Candida albicans é um fungo patogénico oportunista que tem uma existência comensalista em pelo menos 50% da população humana. É, também, responsável por mais de 50% das infecções fúngicas e o quarto agente microbiano causador de septicemia hospitalar. Na população infectada com HIV, 84% dos doentes apresenta colonização superficial do trato respiratório e 55% desenvolve infecções do mesmo. A candidémia nosocomial (hospitalar) aumentou mais de 500% nos últimos 20 anos, contudo o desenvolvimento de novos anti-micóticos, especialmente para tratar infecções sistémicas que estão associadas a uma elevada taxa de mortalidade, tem sido muito lento. Isto está relacionado com a natureza eucariótica da célula de C.albicans e com uma ignorância quase total da sua biologia celular e mecanismos moleculares de patogenicidade.
A diversidade de factores de virulência, diploidia, código genético não-padrão e a recalcitrância de C.albicans à manipulação genética, representam complicações importantes para a elucidação dos seus mecanismos de patogénese utilizando metodologias genéticas e bioquímicas clássicas. O advento de novas tecnologias moleculares, nomeadamente, genomica funcional, proteomica, “DNA-chips” e bio-informática, que permitem uma analise global do genoma e da expressão génica, promete, contudo, alterar radicalmente a situação actual esperando-se, assim, um rápido avanço no conhecimento da biologia e patogénese de C.albicans nos próximos anos.
O objectivo deste projecto é integrar metodologias clássicas de genética molecular e bioquímica com novas tecnologias de proteomica e bio-informática para identificar novos factores de virulência. Para tal, diferentes tecnologias de genética, bioquímica, electroforese bidimensional, espectrometria de massa e informática, existentes em 3 unidades de investigação da Universidade de Aveiro, serão integradas num único projecto de modo a i) permitir à investigação portuguesa desempenhar um papel relevante na elucidação dos mecanismos de diferenciação celular e patogénese de C.albicans e ii) proporcionar novas oportunidades aos jovens cientistas portugueses de participarem num projecto multidisciplinar competitivo que incorpora as mais avançadas tecnologias de biomedicina e microbiologia molecular hoje existentes.