Com inauguração agendada para 3 de abril, pelas 17h00, a exposição “Um mundo colorido de aranhas” vai estar patente ao público no “Nicho Expositivo” do Departamento de Biologia (DBio), até 30 de junho. Apresenta trabalhos de Aldiro Pereira, António Vieira e Fábio Gomes, que capturaram a beleza e a complexidade de alguns destes organismos. Cada imagem é um testemunho do olhar atento e da sensibilidade destes fotógrafos, que conseguiram destacar detalhes muitas vezes impercetíveis a olho nu.
O mundo das aranhas é fascinante. Mas também é incompreendido e gerador de medos, histórias e mitologias em várias culturas, ao longo dos séculos. Por exemplo, na mitologia grega, Aracne é transformada numa aranha por ter desafiado a deusa Atena; na cultura egípcia, a aranha era vista como um símbolo de proteção e renascimento; na tradição hindu, a aranha é considerada um símbolo da ilusão e da criação do universo e no leste europeu, as aranhas de Natal e as suas teias são protagonistas em histórias populares. Provavelmente, numa perspetiva humana, não haverá organismo mais paciente e persistente, considerando a técnica de caça de algumas espécies.
Morfologicamente, apresentam oito patas (ao contrário dos insetos que apresentam seis patas) e possuem quelíceras que injetam veneno, diferenciando-se anatomicamente dos restantes artrópodes por um plano corporal com cefalotórax (estrutura onde se encontram os olhos) e o abdómen que possui as fieiras que lhes permite a construção de seda. Cada espécie tem as suas próprias características únicas, como a teia de aranha, que pode variar em forma e função.
As aranhas são predadoras generalistas que se alimentam principalmente de insetos e outros invertebrados. Por isso, são essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas, pelo papel crucial no controlo de populações de insetos, que podem constituir pragas agrícolas, contribuindo para a saúde das plantações. Além disso, as aranhas são indicadoras importantes da saúde ambiental, pois a sua presença pode refletir a qualidade do habitat. Por outro lado, são alimento para pequenos répteis, anfíbios, insetos e outros aracnídeos.
Devido à sua incrível capacidade de adaptação, as aranhas podem ser encontradas em quase todos os habitats, desde florestas tropicais, a desertos áridos e podendo ocorrer a elevadas altitudes, como nos Himalaias a 6700 metros. Em Portugal são conhecidas cerca de 1000 espécies de aranhas e apenas duas podem causar algum tipo de condição médica: a Viúva-Negra Mediterrânica (Latrodectus Tredecimguttatus) e a Aranha-Violino (Loxosceles rufescens). No entanto, são completamente inofensivas, escolhendo a fuga ao confronto.
Através das lentes de Aldiro Pereira, António Vieira e Fábio Gomes, somos convidados a explorar um mundo fascinante, repleto de cores, formas e texturas únicas. Cada fotografia é uma janela para um universo de descobertas, onde a natureza se revela em toda a sua grandiosidade e diversidade.
A exposição conta com fotografias impressionantes que capturam a beleza e a diversidade das aranhas, destacando a sua diversidade morfológica, comportamental e adaptativa. Espera-se que estas informações pormenorizadas possam contribuir para uma maior aceitação e valorização destes importantes organismos.
Com a curadoria de Aldiro Pereira, esta exposição teve a revisão científica a cargo de Jorge Henriques (investigador CESAM/DBIO) e de Cristóvão Belperin (aluno de doutoramento CESAM/DBIO), que identificaram as espécies de aranhas e legendaram cada uma das imagens.
A exposição pode ser visitada no horário normal de funcionamento do DBio: de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 18h00.
Notícia publicada originalmente em: UA Notícias de 26 março 2025