A Praia de Mira foi identificada, há mais de dez anos, como um hotspot da erosão costeira da zona do centro de Portugal, o que motivou, em 2017, o estabelecimento de um protocolo de colaboração com o Município de Mira e a Universidade de Aveiro.
Uma parceria de grande importância para o Município de Mira como refere o seu presidente Artur Jorge Fresco, “O que pretendemos com esta parceria é garantir a proteção da costa e a segurança das pessoas. Por isso, a existência de protocolos e parcerias que otimizem recursos é fundamental. O Município de Mira tem-se mostrado sempre disponível para colaborar com a Universidade de Aveiro, de forma a garantir que estas iniciativas decorrem da melhor forma possível.”
Inicialmente foi instalado um protótipo de primeira geração de vídeo monitorização costeira para o estudo da erosão na parte norte da Praia de Mira, que esteve em funcionamento até 2023.
No passado dia 23 de Abril, foi feita a instalação de uma nova geração de um sistema de vídeo e transmissão costeira. Este novo protótipo incorpora câmaras de vídeo mais avançadas, acopladas a um sistema de laser para deteção da batimetria costeira. A combinação destas tecnologias permite observar a formação de agueiros e estudar melhor os processos associados à erosão costeira. Trata-se de uma plataforma inovadora que irá compreender como se forma a erosão, identificar os invernos mais agressivos e os locais da costa mais vulneráveis.
A interação entre o Município de Mira e a Universidade Aveiro tem sido dinamizada através de vários projetos de investigação do CESAM, como refere Paulo Baganha, Investigador no CESAM/DGEO, ”Esta nova plataforma de monitorização é significativamente mais avançada e, atualmente, única no país com estas capacidades aplicadas à monitorização da faixa costeira e da erosão. Permite salvaguardar o cordão dunar e orientar as intervenções necessárias com maior eficácia”.
Destaca-se, neste contexto, o Projeto A-AAGORA das Missões do Atlântico, no qual o sistema de videomonitorização irá permitir fornecer, em tempo real, serviços óticos de avaliação da linha de costa, e o projeto SHORESAFTY onde será gerado um modelo de topo assimétrico que inclui, para a área emersa da praia, a criação automática do modelo topográfico a partir da conjugação de vídeo e laser. Já na parte submersa, serão aplicados métodos de impressão batimétrica para estimar a batimetria costeira.
A investigação desenvolvida pelo cluster de investigação RC1 – Mar Profundo, Oceano e Ecossistemas de Transição do CESAM contribui igualmente de forma decisiva para a compreensão dos mecanismos associados às alterações climáticas. Este conhecimento, transversal às áreas científicas do centro, fundamenta o desenvolvimento de estratégias de adaptação e reforça os esforços de mitigação, com destaque para o trabalho realizado na Praia de Mira como exemplo emblemático da aplicação prática desta investigação.
Este trabalho está também a ser desenvolvido em colaboração com a empresa R5 Marine Solutions, responsável pela implementação das tecnologias desenvolvidas e atualmente parte integrante do living lab do projeto A-AAGORA.
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João Carvalho, investigador do CESAM/DBIO, foi o convidado do mais recente episódio do podcast “Science Cast”.
Neste episódio, João Carvalho falou sobre o seu percurso académico e os temas centrais da sua investigação, que incluem ecologia da paisagem, dinâmica populacional de espécies silvestres e conservação da biodiversidade. Um dos destaques da conversa foi a cabra-montês, espécie emblemática da fauna ibérica.
A cabra-montês, outrora extinta em território português, tem sido alvo de esforços de reintrodução e monitorização em regiões montanhosas como o Parque Nacional da Peneda-Gerês. João Carvalho explicou como a sua equipa utiliza técnicas avançadas de modelação ecológica e sistemas de informação geográfica (SIG) para estudar os padrões de movimentação, desta e de outras espécies, e como os relaciona com a utilização do habitat. Estes dados são essenciais para compreender a viabilidade das populações reintroduzidas e planear medidas de gestão adaptativas.
No podcast, o investigador realçou também a importância da ciência cidadã, incentivando os cidadãos a colaborarem com os projetos de monitorização.
Este episódio do “Science Cast” oferece uma perspetiva clara e envolvente sobre os desafios da conservação da fauna silvestre em Portugal e reforça a importância do papel da ciência na proteção dos ecossistemas naturais.
Veja a entrevista completa aqui
A FCT divulgou os resultados provisórios do processo de avaliação internacional das Unidades de I&D, atribuindo ao CESAM a classificação de Excelente. A avaliação incidiu sobre as atividades científicas e tecnológicas desenvolvidas entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de dezembro de 2023, bem como sobre os objetivos, estratégia, plano de atividades e estrutura organizacional para o período de 2025 a 2029.
O CESAM, Unidade de Investigação da Universidade de Aveiro (UA), com o estatuto de Laboratório Associado desde 2005 e classificado com a nota máxima de Excelente desde 2014, foi uma das 14 unidades da UA a obter novamente esta distinção no presente exercício de avaliação.
Destacando-se entre todas as que concorreram na área de Ciências e Tecnologias da Terra e do Ambiente, o CESAM foi a única unidade a obter a classificação máxima, alcançando assim a melhor avaliação nacional nesta área. Entre os concorrentes nesta área encontram-se o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (CIIMAR, Universidade do Porto), o Instituto Dom Luiz (Universidade de Lisboa), o Centro de Ciências e Tecnologias Nucleares (Universidade Nova de Lisboa) e o Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA, Universidade do Algarve). Com uma pontuação global de 15 em 15, o CESAM foi também a Unidade de Investigação nacional mais bem classificada entre aquelas cuja atividade se centra, total ou parcialmente, na área do Mar, mesmo entre as que submeteram a sua candidatura a painéis de avaliação de outras áreas científicas.
«Esta é a primeira vez que o CESAM é avaliado com a pontuação máxima em todos os critérios. Este resultado consolida e valida as opções estratégicas que temos vindo a adotar e demonstra a qualidade internacional de toda a nossa equipa. Com a ambição de nos afirmarmos como um centro de excelência internacional em ciências do ambiente e do mar, esta avaliação representa um importante estímulo e reconhecimento na prossecução da nossa missão: promover uma investigação transdisciplinar e transformadora que responda aos desafios ambientais e marinhos, abrangendo as interações entre atmosfera, solos, rios, águas de transição e oceano», afirma o Diretor do CESAM, Professor Amadeu Soares.
Através de investigação fundamental e aplicada, o CESAM desenvolve soluções sustentáveis para a gestão e conservação dos recursos naturais e da biodiversidade, promovendo o bem-estar dos ecossistemas e da humanidade. Adotando a abordagem Uma Só Saúde — que reconhece a interligação entre a saúde humana, animal e ambiental, tendo em conta os processos de mudança global — o CESAM contribui ativamente para a formulação de políticas públicas e para o apoio à tomada de decisão.
A Cuidar do Futuro.
A Universidade de Aveiro (UA) celebrou, no dia 16 de abril, a 4.ª edição da Cerimónia de Entrega de Prémios UA, um evento anual que enaltece a excelência académica nas diversas áreas da vida universitária. Entre os distinguidos deste ano, o Prémio Investigador foi atribuído a José Alves do CESAM/DBIO pela sua contribuição notável na área da ecologia e conservação da biodiversidade.
Para José Alves, o prémio representa mais do que um reconhecimento individual. “Este prémio só é possível mediante as condições proporcionadas pelas estruturas de apoio à investigação que existem na UA e, no meu caso concreto, no CESAM”, frisou o investigador. De acordo com o premiado, a distinção é, acima de tudo, um reflexo do trabalho coletivo desenvolvido na instituição, onde o apoio diário de colegas e colaboradores é fundamental para a produção de ciência de excelência.
José Alves destaca ainda a importância simbólica do prémio: “Este reconhecimento coloca na linha da frente a ecologia e a conservação da biodiversidade”, referindo que esta é uma área científica onde a inovação e a transferência de conhecimento para a sociedade se concretizam mesmo sem registo de patentes ou produtos com elevado grau de maturidade tecnológica. “É um sinal de que também a ciência fundamental tem lugar de destaque numa altura em que enfrenta sérias ameaças”, sublinha.
A investigação de José Alves incide sobre as aves migradoras e os seus complexos ciclos de vida que atravessam os biomas ártico, temperado e tropical. O trabalho realizado em colaboração com uma vasta rede de investigadores ao longo da rota migratória do Atlântico Leste — e, mais recentemente, noutros territórios — tem contribuído para a compreensão dos desafios ecológicos enfrentados por estas espécies, alertando para a necessidade de proteger os ecossistemas naturais dos quais a humanidade depende.
“Este prémio espelha em grande medida o trabalho e a contribuição de muitos colaboradores”, afirmou José Alves, referindo-se aos estudantes de mestrado e doutoramento, investigadores do seu grupo e parceiros internacionais com quem desenvolve projetos transcontinentais.
A atribuição do Prémio Investigador a José Alves reafirma o papel do CESAM como uma unidade de investigação de referência na produção científica e no seu compromisso com a sustentabilidade ambiental. Ao reconhecer o mérito de quem investiga fenómenos globais com impacto local, a Universidade contribui para que o conhecimento gerado ultrapasse os muros da academia e beneficie toda a sociedade.

Portugal está a dar um passo decisivo na transformação da sua economia do mar. Num relatório recente, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) delineou uma estratégia abrangente para reforçar a coerência das políticas públicas e fortalecer a capacidade institucional do país no setor marítimo.
O documento, intitulado “Melhorar a Coerência das Políticas para a Economia do Mar em Portugal: Um Plano Estratégico para os Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos”, resulta de um projeto de dois anos que contou com a colaboração do Governo português, da Comissão Europeia e de diversos atores dos setores público e privado.
A publicação surge numa altura crítica, com Portugal a preparar a implementação do seu Plano Estratégico 2030, liderado pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), organismo sob a tutela do Ministério da Economia e do Mar. O objetivo é claro: colocar a economia azul no centro da estratégia de desenvolvimento sustentável do país.
Com jurisdição sobre cerca de 50% das águas marinhas da União Europeia e uma extensa área do Atlântico Nordeste sob gestão, Portugal é uma potência oceânica natural. O relatório da OCDE sublinha a relevância estratégica do país na promoção da sustentabilidade marítima a nível global, lembrando que a economia do mar representa 3,4% do PIB mundial — um ativo de peso e uma responsabilidade partilhada.
Apesar do seu enorme potencial, o setor marítimo português enfrenta desafios significativos, sobretudo ao nível da governação. A análise da OCDE identifica limitações institucionais e conflitos entre setores, como a expansão da energia eólica offshore e a atividade piscatória tradicional.
A DGRM, entidade central na administração marítima portuguesa, apresenta competências sobrepostas em áreas como segurança, pescas, aquicultura e ordenamento do espaço marítimo. O relatório aponta que esta fragmentação compromete a eficácia da ação pública e limita a resposta aos desafios emergentes.
Para impulsionar uma mudança estrutural, a OCDE propõe um conjunto de seis recomendações estratégicas:
- Aplicar a abordagem PCSD (Políticas Coerentes para o Desenvolvimento Sustentável): Integrar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU nas estratégias e operações nacionais.
- Transformar a DGRM numa agência autónoma: Aumentar a capacidade de execução e melhorar a coordenação entre ministérios.
- Reforçar o investimento em recursos humanos e financeiros: Priorizar a formação e o recrutamento, sobretudo em áreas como monitorização ambiental e digitalização.
- Acelerar a transição digital: Criar plataformas de dados em tempo real e garantir a interoperabilidade entre sistemas.
- Implementar projetos-piloto: Testar novas abordagens em áreas críticas como a aquicultura e o ordenamento do espaço marítimo.
- Promover liderança institucional: Assegurar que os princípios de sustentabilidade estejam no centro da governação oceânica.
Neste contexto de transformação, o papel das instituições científicas é central. O CESAM — Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro — tem vindo a afirmar-se como um pilar da investigação interdisciplinar ligada ao oceano, baseando-se na abordagem Uma Só Saúde, que reconhece a interdependência entre a saúde humana, animal e ambiental. Esta abordagem considera também os processos de mudança global, contribuindo ativamente para a formulação de políticas públicas e o apoio à tomada de decisões informadas.
A investigação desenvolvida no CESAM alinha-se com a missão da União Europeia de alcançar a “Recuperação dos nossos oceanos e águas até 2030” e representa um importante contributo científico e estratégico para a economia azul portuguesa.
O investimento da Universidade de Aveiro e do CESAM em infraestruturas de investigação no domínio do mar tem sido particularmente relevante em áreas como a economia circular, a aquacultura multitrófica e a gestão sustentável dos recursos marinhos. Estes investimentos interligam-se com os seus clusters de investigação:
• RC1 – Mar Profundo, Oceano e Ecossistemas de Transição
• RC3 – Modelação Oceânica e Atmosférica
• RC4 – Gestão e Conservação dos Ecossistemas
• RC6 – Economia Circular, Otimização dos Recursos e Energia
A articulação entre ciência, inovação e política pública, promovida por centros como o CESAM, reforça a capacidade nacional para enfrentar os desafios do oceano com soluções integradas e sustentáveis. Com a Estratégia Nacional para o Mar 2021–2030 em marcha, o relatório da OCDE sublinha a oportunidade única de institucionalizar práticas inovadoras e sustentáveis. O sucesso deste plano poderá posicionar Portugal como uma referência internacional na governação do oceano.
À medida que se aproxima a Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano, marcada para 2025 em Nice, Portugal pode liderar pelo exemplo — demonstrando como é possível aliar desenvolvimento económico, conhecimento científico e preservação ambiental numa visão integrada para os oceanos.
O Dia Nacional do Ar foi instituído em 2019 e celebra-se anualmente a 12 de abril com o objetivo de refletirmos sobre a importância da qualidade do ar que respiramos e os desafios que enfrentamos para garantir a sua não degradação. Este dia surgiu como uma resposta à crescente preocupação com a poluição atmosférica e os seus impactos na saúde pública e no meio ambiente. A sua criação visa sensibilizar a população e os decisores políticos para a necessidade de medidas eficazes na redução das emissões poluentes e na melhoria da qualidade do ar que respiramos.
Atualmente, a poluição do ar é a principal causa de morte ambiental a nível global, sendo segundo a Organização Mundial de Saúde, responsável por cerca de 7 milhões de mortes prematuras todos os anos. A exposição prolongada a poluentes atmosféricos está associada a doenças respiratórias, cardiovasculares e a problemas no desenvolvimento infantil, tornando urgente uma ação coordenada para enfrentar este problema.
Em Portugal, diversas instituições académicas e científicas têm desenvolvido investigação na área da qualidade do ar, contribuindo para um melhor entendimento do impacto que a poluição tem na qualidade do ar e para a implementação de soluções mais sustentáveis. O Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), da Universidade de Aveiro, destaca-se nesta área, sendo um dos principais centros de investigação sobre qualidade do ar no país. Os investigadores do CESAM trabalham no desenvolvimento de modelos preditivos da qualidade do ar, na monitorização da poluição e na definição de estratégias para mitigar os seus efeitos nocivos.
Uma pesquisa sobre o envolvimento de Portugal em projetos europeus de investigação na área da qualidade do ar (plataforma CORDIS) revelou que, num total de 92 projetos, a Universidade de Aveiro (UA) lidera esta participação com envolvimento em 10 projetos financiados nesta área, seguida da Universidade Nova de Lisboa, participante em 4 projetos.
Estes dados refletem o esforço contínuo das instituições científicas portuguesas em abordar a problemática da poluição atmosférica e contribuir para a melhoria da qualidade do ar que respiramos. Mas isto por si não chega, será necessário um compromisso coletivo com a investigação, a consciencialização e envolvimento dos cidadãos e a implementação de políticas eficazes para um futuro mais sustentável e saudável para todos.
O CESAM desenvolve investigação na área da qualidade do ar através do cluster RC3 – Modelação Oceânica e Atmosférica. Este cluster de investigação foca-se na monitorização e previsão da qualidade do ar, no estudo da sua origem e impacto, e na definição de estratégias para a sua mitigação. A abordagem do cluster de investigação permite ao CESAM contribuir ativamente para políticas públicas.
O Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA) orgulha-se de desempenhar um papel central na conceção do Pavilhão de Portugal na EXPO 2025 Osaka, sob o tema “Diálogos de Resiliência Azul – Oceano”. Esta temática foi escolhida para destacar a liderança de Portugal na exploração científica e económica do oceano, evidenciando o seu papel central, no passado, presente e futuro, na construção das relações internacionais e na promoção do desenvolvimento sustentável.
“A nossa participação na EXPO 2025 Osaka é um testemunho do compromisso da Universidade de Aveiro com o conhecimento do oceano, a inovação na vanguarda da biotecnologia azul e a cooperação internacional”, afirma Helena Vieira, investigadora no CESAM/DAO e responsável pela equipa envolvida no projeto. As suas palavras são reforçadas pelo Diretor do CESAM, Amadeu Soares, que sublinha: “Esta é uma oportunidade única para partilhar a nossa ciência com o mundo e inspirar novas ligações em torno de futuros sustentáveis para o oceano.”
Integrado num esforço nacional para reforçar a profunda ligação de Portugal ao mar, o CESAM/UA contribuiu para o desenvolvimento conceptual e científico do Pavilhão, com especial ênfase na promissora área da biotecnologia azul. Com base na investigação de excelência e na inovação desenvolvidas na Universidade, o CESAM/UA forneceu um conjunto diversificado de materiais, incluindo conceitos, textos, imagens, vídeos e casos de sucesso nacionais, que demonstram os avanços de Portugal na utilização sustentável dos biorrecursos marinhos, no desenvolvimento de novos bioprodutos e em soluções baseadas no oceano para enfrentar os desafios globais.
A biotecnologia azul, um dos setores mais dinâmicos e em rápido crescimento da economia azul, ocupa um lugar de destaque na narrativa do Pavilhão. Graças aos contributos do CESAM/UA, os visitantes internacionais poderão descobrir de que forma os organismos marinhos estão a ser utilizados no desenvolvimento de novos fármacos, cosméticos, produtos alimentares e tecnologias ambientais inovadoras, com exemplos reais provenientes da investigação e indústria portuguesas.
Sob o mote “O Oceano como Futuro Global”, o Pavilhão de Portugal oferecerá a milhões de visitantes de todo o mundo uma experiência interativa que explora como o oceano molda culturas, sustenta economias e constitui a base da resiliência do planeta. A EXPO 2025 decorre de abril a outubro, na ilha de Yumeshima, no Japão, e espera receber mais de 28 milhões de visitantes.
Para saber mais sobre o trabalho da UA/CESAM na área da biotecnologia azul, visite: www.cesam-la.pt
A casca e o caroço do abacate contêm compostos bioativos valiosos oferecendo uma alternativa sustentável com benefício à saúde e potencial aplicação em diversos setores industriais. A descoberta é de uma equipa de investigadoras da Universidade de Aveiro (UA) que, numa segunda fase, quer fomentar a exploração mais sustentável do abacate reaproveitando dos seus resíduos para produção de ingredientes de alto valor que possam ser utilizados nos setores alimentar, cosmético ou nutracêutico.
Os resultados da investigação demonstraram que os subprodutos do abacate Hass, a variedade mais produzida e consumida mundialmente, especialmente a sua casca, possuem biomoléculas com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. “Entre as biomoléculas de interesse destacam-se as gorduras como os ácidos gordos essenciais ómega-3 e ómega-6 e lípidos mais complexos que transportam estes ácidos gordos”, aponta a investigadora Bruna Neves, do Laboratório de Lipidómica do Departamento de Química da UA que, a par da investigadora Tânia Melo e da professora Maria Rosário Domingues assinam o trabalho.
Pela primeira vez, são identificados lipidos ricos em ácidos gordos essenciais ómega-3 e ómega-6 no abacate Hass. Curiosamente, observa a investigadora, “a casca do abacate contém uma maior quantidade de gorduras ómega-3, enquanto o caroço é predominantemente rico em gorduras com ácidos gordos ómega-6”. Além disso, “estes subprodutos do abacate são também ricos em ácido oleico tal como o azeite, sendo estas gorduras bastante benéficas para a saúde”.

Assim, graças às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e ao facto de serem ricos em gorduras com ómegas-3, 6 e 9, sublinha Bruna Neves, “a casca e o caroço do abacate podem auxiliar na prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, contribuindo assim para o bom funcionamento do coração e para a saúde do cérebro, e reduzem o envelhecimento precoce além de serem bons para a saúde da pele”.
A equipa do Laboratório de Lipidómica da UA garante que a casca e caroço do abacate são ótimos candidatos para serem utilizados como fontes de ingredientes nutricionais e bioativos, tanto para alimentos quanto para produtos cosméticos.
“Estes subprodutos podem ser utilizados como fontes de antioxidantes naturais, substituindo os sintéticos e, assim, aumentando a vida útil e melhorando a estabilidade oxidativa de produtos alimentícios, cremes e cosméticos naturais”, adiantam.
Além disso, a casca e o caroço podem ser usados como fontes de emulsionantes contribuindo para o desenvolvimento de alimentos e cosméticos mais ecológicos. Podem também ser usados como fontes de compostos de valor agregado em várias formulações (óleos, cápsulas ou ampolas), fornecendo ingredientes ativos que aprimoram as propriedades nutricionais e nutracêuticas dos produtos. Portanto, lembra Bruna Neves, “ao reaproveitarmos esses subprodutos, não só evitamos desperdício e ajudamos o meio ambiente, como também promovemos uma economia circular e sustentável, aproveitando tudo o que o abacate tem a oferecer”.
Este trabalho apresenta resultados de uma das linhas de investigação do projeto de doutoramento de Bruna Neves, intitulado “Valorization of Portuguese AVOcado as a source of high added-value BIoactive lipids using OMICS-based approaches”.
Notícia original em: Notícias UA, 08 abril 2025
No passado dia 24 de março, a investigadora Goreti Pereira, do CESAM/DQ, regressou a Braga, a sua terra natal, para participar no programa “Cientista Regressa à Escola”, uma iniciativa promovida pela organização Native Scientists. A atividade teve lugar nas escolas EB do Bairro Económico e EB de Santa Tecla e proporcionou uma sessão muito especial, que procurou inspirar os alunos através da ciência e do exemplo de uma investigadora que, em tempos, frequentou escolas como as deles.
Durante a oficina, Goreti Pereira falou sobre um tema atual e de enorme relevância: a contaminação das águas por fármacos. Explicou de forma acessível como o uso generalizado de medicamentos – tanto na saúde humana como na veterinária – tem levado à presença recorrente de resíduos farmacêuticos em sistemas aquáticos, devido à eliminação incompleta destes compostos nas estações de tratamento de águas residuais. Muitos destes contaminantes não são completamente removidos pelos métodos tradicionais de tratamento, acumulando-se nos ambientes naturais e podendo afetar organismos aquáticos, ecossistemas e até a saúde humana, através da água que consumimos. A investigadora partilhou ainda os avanços do seu grupo de investigação no desenvolvimento de tecnologias mais eficazes e sustentáveis para remover estes poluentes emergentes da água, contribuindo para soluções inovadoras e ambientalmente seguras.
Esta iniciativa da Native Scientists visa aproximar a ciência das crianças, promovendo o diálogo entre cientistas e alunos em contexto escolar, e despertando o interesse pela investigação científica desde os primeiros anos de ensino. O envolvimento de cientistas como Goreti Pereira nestes projetos é essencial para fomentar uma sociedade mais informada, crítica e curiosa, além de reforçar o papel transformador da ciência na construção de um futuro mais sustentável.
A investigadora do CESAM Rosa Freitas, professora do Departamento de Biologia (DBIO) da Universidade de Aveiro (UA), é a convidada do mais recente episódio do podcast “Science Cast”, onde partilha a sua experiência e os avanços científicos na área da biologia marinha.
Sob o título “No Ritmo da Maré: Bivalves, Poluentes e Alterações Climáticas”, o episódio destaca o trabalho que Rosa Freitas tem desenvolvido ao longo dos últimos anos, focando-se no estudo de bivalves e a forma como estes organismos marinhos reagem à crescente pressão dos poluentes emergentes e das alterações climáticas.
A investigadora coordenou projetos de referência como o “BISPECIAI” e o “COCKLES”, que visaram avaliar os impactos de múltiplos fatores de stress ambiental nestas espécies. O objetivo da sua atividade é gerar conhecimento científico que sustente estratégias de conservação, promova soluções sustentáveis, e contribua para a resiliência dos ecossistemas marinhos.
Os bivalves são verdadeiros sentinelas do ambiente, afirma Rosa Freitas no podcast, destacando a importância destes organismos como indicadores da saúde dos ecossistemas costeiros. A sua investigação oferece pistas valiosas sobre como ecossistemas de transição, como as zonas estuarinas, estão a responder às atividades humanas e às mudanças climáticas.
O episódio está disponível nas principais plataformas de streaming e redes sociais do “Science Cast”, sendo uma oportunidade para o público conhecer de forma acessível e envolvente a ciência que se faz em Portugal.
Não perca este episódio e descubra como a ciência portuguesa está a enfrentar os desafios ambientais do nosso tempo.
Veja a entrevista completa aqui