O florescimento de algas nocivas (HABs), devido a taxas elevadas de proliferação de algas, afeta a maioria dos países costeiros. Algumas dessas espécies produzem toxinas que afectam os organismos marinhos e, quando acumuladas em moluscos bivalves, podem provocar doenças nos consumidores humanos. Para além de ser ameaça a saúde publica, os HABs conduzem as perdas económicas na aquicultura, na pesca e no turismo. Devido à imprevisibilidade da ocorrência de HABs, programas de monitorização foram estabelecidos nos países da UE, que na costa portuguesa e assegurada pelo IPMA. Toxinas paralisantes (PST) têm especial relevância relativamente aos outros grupos de toxinas, devido aos graves sintomas neurológicos que podem provocar em humanos. O método de referência para a detecção de PSTs na UE é a Cromatografia Líquida (LC) com Detecção Fluorimétrica (FLD). No entanto, a técnica LC – FLD exige equipamento dispendioso e pessoal qualificado. Deste modo, existe a necessidade do desenvolvimento de metodologias rápidas e de baixo custo para a deteção e quantificação de toxinas, nomeadamente para as PSTs, podendo estas ser usadas como ferramentas de rastreio e de alarme pelas autoridades e profissionais. Avanços significativos foram alcançados no campo dos biossensores e imunoensaios, configurando-os como candidatos atraentes para o desenvolvimento dessas metodologias alternativas. O desenvolvimento destes dispositivos tem sido focado na deteção das toxinas paralisantes mais abundantes mundialmente, tais como a saxitoxina. No entanto, o perfil de PSTs detetado em moluscos bivalves da costa portuguesa é diferente, sendo caracterizado por toxinas N-sulfocarbamoiladas e decarbamoiladas. Este projeto visa desenvolver um sistema de língua bioeletrónica baseado em biossensores para a deteção rápida das PSTs frequentemente detetadas em águas portuguesas. Abordagem inovadora deste projecto consiste em combinação de biossensores com especificidade parcial num sistema sensorial. Línguas electrónicas em base de sensores químicos foram aplicadas com sucesso a várias tarefas incluindo quantificação de compostos orgânicas por participantes do projecto entre outros grupos. Apenas algumas aplicações das línguas eletrônicas baseadas em biossensores foram relatadas. O despiste de PSTs através da utilização da língua bioeletrónica em bivalves da costa portuguesa fornecerá uma imagem da distribuição das toxinas em diferentes escalas espaciais e temporais. O dispositivo desenvolvido constituirá uma ferramenta para os produtores de bivalves, permitindo uma gestão mais eficiente da cultura e colheita de bivalves, particularmente em regiões remotas e offshore. O projeto reúne uma equipa multidisciplinar de especialistas nas áreas de sensores e sistemas de língua eletrônica, toxinas marinhas, química analítica e bioquímica, garantindo assim o know-how necessário para atingir com sucesso os objetivos descritos na proposta.