TBTRESENSE: Bioremediação do tributilestanho (TBT) e desenvolvimento de um biosensor para detectar TBT em locais contaminados.

Coordenador

Sónia Mendo

Programa

Fundação para a Ciência e a Tecnologia- FEDER- COMPETE PTDC/MAR/108024/2008

Datas

01/04/2010 - 01/04/2013

Financiamento para o CESAM

171830 €

Financiamento Total

176000 €

Instituições Participantes

  • LNEG

 

O tributilestanho (TBT) é considerado um dos xenobióticos mais tóxicos, que foi deliberadamente introduzido no ambiente pelo Homem (10).É aplicado em vários processos industriais e consequentemente libertado para o ambiente, dispersando-se na água e sendo rapidamente adsorvido ao biota e a partículas em suspensão, que posteriormente são depositas no sedimento. O seu tempo de meia-vida em águas marinhas é de várias semanas contudo, em condições de anóxia no sedimento pode ser de vários anos, devido à sua lenta degradação (9).O TBT é reconhecido como sendo tóxico para eucariotas e procariotas. Um dos efeitos biológicos mais importantes é o imposexo – a imposição de caracteres masculinos em fêmeas de gastrópodes (1). Está também descrito como sendo inibidor do sistema imunitário e disruptor endócrino em humanos (7).A produção, utilização e exportação do TBT foi proibida nos países desenvolvidos desde os anos 60 pela IMO; alguns países continuam a usá-lo (25) e consequentemente, a poluição por TBT não tem diminuído e é reconhecida como um sério problema mundial.A medição de alguns compostos no ambiente constitui uma das ferramentas das agências reguladoras para o controlo e monitorização de processos em áreas industriais. Os métodos analíticos tradicionais são caros, demorados e requerem pessoal técnico especializado. Os biosensores constituem uma alternativa uma vez que: i) permitem identificar e quantificar compostos específicos no ar, água ou solo; ii) são específicos na resposta e detecção, mesmo em ambientes muito contaminados (24). Contudo, não existem muitos biosensores disponíveis. Têm sido desenvolvidos projectos Europeus de colaboração, financiados pela EU, com o objectivo de produzir novos biosensores para detecção de disruptores endócrinos, como o TBT (24). Até à data, os biosensores desenvolvidos não se mostraram eficazes na detecção do composto em locais contaminados, sendo assim necessário, o desenvolvimento de novos sistemas.A bioremediação utiliza bactérias, que ocorrem naturalmente no ambiente, para a degradação de vários contaminantes; e tem sido bastante aceite, uma vez que pode ser aplicada com custos bastante reduzidos (12).Têm sido descritas várias bactérias resistentes ao TBT (16, 18) que poderão vir a ser a base para o desenvolvimento de sistemas de detecção/remediação. Uma destas bactérias (A. molluscorum) muito resistente ao TBT (até 3 mM) foi isolada por membros desta equipa, estando descrita como a primeira bactéria resistente e simultaneamente capaz de degradar o TBT em compostos menos tóxicos (4). Nesta bactéria foi isolado e caracterizado um gene (sug-E like) que se encontra sobre-expresso quando as células crescem na presença de TBT.A versatilidade desta bactéria para crescer em substratos ricos e pobres, e o facto de usar o TBT como fonte de carbono, constituem características importantes para o desenvolvimento de um biosensor e para o melhoramento genético de forma a poder ser aplicada na remediação de áreas contaminadas por TBT. Assim, os dois principais objectivos do presente projecto são:

  • 1) Desenvolver um biosensor para detecção in situ do TBT no ambiente;
  • 2) Avaliar a aplicação A. molluscorum na remediação de locais contaminados.

As abordagens a adoptar incluem: i) análise do transcriptoma por pirosequenciação: esta análise poderá revelar a presença de outros genes (diferentes daquele que foi já identificado) que são expressos em resposta ao TBT (elucidando o mecanismo de resistência/degradação); esta análise será complementada com o estudo da expressão do(s) gene(s) alvo por PCR em tempo real; ii) será construído um biosensor: a sua especificidade, sensibilidade, tempo de detecção, repetibilidade e reprodutibilidade serão avaliados; iii) experiências de microcosmos permitirão avaliar a bioremediação conduzida por A. molluscorum, em associação com a comunidade bacteriana; iv) será monitorizada a alteração da estrutura da comunidade bacteriana indígenas, por PCR-DGGE combinado, permitindo conhecer as estirpes que são mais activas no processo de remediação; este estudo será complementado com as análises de organoestânicos; e v) a toxidade dos sedimentos/água remediados será avaliada usando espécies indicadoras. A equipa envolvida nesta proposta reúne todas a sinergias necessárias para levar a cabo o projecto com grande sucesso. Tendo um conhecimento sólido e uma vasta experiência de investigação em áreas, tais como: biologia molecular, expressão de genes/proteínas, estudo de comunidades bacterianas e bioremediação, a equipa está empenhada em atingir todos os objectivos propostos. Por outro lado, alguns membros da equipa possuem resultados anteriores que irão certamente contribuir para o sucesso da presente proposta. O projecto irá contribuir substancialmente para o conhecimento científico sobre o tema e dará novas perspectivas sobre os mecanismos envolvidos na resistência/degradação do TBT. O biosensor desenvolvido terá, certamente, uma aplicação prática imediata.

membros do CESAM no projeto

João Luís Teixeira Pestana

Investigador Auxiliar

Susana Patrícia Mendes Loureiro

Professora Associada com Agregação

Sónia Mendo

Professora Auxiliar com Agregação