dos dois taxa em simpatria.
Usando uma combinação de ferramentas genómicas, tecnologias inovadoras de tracking, análises de isótopos estáveis e metabarcoding da dieta, propomo-nos responder às seguintes questões:
1) Qual é a história evolutiva dos três taxa e o papel da alocronia? A divergência das freiras, na Madeira, aconteceu em simpatria devido a uma assincronia de épocas de reprodução ou, em alternativa, deu-se em alopatria seguida de um contacto secundário?
2) Haverá evidência de que, em Pterodroma, a época de reprodução tem uma base genética? Haverá uma assinatura genómica ou em genes candidatos ligados ao ritmo circadiano, que sugira que os dois taxa da Madeira tenham uma resposta diferenciada ao fotoperíodo?
3) Haverá evidência de diferenciação ecológica dos dois taxa da Madeira e estará relacionada com a sua alocronia? Estarão esses factores a contribuir para a sua divergência genética através de um processo de adaptação local?
Determinar a base genética das diferenças do ciclo de vida das populações naturais contribui para um conhecimento completo do seu significado evolutivo e para a conservação das espécies. O estudo das bases genética e ecológica que explicam a variação fenológica reveste-se de especial importância devido à pressão que as alterações climáticas exercem sobre as populações, a fim de que se adaptem a condições que variam a um ritmo sem precendentes.
O projeto tem uma componente educativa muito importante. Através de uma exposição multi-média itinerante, mostraremos o papel preponderante das aves marinhas nos seus ecossistema e a razão pela qual a sua conservação é vital para um ambiente saudável. Pretende-se, assim, cativar o público e conscencializá-lo para a extraordinária diversidade destas aves.
Com um longo historial colaborativo, a equipa detém, no seu todo, a experiência necessária em genómica populacional, evolucão molecular, ecologia, e divulgação de ciência, que nos permitirá responder com sucesso aos objectivos do projeto.

membros do CESAM no projeto

José Pedro Granadeiro

Professor Associado com Agregação