Com inauguração agendada para 3 de abril, pelas 17h00, a exposição “Um mundo colorido de aranhas” vai estar patente ao público no “Nicho Expositivo” do Departamento de Biologia (DBio), até 30 de junho. Apresenta trabalhos de Aldiro Pereira, António Vieira e Fábio Gomes, que capturaram a beleza e a complexidade de alguns destes organismos. Cada imagem é um testemunho do olhar atento e da sensibilidade destes fotógrafos, que conseguiram destacar detalhes muitas vezes impercetíveis a olho nu.

O mundo das aranhas é fascinante. Mas também é incompreendido e gerador de medos, histórias e mitologias em várias culturas, ao longo dos séculos. Por exemplo, na mitologia grega, Aracne é transformada numa aranha por ter desafiado a deusa Atena; na cultura egípcia, a aranha era vista como um símbolo de proteção e renascimento; na tradição hindu, a aranha é considerada um símbolo da ilusão e da criação do universo e no leste europeu, as aranhas de Natal e as suas teias são protagonistas em histórias populares. Provavelmente, numa perspetiva humana, não haverá organismo mais paciente e persistente, considerando a técnica de caça de algumas espécies.

Morfologicamente, apresentam oito patas (ao contrário dos insetos que apresentam seis patas) e possuem quelíceras que injetam veneno, diferenciando-se anatomicamente dos restantes artrópodes por um plano corporal com cefalotórax (estrutura onde se encontram os olhos) e o abdómen que possui as fieiras que lhes permite a construção de seda. Cada espécie tem as suas próprias características únicas, como a teia de aranha, que pode variar em forma e função.

As aranhas são predadoras generalistas que se alimentam principalmente de insetos e outros invertebrados. Por isso, são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas, pelo papel crucial no controlo de populações de insetos, que podem constituir pragas agrícolas, contribuindo para a saúde das plantações. Além disso, as aranhas são indicadoras importantes da saúde ambiental, pois a sua presença pode refletir a qualidade do habitat. Por outro lado, são alimento para pequenos répteis, anfíbios, insetos e outros aracnídeos.

Devido à sua incrível capacidade de adaptação, as aranhas podem ser encontradas em quase todos os habitats, desde florestas tropicais, a desertos áridos e podendo ocorrer a elevadas altitudes, como nos Himalaias a 6700 metros. Em Portugal são conhecidas cerca de 1000 espécies de aranhas e apenas duas podem causar algum tipo de condição médica: a Viúva-Negra Mediterrânica (Latrodectus Tredecimguttatus) e a Aranha-Violino (Loxosceles rufescens). No entanto, são completamente inofensivas, escolhendo a fuga ao confronto.

Através das lentes de Aldiro Pereira, António Vieira e Fábio Gomes, somos convidados a explorar um mundo fascinante, repleto de cores, formas e texturas únicas. Cada fotografia é uma janela para um universo de descobertas, onde a natureza se revela em toda a sua grandiosidade e diversidade.
A exposição conta com fotografias impressionantes que capturam a beleza e a diversidade das aranhas, destacando a sua diversidade morfológica, comportamental e adaptativa. Espera-se que estas informações pormenorizadas possam contribuir para uma maior aceitação e valorização destes importantes organismos.

Com a curadoria de Aldiro Pereira, esta exposição teve a revisão científica a cargo de Jorge Henriques (investigador CESAM/DBIO) e de Cristóvão Belperin (aluno de doutoramento CESAM/DBIO), que identificaram as espécies de aranhas e legendaram cada uma das imagens.

A exposição pode ser visitada no horário normal de funcionamento do DBio: de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 18h00.

Notícia publicada originalmente em: UA Notícias de 26 março 2025

No passado dia 9 de abril, pelas 17h00, foi inaugurada na Sala Hélène de Beauvoir, na Biblioteca da Universidade de Aveiro (UA), a exposição “A Linha do Clima”, que estará disponível até 21 de maio de 2025. Esta exposição propõe uma reflexão sobre as alterações climáticas, utilizando o croché para transformar dados científicos em arte têxtil. O evento é de entrada livre e promete envolver a comunidade académica e o público numa experiência de sensibilização sobre um dos maiores desafios globais.

A exposição “A Linha do Clima” apresenta 30 cachecóis, cada um representando um ano da série climática de Aveiro, entre 1994 e 2023. Cada carreira de croché simboliza a temperatura média diária de um determinado dia, traduzindo as variações térmicas em peças únicas, feitas à mão. O projeto surge como uma iniciativa coletiva das investigadoras do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Ambiente e Ordenamento (DAO) da Universidade de Aveiro, em colaboração com os Serviços de Biblioteca, Informação Documental e Museologia da UA (SBIDM). 

Mais do que uma exposição, “A Linha do Clima” propõe uma nova forma de comunicar a ciência de maneira sensível e acessível, aproximando a comunidade do conhecimento científico de uma maneira criativa. A arte têxtil emerge como um veículo de reflexão sobre a nossa relação com o planeta e os impactos das mudanças climáticas no nosso dia a dia.

Além da exposição, o evento conta com duas atividades complementares, que têm como objetivo aprofundar o envolvimento do público com atividades práticas relacionadas com o croché e as ciências da atmosfera. Nos dias 10 e 11 de abril, entre as 14h00 e as 18h00, decorreram oficinas de croché na Sala Hélène de Beauvoir. Durante estas sessões, os participantes poderão aprender técnicas de croché e colaborar na produção de novas peças, ao mesmo tempo em que são incentivados a refletir sobre a relação entre a arte e a ciência.

Já no dia 14 de abril, das 16h00 às 18h00, foi realizado o workshop “Aquisição de Dados para Ciências da Atmosfera – ERA5 e CAMS”, na Sala de Formação da Biblioteca da UA. Este workshop tem como foco a utilização da API disponibilizada pelo ECMWF/Programa Copernicus para aceder a dados de reanálise meteorológica e de qualidade do ar.  As inscrições para este workshop são obrigatórias.

O projeto “A Linha do Clima” conta com o apoio da Rosários4, uma marca reconhecida pelo seu compromisso com a sustentabilidade, utilizando fibras ecológicas e tingimentos naturais, o que reflete os valores de consciência ambiental que permeiam toda a exposição.

Calendário de atividades

Exposição: A Linha do Clima

9 de abril a 21 de maio de 2025 | Sala Hélène de Beauvoir, Biblioteca da UA| Entrada livre

Oficinas de Croché

10 e 11 de abril de 2025, 14h00-18h00 | Sala Hélène de Beauvoir, Biblioteca da UA | Entrada livre

Workshop: Aquisição de Dados para Ciências da Atmosfera – ERA5 e CAMS

14 de abril de 2025, 16h00-18h00 | Sala de Formação da Biblioteca da UA | Inscrições obrigatórias

A exposição “A Linha do Clima” é uma oportunidade única para explorar as interseções entre arte e ciência, oferecendo uma nova perspetiva sobre os dados climáticos e a necessidade urgente de agir diante das alterações que já estão a impactar o nosso planeta. Não perca a oportunidade de participar e de se envolver com esta importante discussão.

Notícia publicada originalmente em: UA Notícias de 25 março 2025

O biólogo Carlos Fonseca, do CESAM/DBIO, foi um dos peritos que contribuiu para o Plano de Intervenção para a Floresta 2025-2050. O documento, já apresentado pelo Governo, aponta uma estratégia de intervenção visando criar e potenciar o valor da floresta, aumentando a produtividade e o rendimento dos produtores florestais.

O Plano de Intervenção para a Floresta 2025-2050 assenta nos pilares da valorização, resiliência, propriedade e governança. Este documento, resultante de uma resolução do Conselho de Ministros de 27 de setembro, foi desenvolvido sob a coordenação do Ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, em articulação com outras áreas governativas.

Segundo o professor e investigador Carlos Fonseca, o plano visa criar valor na floresta através do aumento da produtividade, do uso múltiplo e do rendimento dos produtores florestais, que também passa pelos produtos florestais não lenhosos. No âmbito da resiliência aos incêndios, prevê-se o reforço das equipas de investigação de crimes de fogo rural, bem como a ampliação dos recursos da Secretaria de Estado das Florestas para essa finalidade. Além disso, a redução da carga combustível será promovida através da pastorícia e outras atividades, sendo complementada pela monitorização e controlo de espécies invasoras, a valorização do arvoredo autóctone e o fortalecimento do programa de sapadores florestais.

O plano inclui ainda o reforço da intervenção das autarquias, Comunidades Intermunicipais e organizações de produtores florestais na gestão de combustíveis. Prevê-se também a beneficiação e manutenção da rede viária florestal, essencial para facilitar o combate a incêndios e a mobilidade dos agentes florestais.

Outro ponto relevante é a proposta de revisão da legislação, permitindo ao Estado intervir de forma mais célere em propriedades privadas para ações de gestão de combustíveis. Estas medidas visam uma floresta mais sustentável, economicamente viável, garantindo a sua preservação e valorização a longo prazo.

Notícia publicada originalmente em: UA Notícias de 26 março 2025

A meteorologia é uma parte integrante da nossa vida diária, muitas vezes limitada às previsões do tempo que vemos nas notícias. No entanto, vai muito além disso, abrangendo os complexos processos físicos que ocorrem na atmosfera terrestre. Estes processos incluem o clima, que nas últimas décadas tem colocado a meteorologia “sob os holofotes”, devido às alterações climáticas que se têm intensificado em todo o mundo. A meteorologia é, atualmente, uma ciência essencial para prever, compreender e adaptar-se às mudanças climáticas que afetam o nosso planeta.

O CESAM tem um programa de investigação robusto e ativo nas áreas de Meteorologia, Climatologia e Alterações Climáticas, com uma das suas principais linhas de investigação focada precisamente nestes temas. A linha estratégica de investigação TL1 – Alterações Climáticas, Adaptação e Mitigação tem contribuído para o desenvolvimento de novas abordagens no entendimento e combate às alterações climáticas.


Dentro desta linha, o cluster de investigação 3 – Modelação Oceânica e Atmosférica dedica-se à modelação e investigação atmosférica, climática e meteorológica, com foco na previsão de fenómenos climáticos e atmosféricos de grande relevância. O trabalho desenvolvido por este cluster de investigação tem sido determinante na liderança e participação de vários projetos de investigação de grande impacto, tanto a nível nacional como internacional.


Entre os projetos de destaque liderados pelo CESAM, encontram-se:


ClimACT: Um atlas climático para o futuro de Portugal, com foco em estudos de impacto e mitigação das alterações climáticas.
CLICURB: Estudo sobre a qualidade da atmosfera urbana, alterações climáticas e a resiliência das cidades.
FIRESTORM: Investigação sobre a meteorologia e o comportamento das tempestades de fogo, um fenómeno cada vez mais relevante devido aos incêndios florestais.
CLIPE: Análise das alterações climáticas nos episódios extremos de precipitação na Península Ibérica.


Estes, e outros projetos desenvolvidos pelo CESAM, têm proporcionado resultados e contributos para o avanço da ciência meteorológica e climática, reforçando a importância da investigação científica na construção de soluções para enfrentar os desafios das mudanças climáticas.

Vídeo: A meteorologia estuda os fenómenos atmosféricos e climáticos, incluindo as suas causas, comportamento e previsões.

A água é um recurso essencial para a vida, e a sua qualidade tem um impacto direto na saúde humana e no meio ambiente. A contaminação por resíduos industriais, esgotos e pesticidas pode causar doenças e comprometer ecossistemas inteiros. Garantir água limpa hoje é investir no futuro das próximas gerações.

A nova Diretiva Europeia para o Tratamento de Águas Residuais Urbanas Entrou em vigor a 1 de janeiro de 2025, trazendo mudanças significativas na regulamentação ambiental. Pela primeira vez, a diretiva impõe limites para a descarga de contaminantes emergentes, como fármacos, que até então não eram regulados. Esta revisão marca um avanço importante na proteção dos recursos hídricos, atualizando uma legislação com mais de 30 anos.

As águas residuais urbanas são uma das principais fontes de contaminação dos cursos de água superficiais e subterrâneos. A introdução de restrições para compostos até agora desconsiderados reflete a crescente preocupação com os impactos ambientais e na saúde pública. No entanto, apesar dos avanços, algumas abordagens da diretiva têm sido alvo de debate, com especialistas a questionarem a viabilidade e a eficácia de certas medidas.

A implementação desta diretiva representa um primeiro passo essencial para reduzir a pressão dos microcontaminantes sobre os ecossistemas aquáticos. Contudo, será fundamental continuar a avaliar e aperfeiçoar as estratégias adotadas, garantindo uma gestão eficaz e sustentável da qualidade da água na Europa.

Neste contexto, o CESAM (Centro de Estudos do Ambiente e do Mar), através da sua linha temática sobre Gestão Ambiental, Poluição e Modelação, que se centra na investigação de fontes, vias e impactos da poluição ambiental, nomeadamente nos ecossistemas aquáticos, desenvolvendo estratégias inovadoras de monitorização, modelação e gestão para mitigar riscos ambientais e proteger a saúde pública, e particularmente através do seu cluster de investigação 4 – Gestão e conservação dos ecossistemas, tem desempenhado um papel de destaque na concretização de projetos de I&D que visam a gestão sustentada e integrada dos ecossistemas aquáticos.

O projeto LED investiga os efeitos da poluição luminosa, em combinação com a presença de fármacos, como potencial desregulador endócrino em ecossistemas aquáticos urbanos, avaliando impactos a nível fisiológico e ecológico. Já o projeto BMRex, financiado pela União Europeia, desenvolve membranas biocatalíticas inovadoras para degradar micro e nanoplásticos em efluentes de águas residuais, promovendo soluções sustentáveis para a mitigação da poluição por plásticos. Ambos os projetos envolvem equipas do CESAM e abordam desafios emergentes da contaminação ambiental em contextos urbanos e industriais.

O CESAM é a única instituição portuguesa signatária do documento “Statement of support for updated EU water pollution standards”, onde 28 instituições, de 14 países, e cerca de 500 cientistas, de 38 países, apelam à rápida adoção de normas mais rigorosas para combater a poluição química das águas europeias. Este documento reforça a necessidade de atualização da Diretiva Quadro da Água, defendendo o fortalecimento da monitorização e da regulamentação para melhor refletir os reais impactos da poluição química nos ecossistemas aquáticos, nomeadamente a inclusão de novos poluentes que representam riscos significativos para a saúde humana e para o ambiente.

Esta posição reafirma o compromisso do CESAM com a ciência e a proteção ambiental, contribuindo ativamente para a construção de políticas públicas mais eficazes na preservação da qualidade da água e da biodiversidade.

Vídeo: Neste sistema de mesocosmos, que simula troços de rio, investigadores do CESAM testam o efeito de agentes de stress, físicos ou químicos, sobre organismos aquáticos.

No Dia Internacional das Florestas, destacamos o papel vital da ciência na conservação e gestão sustentável dos nossos ecossistemas florestais.

Em 2025, celebramos as Florestas e os Alimentos, explorando a relação entre as florestas e a fertilidade do solo – um elo essencial para a segurança alimentar e a saúde do planeta. Valorizamos também outros serviços dos ecossistemas florestais, como o armazenamento de carbono e a função de habitat para inúmeras espécies de aves, mamíferos e insetos, essenciais para a preservação da biodiversidade.

No CESAM, transformamos décadas de investigação para encontrar soluções inovadoras para os desafios que as florestas enfrentam. Da semente ao solo, desenvolvemos ideias que unem produção sustentável e competitividade, explorando os mecanismos naturais de defesa das árvores e a sua incrível capacidade de adaptação. Estudamos como as espécies florestais respondem a adversidades como a seca, os incêndios, a erosão dos solos e a interação com agentes patogénicos, abordando a sua plasticidade fisiológica para uma gestão florestal mais responsável e eficaz.

No Cluster de investigação 2 – Funções do Solo, Agricultura e Florestas, vários projetos de investigação focam-se na compreensão dos processos do solo e das suas interações com sistemas agrícolas, florestais e ambientais, com o objetivo de desenvolver soluções sustentáveis que promovam a saúde do solo, a resiliência dos ecossistemas e a utilização eficiente dos recursos. Estes projetos avaliam os impactos das atividades humanas, exploram o papel da biodiversidade do solo, do ciclo de nutrientes e do sequestro de carbono, e desenvolvem práticas inovadoras para enfrentar as alterações climáticas. A investigação integra também dimensões socioeconómicas e promove a colaboração transdisciplinar com stakeholders.

Um dos projetos pioneiros, o CCforBio, investiga os benefícios dos corredores ecológicos em plantações florestais, promovendo a biodiversidade e a resiliência face a ameaças como incêndios e invasoras. Com base na Mata Nacional das Dunas de Quiaios, combina restauro ecológico, deteção remota e análise custo-benefício. A investigação apoia a gestão sustentável dos ecossistemas florestais e reforça o papel do CESAM na conservação e monitorização ambiental.

Mais direcionado para as políticas públicas, o projeto HORIZON EUROPE FORADVISE desenvolverá uma rede europeia de organizações, agentes e redes de consultoria florestal, a fim de apoiar a modernização do sector florestal e avançar em direção aos objetivos políticos nacionais e da União Europeia.

A investigação do CESAM apoia a gestão sustentável das florestas, reforçando a sua conservação e monitorização ambiental. Ao integrar conhecimento científico com ações de gestão prioritária, promovemos a resiliência dos ecossistemas florestais face às alterações climáticas e à ação humana, assegurando a sua valorização e sustentabilidade, em alinhamento com as políticas nacionais e europeias.

Vídeo: No CESAM, laboratório de Biologia Funcional Plantas, ativamos as defesas naturais das plantas com estratégias inovadoras a começar na semente. Fortalecemos a resistência das espécies florestais, como o pinheiro, contribuindo para ecossistemas resilientes e sustentáveis, preparando-os para os desafios futuros.

Davide Gamboa, Investigador do CESAM e professor no DGEO da Universidade de Aveiro, é o novo delegado de Portugal para o ECORD Science Support and Advisory Committee (ESSAC). O ECORD – European Consortium of Ocean Research Drilling – é a entidade responsável pela gestão da infraestrutura europeia integrada no programa internacional IODP (International Ocean Drilling Programme), que recentemente iniciou a sua nova fase, o IODP3.

O ESSAC desempenha um papel crucial na coordenação e no planeamento científico-tecnológico, visando maximizar a contribuição da Europa para o IODP. Este programa internacional de investigação marinha tem como objetivo explorar a história e a dinâmica da Terra, utilizando plataformas de investigação oceânicas para recuperar dados registados nos sedimentos e rochas do fundo do mar, bem como monitorizar os ambientes abaixo da superfície do oceano.

O IODP3 depende de infraestruturas financiadas por dois fornecedores de plataformas, com contribuições financeiras de várias agências parceiras. Juntas, essas entidades representam 16 países, cujos cientistas são selecionados para integrar as expedições de investigação do IODP3, realizadas nos oceanos de todo o mundo, e para projetos de investigação de grande escala utilizando arquivos de perfuração oceânica (Scientific Projects using Ocean Drilling Archives – SPARCs).

A nomeação de Davide Gamboa para o cargo de delegado do ESSAC surge como uma oportunidade para fortalecer ainda mais a colaboração científica entre Portugal e a comunidade internacional envolvida no IODP3, em sintonia com a missão do CESAM de promover soluções inovadoras para os desafios ambientais e marinhos.

Patrícia Esquete, investigadora do CESAM/DBIO da Universidade de Aveiro, foi co-chefe da expedição em PUNTA ARENAS, Chile. Uma equipa internacional a bordo do R/V Falkor (too), do Schmidt Ocean Institute, fez uma descoberta inovadora no Mar de Bellingshausen. Após o desprendimento inesperado do iceberg A-84 da Plataforma de Gelo George VI, a 13 de janeiro de 2025, os investigadores adaptaram rapidamente os seus planos de expedição para estudar o fundo do mar recentemente exposto—uma área anteriormente inacessível à humanidade.

A 25 de janeiro, a equipa alcançou as profundezas inexploradas e realizou o primeiro estudo interdisciplinar abrangente da geologia, oceanografia física e biologia da região. O iceberg, com aproximadamente 510 quilómetros quadrados, o tamanho da cidade de Chicago, revelou uma extensão equivalente de fundo marinho para exploração científica.

Patrícia Esquete, co-chefe da expedição e investigadora do CESAM/DBIO da Universidade de Aveiro, realça a importância da descoberta: “Aproveitámos o momento, alterámos o plano da expedição e avançámos para podermos observar o que estava a acontecer nas profundezas. Não esperávamos encontrar um ecossistema tão bonito e próspero. Com base no tamanho dos animais, as comunidades que observámos estão lá há décadas, talvez até centenas de anos.”

A participação da investigadora Patricia Esquete na expedição ao Mar de Bellingshausen reflete o compromisso o CESAM, no âmbito das atividades do Cluster de Investigação Mar Profundo, Oceano e Ecossistemas de Transição, com a ampliação do conhecimento sobre os ecossistemas sob as plataformas de gelo e os impactos das alterações climáticas nas zonas polares.

Durante oito dias, os investigadores utilizaram o veículo operado remotamente (ROV) SuBastian para explorar profundidades até 1.300 metros. As suas observações revelaram um ecossistema florescente, com grandes corais e esponjas que sustentam uma diversidade de vida marinha, incluindo peixes-gelo, enormes aranhas-do-mar e polvos. Esta descoberta oferece uma visão sem precedentes sobre o funcionamento dos ecossistemas sob as plataformas de gelo flutuantes da Antártida.

Além da recolha de amostras biológicas e geológicas, a equipa lançou planadores submarinos autónomos para analisar os efeitos da água de fusão glaciar nas propriedades físicas e químicas da região. Os dados preliminares indicam uma elevada produtividade biológica e um fluxo significativo de água de fusão proveniente da Plataforma de Gelo George VI.

Esta expedição, também noticiada em vários órgãos de informação internacionais (ver, por exemplo, The Washington Post) fez parte do Challenger 150, uma iniciativa global de investigação biológica em águas profundas, endossada pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (COI/UNESCO) como uma Ação da Década do Oceano.

Artur Alves, Professor Associado no CESAM/DBIO da Universidade de Aveiro, é o convidado desta semana no podcast Science Cast, onde abordou o fascinante mundo dos microrganismos e a sua relevância para a biodiversidade, biocontrolo e biotecnologia. Durante a conversa, Artur Alves explicou como estes seres invisíveis, muitas vezes negligenciados, desempenham papéis essenciais na saúde do nosso organismo e a uma escala maior na dos ecossistemas.

O estudo dos microrganismos vai além da biologia básica e envolve aplicações práticas significativas. No campo do biocontrolo, por exemplo, os microrganismos são utilizados para combater pragas agrícolas de forma natural, substituindo produtos químicos nocivos. Na biotecnologia, têm um papel fundamental na produção de compostos bioativos que podem ser usados em tratamentos médicos e em processos industriais mais sustentáveis.

Artur Alves enfatizou, também, a importância dos microrganismos na preservação ambiental, onde desempenham funções cruciais no ciclo de nutrientes e na degradação de poluentes. Na sua investigação no CESAM, procura entender a complexidade e a interação dos microrganismos nos ecossistemas naturais e como essa compreensão pode ser aplicada para promover a saúde humana e o bem-estar ambiental.

A participação de Artur Alves no Science Cast é uma oportunidade para o público saber mais sobre a importância dos microrganismos e o impacto da investigação científica nas áreas de saúde, agricultura e ambiente.

A conversa completa está disponível no canal oficial do podcast Science Cast no YouTube, onde Artur Alves partilha mais detalhes sobre os desafios e as descobertas na área da microbiologia.

Ouça a entrevista completa aqui: Science Cast – Artur Alves

Projeto de reintrodução de veados na Lousã com coordenação científica da UA faz 30 anos

Um dos mais bem-sucedidos programas de reintrodução de espécies selvagens em Portugal e no resto da Europa e teve coordenação científica da Universidade de Aveiro (UA). Três décadas após a reintrodução de cervídeos na serra da Lousã, estima-se que a população de veados ultrapasse os três mil indivíduos, enquanto o número de corços será ainda maior.

Face a este crescimento, o plano de gestão da zona de caça nacional da serra da Lousã contempla agora a possibilidade de se iniciar a exploração cinegética destas espécies nos próximos seis anos.

De acordo com Carlos Fonseca, coordenador científico do Plano de Gestão da Zona de Caça Nacional da Serra da Lousã e investigador da Unidade de Vida Selvagem, do Departamento de Biologia e do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da UA, a estratégia até 2030 passa por monitorizar a população de cervídeos e avaliar o seu impacto negativo, sobretudo na agricultura, floresta e nas vias rodoviárias. Entre as soluções de mitigação em análise, destaca-se o eventual início da caça na Zona de Caça Nacional, algo inédito até ao momento.

“Embora já exista bastante informação, é essencial estabelecer uma base de conhecimento mais detalhada sobre os animais, de forma a ponderar a exploração cinegética tendo em vista a valorização deste território”, explica o investigador.

Caça seletiva poderá avançar nos próximos anos.

A viabilidade da caça dependerá da “quantidade e qualidade” dos animais, adianta Carlos Fonseca, que aponta 2026 ou 2027 como possíveis anos para dar início ao processo. O especialista acredita que há condições para avançar nesse sentido.

Ainda assim, reforça que os métodos de caça a serem adotados serão “essencialmente seletivos”, uma vez que o maciço central da serra da Lousã apresenta as condições ideais para a presença destas espécies, devendo caminhar-se no sentido de se promover uma gestão populacional sustentável.

Notícia publicada originalmente em: UA Notícias de 10 março 2025