PLANTA II- O papel das plantas de sapal no ciclo do mercúrio em cenários de mudança climática: padrões de mobilização à luz da toxicocinética e toxicodinâmica do metal

Coordenador

João Alfredo Vieira Canário

Investigador Responsável CESAM

Mário Pacheco

Programa

Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (02/SAICT/2017)

Datas

10/08/2018 - 09/08/2021

Financiamento para o CESAM

60937 €

Financiamento Total

237272 €

Instituição Proponente

IST-ID - Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação e Desenvolvimento

Instituições Participantes

  • Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT)

Convenção de Minamata (2013) sobre mercúrio (Hg) reconheceu que este elemento é um contaminante global, devido a sua capacidade de ser transportado a nível mundial e à sua persistência no ambiente. Apesar das emissões antropogénicas de Hg terem sido reduzidas para metade nas ultimas décadas, a contaminação por Hg é ainda um problema global e concentrações elevadas têm sido reportadas em muitos ecossistemas. A Comissão Europeia recomendou a implementação de uma estratégia para o mercúrio e a EPA (USA) considerou o Hg como o terceiro poluente mais nefasto para o ambiente. Apesar de quase 70 anos de investigação cientifica sobre o ciclo do Hg no meio ambiente, o conhecimento de todos os processos associados à sua especiação, partição e efeitos ainda está longe de ser totalmente compreendido, em particular em ecossistemas complexos como as zonas húmidas. Muitos estudos têm sido publicados sobre a biogeoquímica do mercúrio em ecossistemas de água doce, mas poucos dedicados aos sapais. No entanto, estes ecossistemas costeiros são de importância vital devido a sua elevada produtividade primária, ao seu papel na regulação do fluxo hidrológico de nutrientes e contaminantes e devido a serem um importante habitat para a vida selvagem. Estes ecossistemas estão a tornar-se mais vulneráveis de acordo com os cenários previstos pelas alterações climáticas que terão como consequência a sua erosão e degradação devido sobretudo ao aumento do nível do mar e a longos períodos de seca. Esta degradação conduzirá previsivelmente à remobilização do mercúrio (entre outros contaminantes) com impacto negativo nos sistemas aquáticos adjacentes o consequentemente nos serviços dos ecossistemas. Estudos em sapais demonstraram acumulação de Hg nas plantas e um aumento substancial de monometilmercúrio (MMHg) na rizosfera. Mais recentemente foi mostrado que as plantas de sapal podem emitir Hg0 pelas folhas, sugerindo um eficiente processo de translocação de mercúrio no interior da planta e resultando numa pequena acumulação deste contaminante nas partes aéreas. Apesar destes estudos, ainda muitas questões estão por esclarecer, entre elas (i) o efeito da atividade das plantas nas taxas de metilação do Hg e desmetilação do MMHg, (ii) os mecanismos toxico-cinéticos e toxico-dinâmicos do Hg (e MMHg) dentro da planta e (iii) a quantidade e fluxos de Hg que poderão ser remobilizados durante a degradação de um sapal e os seus impactos nos ecossistemas adjacentes. O projeto PLANTA II pretende contribuir para esclarecer estas questões e também desenvolver um modelo ecológico que permita descrever o impacto da vulnerabilidade da degradação dos sapais nos fluxos de mercúrio. Este projeto pretende produzir não só informação cientifica crucial para a compreensão ciclo do mercúrio em zonas húmidas, mas também evidências cientificas que servirão de base para tomadas de decisão por parte dos decisores.

membros do CESAM no projeto