O artigo intitulado “Mammal responses to global changes in human activity vary by trophic group and landscape”, publicado na Nature Ecology and Evolution e que contou com a participação dos investigadores do CESAM/Dbio, Rita Torres e João Carvalho, é um dos maiores estudos sobre a atividade de animais selvagens, contabilizando mais de 163 espécies de mamíferos e perto de 5000 câmaras de armadilhagem fotográfica em todo o mundo, e revela que dependendo da paisagem onde habitam e dos seus hábitos alimentares, os animais reagem de forma diferente à atividade humana.

Os herbívoros tendem a ser mais ativos quando a atividade humana aumenta, enquanto os carnívoros revelam uma resposta contrária. Em paisagens menos modificadas, como espaços rurais, os mamíferos tendem a ser menos ativos com o aumento da atividade humana; enquanto em paisagens altamente modificadas, como as cidades, os mamíferos tornaram-se particularmente ativos durante o período noturno.

Estes resultados sublinham a importância da adoção de medidas para minimizar quaisquer efeitos prejudiciais da perturbação humana na vida selvagem, incluindo a redução de sobreposições que possam conduzir a conflitos.

No passado dia 23 de fevereiro, a Universidade de Aveiro (UA) recebeu a visita de dois membros da Comissão Executiva (CE) da Agenda InsectERA para uma reunião de acompanhamento do projeto e visita aos laboratórios onde decorrem os trabalhos de investigação.

Esta ação integra a estratégia estabelecida pela Comissão Europeia de visitar todos os parceiros para promover uma efetiva aproximação e ligação dentro da Agenda.

Recorde-se que a Agenda Mobilizadora InsectERA é uma das 22 Agendas Mobilizadoras/Verdes para a Inovação Empresarial do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em que a UA participa. Em concreto, esta Agenda visa explorar o potencial dos insetos como uma ferramenta bioindustrial e conta com um investimento elegível de 1.7 milhões de euros na UA.

Nas instalações da universidade, o grupo visitou o laboratório de Ecologia Aplicada e Ecotoxicologia – CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), onde estão a decorrer experiências dos Work Package (WP) In Frass e OneHealth. Trata-se de experiências de utilização de fertilizantes orgânicos gerados a partir da bioconversão dos insetos e a avaliação dos desafios, benefícios e soluções para a saúde humana, animal e ambiental ao longo da cadeia de valor e o impacto de cada produto e serviço gerado. Esta visita foi acompanhada pela professora Susana Loureiro, que mostrou o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido.

Foi também visitado o Complexo de Laboratórios Tecnológicos onde está a decorrer trabalho no âmbito do WP In4.0, numa visita liderada pela investigadora Mara Freire. Este WP visa aumentar a capacidade de produção de insetos com a aplicação de sistemas automatizados e novas técnicas de processamento de insetos e otimização da produção, dando origem a uma nova gestão de produção e software de rastreabilidade, aumentando a produtividade e eficiência para produtores de insetos.

No âmbito desta ação, os membros da Comissão Executiva reuniram ainda com as investigadoras responsáveis pelos três projetos da Agenda na UA: Susana Loureiro, Paula Quinteiro, Mara Freire e respetivas equipas. Foram apresentados o ponto de situação de cada projeto e os resultados obtidos, bem como obstáculos enfrentados, compartilhando informações e promovendo trocas de ideias. 

Mais informações e atualizações sobre os desenvolvimentos da Agenda podem ser acompanhados em https://www.insectera.pt/.

Texto por: Notícias UA.

Cada vez mais frequentes um pouco por todo o planeta, também a Península Ibérica será afetada pelas secas durante este século. Esta é a principal conclusão de um estudo realizado na Universidade de Aveiro (UA) que prevê alterações no regime de secas, que poderão trazer alterações ao modo de vida de portugueses e espanhóis.

Realizado pelos investigadores João Miguel Dias e Humberto Pereira, do Departamento de Física (DFis) e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da UA, em colaboração com as investigadoras Nieves Lorenzo e Ines Alvarez da Universidade de Vigo, o estudo, publicado na revista Atmospheric Research, caracteriza a ocorrência e a variabilidade espacial das secas na Península Ibérica nos próximos 50 anos considerando dois cenários de concentração de gases de efeito estufa na atmosfera (um moderado e um severo) definidos pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPPC).

Neste contexto, foram analisados dois tipos de secas: as meteorológicas (que se definem como uma medida do desvio da precipitação em relação ao valor normal/esperado) e as hidrológicas (que se relacionam com a redução dos níveis médios de água nos reservatórios e no solo).

“Os principais resultados do estudo revelam que, para ambos os cenários do IPCC, as secas meteorológicas serão globalmente menos frequentes na Península Ibérica no período compreendido entre 2006-2040, mas mais intensas e duradouras na região Este da Península Ibérica, intensificando-se este efeito ao longo do século XXI”, aponta Humberto Pereira.

Até 2040, adianta o investigador, “prevê-se que as secas hidrológicas sejam mais comuns e intensas na região noroeste da Península Ibérica, e menos frequentes, mas mais duradouras nas restantes regiões da península”. Para o período de 2041 a 2075, a frequência e a intensidade destas secas registam uma diminuição no cenário mais moderado, e um ligeiro aumento no cenário mais severo.

A previsão das características espaciais e temporais das secas “é crucial para compreender e mitigar os seus impactos futuros nos ecossistemas da Península Ibérica e reduzir os potenciais riscos decorrentes das mesmas”.

As secas meteorológicas e hidrológicas podem ter diversas consequências na região em estudo. Os investigadores da UA apontam que “a nível económico poderão resultar em impactos negativos para a agricultura, o turismo, e a produção de energia; a nível ambiental terão impactos negativos para a biodiversidade da região, degradação dos solos, e potencial aumento do risco de incêndios florestais; e a nível social com a possível escassez de água potável para a população”.

De referir que os resultados foram obtidos utilizando o Standardized Precipitation Index (SPI), um índice amplamente utilizado para caraterizar o regime de seca em diferentes escalas temporais, que se baseia exclusivamente na precipitação. “É sabido que os fenómenos de seca podem ser influenciados por outros fatores, como a temperatura do ar, a sazonalidade, e até as características do terreno, o que requer uma caraterização e previsão mais complexa destes fenómenos”, diz João Miguel Dias.

Texto por: Notícias UA.

Organizado pela primeira vez em 2023, o European Ocean Days decorreu na semana de 4 a 8 de março e incluiu uma série de eventos relacionados com temas marítimos europeus, nomeadamente a Missão da EU “Restaurar Oceanos e Águas”, prioridades futuras para os mares da Europa, inovação azul e oportunidades de investimento, bem como atividades de literacia do oceano. No dia 4 de março, o projeto A-AAGORA esteve presente no evento de matchmaking, organizado pelo CINEA, que reuniu 40 projetos de investigação da Missão e CSAs, aos quais se juntarão em breve mais 23 projetos do Horizon Europe em fase de negociação. Esta reunião privada foi um momento importante para a Missão Oceanos, pois foi a primeira vez que todos os projetos financiados pela Missão se reuniram na mesma sala. A reunião teve como objetivo promover a colaboração e discutir os principais desafios para proteger o ambiente marinho da Europa e o A-AAGORA contribuiu ativamente nos painéis de discussão. O segundo Fórum Anual da Missão “Restaurar os nossos Oceanos e Águas” teve lugar no dia 5 de março, para fazer um balanço do progresso da Missão, e ao mesmo tempo, mobilizar os intervenientes relevantes em torno dos principais resultados e preparar o terreno para a próxima fase da Missão, passando da demonstração à implementação. Esta foi também uma oportunidade para os coordenadores do A-AAGORA, Climarest, Prep4Blue e BlueMissionAA estarem juntos e discutirem sinergias e possíveis colaborações.

Na quarta-feira, dia 6 de março, Ana Lillebø, coordenadora do A-AAGORA, participou no evento paralelo no Parlamento Europeu como signatária da Missão, em representação da Universidade de Aveiro. Esta foi uma oportunidade para discutir as Missões em conjunto com os membros do Parlamento Europeu sobre como contribuir para transformar ideias em ações concretas, onde os cidadãos europeus votam.

A 11.ª edição da Cimeira Mundial dos Oceanos (World Ocean Summit), um evento do Economist, regressou à FIL, Lisboa, de 11 a 13 de março, para fomentar a partilha de informação e o desenvolvimento de ações na transição para uma economia oceânica sustentável. 

Helena Vieira, investigadora do CESAM, Universidade de Aveiro, e ERA Chair do projeto BESIDE, participou como oradora convidada no painel “How can research, technology and innovation come together to restore ocean health?”, que decorreu no dia 11 de março, às 17h10. Esta sessão discutiu por que é difícil promover a colaboração e implementar soluções multi-stakeholder para um oceano sustentável, e como a mais recente investigação e tecnologia podem contribuir para uma economia circular. 

Sendo uma investigadora especialista em  inovação em bioeconomia azul sustentável e liderando uma equipa de investigadores e estudantes que desenvolvem conhecimento científico no campo mais amplo da Economia Ambiental e dos Recursos Naturais, Helena espera alavancar ainda mais a posição e experiência do CESAM nesta área e demonstrar como a ciência pode impactar a tomada de decisões estratégicas para os decisores políticos e para as indústrias que visam mudar o paradigma social do desenvolvimento sustentável. 

O World Ocean Summit é um evento anual de referência, do grupo Economist, que reúne representantes governamentais, decisores políticos nacionais e internacionais, empresários e financeiros, membros da sociedade civil e da academia.  Com mais de 200 oradores de toda a comunidade global dos oceanos e mais de 1.500 participantes, o evento oferece uma excelente plataforma para networking, brainstorming e apresentação de soluções práticas para empresas e organizações que trabalham no restauro da saúde dos oceanos. 

A agenda de 2024 centra-se na saúde dos oceanos, nas estratégias industriais para acelerar a economia oceânica sustentável e nas soluções oceano-clima.  

Esta semana, de 5 a 7 de março, o CESAM irá sediar um workshop internacional para desenvolver os primeiros mapas em escala do Atlântico da distribuição de espécies e habitats-chave para desenvolver um gémeo digital da biodiversidade do oceano profundo.

O workshop, co-organizado pela Universidade de Aveiro e pela Universidade de Plymouth, no âmbito do Programa Década dos Oceanos da ONU, Challenger 150 (www.challenger150.world), é apoiado pelo Departamento de Ciência, Inovação e Tecnologia do Reino Unido. Investigadores de 12 países (Portugal, Reino Unido, Noruega, Islândia, Irlanda, França, Espanha, África do Sul, Canadá, EUA, Brasil, Uruguai e Argentina) estão reunidos para entregar conjuntos de dados unificados em escala do Atlântico para a distribuição de espécies e habitats-chave, apoiando a modelação subsequente das distribuições tanto agora quanto sob cenários de mudança climática.

Prever como o ecossistema biológico marinho irá responder às mudanças climáticas, e aos seus subsequentes impactos na indústria e na sociedade em geral, é um dos principais impulsionadores no desenvolvimento de Gémeos Digitais dos Oceanos. Os Gémeos Digitais são modelos virtuais de um sistema real que permitem simulações para determinar possíveis resultados de diferentes trajetórias de decisão. No entanto, eles requerem terabytes de observações, idealmente feitas em diferentes regiões oceânicas, para modelar as respostas do sistema oceânico a cenários “e se”. Portanto, exigem significativa cooperação internacional. Portugal e o Reino Unido têm uma longa história de investigação oceanográfica. Ambas as nações atualmente co-lideram o programa Challenger 150, que coordena a investigação sobre a biodiversidade do oceano profundo para informar o desenvolvimento sustentável.

O outro lado da investigação é um curso de formação sobre Investigação e Inovação Responsável, Disseminação e Impacto de ciência, coorganizado pelo projeto ERA Chair BESIDE e pelo projeto Twinning EPIBOOST, da Universidade de Aveiro. Dirigida a investigadores e gestores de ciência, esta formação visa melhorar as competências de investigação e escrita de propostas, bem como, no desenho e implementação de estratégias de comunicação eficientes e impactantes para o público e decisores políticos. 

São cinco sessões de 4h/dia que abordam conhecimentos práticos sobre ciência aberta, publicação em acesso aberto, gestão de dados, ética, igualdade de género, participação pública, estratégias de envolvimento de stakeholders, escrita de policy briefs e a incorporação destes elementos numa proposta do Horizonte Europa e na gestão subsequente dos seus resultados científicos.  

As sessões serão dinamizadas por especialistas de renome internacional na área, nomeadamente Andreas Kraemer do Ecologic Institute, Agnieszka Sznyk do INNOWO, Antónia Correia e Pedro Príncipe, da Universidade do Minho e membros peritos de várias redes internacionais de RRI. 

A formação terá lugar online nos dias 3, 10, 17 e 29 de abril, das 14:00 às 18:00. Adicionalmente, haverá uma sessão presencial no dia 30 de abril, dando aos participantes uma oportunidade única de aprendizagem prática. 

A formação é gratuita, mas as vagas são limitadas e é obrigatório efetuar a inscrição até 25 de março aqui

 Saiba mais sobre as diferentes sessões e oradores convidados aqui.

No passado dia 29 de fevereiro, realizou-se no CESAM – Universidade de Aveiro o IIº workshop do projeto europeu SPRINT, dedicado à Transição para uma proteção fitossanitária mais sustentável. O projeto, coordenado nacionalmente por uma equipa do CESAM-UA, visa propor caminhos de transição para uma proteção vegetal mais sustentável, fornecer recomendações de políticas e desenvolver uma agenda de investigação sobre proteção vegetal sustentável.
Com a participação de 25 atores representando diversos setores da cadeia de produção agrícola, incluindo produtores, governança, fabricantes de agroquímicos, produtores de sementes, investigadores, associações de agricultores e cooperativas, o workshop teve como objetivo identificar abordagens e estratégias para reduzir a dependência de pesticidas sintéticos.
O foco das discussões foi direcionado para duas visões principais: a redução do uso de pesticidas sintéticos em 50%, em linha com as metas do Green Deal, e a eliminação total do seu uso. Num ambiente participativo, as discussões foram extremamente produtivas, identificando o caminho e gerando soluções para alcançar uma agricultura mais sustentável, com menor dependência em pesticidas sintéticos.

De 4 a 12 de março está a decorrer na Universidade de Aveiro uma Spring School no âmbito do projeto TWINNING FONDA, coordenado pela nossa investigadora Alexandra Monteiro (CESAM/DAO). Este evento tem como objetivo desenvolver conhecimentos sobre a modelação do nitrogénio e deposição no campo.

Esta Spring School é o primeiro evento organizado pelo consórcio FONDA na Universidade de Aveiro, em estreita colaboração com os parceiros do consórcio TNO (Países Baixos) e a Freie Universität Berlin (FUB). Os participantes têm a oportunidade única de interagir de perto e trocar ideias e experiências com os palestrantes convidados e fazer networking com colegas num ambiente informal e descontraído.

Saiba mais aqui: FONDA (ua.pt)

Ana Hilário, investigadora do CESAM/DBio, marcou presença no programa “Admirável Mundo Novo” da SIC, neste sábado, dia 2 de fevereiro, para abordar o tema do mar profundo e discutir o projeto internacional que co-coordena, o Challenger 150. Este projeto agrega investigadores de 140 instituições e de 52 países, num esforço colaborativo para gerar conhecimento que auxilie na elaboração de políticas mais esclarecidas e responsáveis em relação aos oceanos.

Durante a entrevista, a investigadora partilhou que uma vasta porção do mar profundo permanece inexplorada, sabendo-se menos sobre esta área — que se estende dos 200 aos 11.000 metros abaixo da superfície oceânica — do que sobre a lua. Enfatizou a importância crítica de expandir o nosso conhecimento sobre os oceanos, as espécies que neles habitam, e chamou a atenção para os impactos potencialmente devastadores da mineração no mar profundo.

Ana Hilário frisou ainda que “o mar profundo tem um papel fundamental na regulação do planeta”, sublinhando a importância deste não apenas para a biodiversidade marinha, mas também para o equilíbrio climático global, reforçando a mensagem de que a proteção dos oceanos é indispensável para a sustentabilidade do nosso planeta.

Se não teve oportunidade de assistir em direto, veja o episódio completo aqui.