Este projecto irá originar novo conhecimento sobre as interacções de espécies prioritárias com habitats protegidos na Zona de
Proteção Especial (ZPE) do estuário do Tejo. Para tal, pretende-se implementar um sistema inovador de alta precisão no
seguimento remoto de aves limícolas, tanto na área intertidal como nos habitats supralitorais. O sistema tem por base recentes
desenvolvimentos tecnológicos que permitem obter dados de seguimento GPS em aves de médio e pequeno porte, através da
aplicação de pequenos tags com peso e dimensão reduzidos que enviam essa informação para antenas colocadas em pontos
chave, quando na sua proximidade. Tirando partido do conhecimento já adquirido sobre a ecologia destas espécies, que se
alimentam na zona intertidal durante a baixa-mar e se deslocam para refúgios supralitorais durante a preia-mar, as antenas que
recolhem a informação dos tags serão posicionadas em três importantes refúgios da ZPE, que representam três habitats
estuarinos protegidos: sapal, lagoas palustres e salinas. As antenas colocadas nestes refúgios, onde durante a preia-mar se
concentram as aves alvo deste trabalho, poderão assim recolher a informação GPS registada pelos tags, colocados nestas
espécies, previamente capturadas e marcadas nesses mesmos locais.
A obtenção desta informação é essencial para eliminar falhas críticas no conhecimento actual, nomeadamente na distância
percorrida por estas aves entre os refúgios supralitorais e os locais onde se vão alimentar na zona intertidal. Sabe-se, por
exemplo, que esta variável condiciona a utilização de áreas de alimentação intertidais mais distantes. A abordagem inovadora
aqui proposta permitirá adquirir informação muitíssimo mais detalhada para várias espécies que ocupam diferentes nichos
tróficos no habitat estuarino. Desta forma, será possível melhorar o estado de conservação destas espécies, por exemplo,
através da implementação de medidas de gestão em refúgios específicos (por exemplo, aqueles actualmente indisponíveis para
acolher as aves), permitindo que estas aves alcancem áreas intertidais mais distantes na ZPE e potencialmente subutilizadas
devido à distância com os actuais refúgios disponíveis.
Com estes dados será também possível quantificar e mapear a conectividade entre os habitats protegidos usados como refúgios
supralitorias e áreas de alimentação intertidais. Desta forma, potenciais ameaças e pressões nestes habitats serão mais
facilmente antecipadas e identificadas, como seja o crescente aumento na atividade de recolha de invertebrados bentónicos ou
os planos para a localização de um aeroporto comercial na península do Montijo. A aquisição deste conhecimento permitirá
assim melhorar o estado de conservação de espécies e habitats protegidos nas Directivas de Habitats e Aves nesta área
protegida.
