Além da nossa investigadora Sara Peixoto (CESAM/DBIO) também as investigadoras Andreia Pereira (Universidade do Porto), Joana Sacramento (Universidade Nova de Lisboa), Raquel Boia (Universidade de Coimbra) foram premiadas com as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência 2022. Cada uma destas cientistas vai receber 15 mil euros para desenvolver o seu projeto de investigação.

Como refere Sara Peixoto à comunicação do CESAM: “Para mim é muito gratificante receber este prémio e significa o reconhecimento do trabalho que desenvolvi nos últimos anos. Este prémio também é um grande incentivo para continuar na ciência e realizar o trabalho na área de investigação que pretendo seguir futuramente. Como investigadora em início de carreira, a iniciativa das Mulheres na Ciência promovida pela L’Oréal também me ajudará na divulgação, a diferentes públicos, do problema associado à necessidade de desenvolver e utilizar estratégias mais sustentáveis para promover a conservação do ecossistema terrestre. Na verdade, a minimização do impacto ambiental associado à degradação dos solos agrícolas e florestais é extremamente relevante e do interesse do público geral, uma vez que, este pode ter consequências diretas para a saúde/qualidade de vida do Homem”.

O trabalho de Sara Peixoto está ligado à recuperação de solos degradados. Degradação essa, que pode ter várias causas, mas dois dos seus grandes destruidores são os incêndios florestais e a agricultura intensiva. Sara Peixoto procura ajudar a proteger estes solos com bioestimulantes – produtos com microrganismos que aumentam a quantidade de nutrientes disponíveis no solo, melhoram a sua fertilidade e ajudam a resistir a pressões ambientais, como os incêndios.

Este prémio resulta de uma iniciativa conjunta da empresa de cosmética L’Oréal Portugal, que financia as bolsas, da Comissão Nacional da Unesco e da Fundação para a Ciência e Tecnologia, que designa o júri que avalia as candidaturas. Este ano, presidido por Alexandre Quintanilha.

Estes prémios, atribuídos anualmente a quatro investigadoras com idades compreendidas entre os 31 e os 35 anos, visam promover a participação das mulheres na ciência, incentivando as mais jovens e promissoras cientistas, em início de carreira, a realizarem estudos avançados na área das ciências, engenharias e tecnologias para a saúde ou para o ambiente.

Texto por: CESAM com base em informações da LUSA e do PÚBLICO

O estudo do nosso investigador Paulo Baganha (CESAM/DGEO), integrado num consórcio liderado pela Agência Espacial Europeia (ESA), esteve presente nos media nacionais. 
Este é um programa lançado pela ESA para monitorizar a erosão costeira europeia a partir do espaço, e com a Universidade de Aveiro (UA) a coordenar a monitorização em Portugal. 

E como refere Paulo Baganha em comunicado de imprensa, “evidenciam-se tendências de recuo da linha de costa em muitos setores costeiros europeus“. Em Portugal, o areal entre a Lagoa de Óbidos e a praia do Baleal, por exemplo, tem uma tendência de recuo em cerca de 2,1 metros por ano. E na Costa da Caparica, a linha de praia tem recuado cerca de 2,5 metros por ano. Preocupantes são também as taxas de recuo da costa entre Troia e Sines e vários pontos da costa Algarvia. Estes são alguns dos pontos de erosão costeira nacional detetados pelo “Space for Shore”.  

Durante 4 anos, mais de 70 organizações científicas e de gestão costeira dos 6 países membros do programa (França, Alemanha, Portugal, Grécia, Roménia e Noruega) partilharam as suas preocupações e expressaram a necessidade de dados e informações regulares para caracterizar a dinâmica do litoral, para avaliar a evolução do risco de erosão e a vulnerabilidade das zonas costeiras às alterações climáticas. Este trabalho permitiu cobrir 4.500 quilómetros de costa nestes 6 países, desde as costas do Mediterrâneo e do Mar Negro, passando pela costa do Atlântico-Canal da Mancha-Mar do Norte, até ao Ártico (Arquipélago de Svalbard). 

Para cada um dos países europeus que participaram neste estudo, aponta Paula Baganha, “foram produzidos diversos indicadores de erosão costeira, entre os quais a linha de espraio máximo, a linha de base da duna, a posição da base e da crista de arribas rochosas”. Sendo que as alterações climáticas, o aumento da severidade e persistência de temporais e a tendência geral de subida do nível do mar parecem antecipar cenários preocupantes de erosão costeira caso não sejam adotadas políticas concertadas de mitigação. 

No entanto, e “apesar de existir uma tendência erosiva em maior parte da costa portuguesa, verifica-se que, em determinados locais, as medidas tomadas pelos gestores costeiros apresentam resultados positivos como na Nazaré ou nas praias a sul da Costa da Caparica”, aponta Paulo Baganha Baptista. 

O fim do financiamento deste projeto por parte da Agência Espacial Europeia não significa que deixem de ser gerados indicadores de erosão costeira. Paula Baganha lembra que “está em estudo a disponibilização, para a comunidade de utilizadores com interesses na gestão do litoral, de serviços dedicados de geração para a totalidade do território nacional, em tempo quase real, dos vários indicadores de erosão costeira considerados neste projeto, e para os quais foram desenvolvidos algoritmos específicos para o seu cálculo em modo automático”. 

Texto por: CESAM com base em conteúdo da Universidade de Aveiro  

A primeira edição do curso de campo “Ecological Research in Mediterranean Ecosystems – From Theory to Practice”, decorreu entre os dias 17 e 29 de abril de 2023, na Reserva da Faia Brava, em Figueira de Castelo Rodrigo.  

Este curso foi organizado pelos investigadores da Unidade de Vida Selvagem, João Carvalho, Eduardo Ferreira e Jorge Henriques (CESAM/DBIO), em parceria com o Departamento de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro (DeCA).  Tendo contado ainda com a colaboração de várias instituições nacionais (Associação Transumância e Natureza, Município de Figueira de Castelo Rodrigo) e internacionais (Universidade Autónoma de Barcelona, Universidade Politécnica de Madrid, Universidade de Castilla-La Mancha, Universidade de Córdoba e Universidade de Lublin).  

Este curso teve como principais objetivos demonstrar a importância dos estudos de campo e a aplicação do método científico em estudos ecológicos através de exemplos práticos. Ao longo do curso foram aprofundados diversos tópicos relativos à dinâmica dos ecossistemas Mediterrânicos e explorados os processos que regem os diferentes compartimentos, do solo à vegetação. E sempre numa perspetiva integrada e multifuncional, foi ainda abordada a diversidade e ecologia das comunidades de fauna silvestre, (p.ex. artrópodes, répteis, anfíbios, micromamíferos, carnívoros e grandes herbívoros). 

Reconhecendo a importância da comunicação pública do conhecimento, vários docentes do DeCA apresentaram aos participantes um conjunto de técnicas para uma recolha correta e efetiva de material audiovisual em campo para a posterior produção de resumos gráficos e em formato de vídeo. Como refere um dos participantes: “O método científico formal de observação, produção de hipóteses e desenvolvimento de um design experimental baseado em predições é incrivelmente poderoso. E juntar a isso o fato de ir[mos] para o campo e testarmos essas hipótesesfoi uma ótima oportunidade. Outra grande vantagem foi a combinação da pesquisa científica com a comunicação científica [traduzido do inglês para português].” 

De acordo com o João Carvalho (CESAM/DBIO), “da definição de hipóteses científicas, à recolha de dados em campo, terminando na comunicação e divulgação dos resultados, o curso providenciou aos seus participantes um conjunto de ferramentas para uma melhor compreensão da dinâmica fascinante dos ecossistemas Mediterrânicos”. A possibilidade de uma segunda edição deste curso está a ser ponderada pelos organizadores. 

Texto por: João Carvalho (CESAM/DBIO) em colaboração com CESAM 

A nossa investigadora, Susana Loureiro (CESAM/DBIO), desempenhou a função de copresidente do Comité Científico de uma das maiores conferências mundiais na área da Ecotoxicologia e Química Ambiental.

A 33ª edição anual da SETAC Europa foi organizada pela associação sem fins lucrativos, Sociedade de Toxicologia e Química Ambiental (SETAC), e decorreu entre os dias 30 de abril e 4 de maio na cidade de Dublin (Irlanda).

Sob o tema global: ‘A tomada de decisão ambiental baseada em dados’, o comité, copresidido por Iseult Lynch (investigadora da Universidade de Birmingham) e por Susana Loureiro, teve a seu cargo a preparação de todo o programa científico da conferência. Salientando o nível de dificuldade inerente a esta tarefa, Mirco Bunshuch, presidente da SETAC Europa, salientou que entre os cinco dias, este encontro científico reuniu em Dublin, 110 sessões paralelas, 1774 posters, 78 apresentações virtuais e um total de 2379 oradores.

Entre estes oradores, contam-se muitos investigadores CESAM que foram apresentar os seus trabalhos e os seus resultados com colegas de todo o mundo.

A Sociedade de Toxicologia e Química Ambiental (SETAC) é uma organização profissional “composta por cerca de 5.000 indivíduos e instituições em mais de 90 países dedicados ao estudo, análise e solução de problemas ambientais, gestão e regulamentação de recursos naturais, pesquisa e desenvolvimento e educação ambiental”.

Para mais informações consultar o website da organização aqui

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) tem em consulta pública a sua nova política sobre acesso aberto a publicações científicas resultantes de investigação financiada pela Fundação.  

Todas as pessoas que desejem contribuir para a elaboração deste documento (disponível aqui), devem enviar esses comentários para cp-politica-aa@rcaap.pt, até o próximo dia 22 de maio

A Política sobre Acesso Aberto da FCT foi adotada em 2014 e a experiência resultante da sua aplicação, além dos desenvolvimentos verificados e a crescente consciência sobre os benefícios da publicação em acesso aberto impõem, de acordo com a Fundação, a necessidade de uma revisão profunda. A adesão da FCT ao Plano S (promovido pela cOAlition S e apoiado pela Science Europe) é outra importante influência para a revisão da Política.  

Ao aderir ao Plano S, a FCT autovinculou-se aos objetivos da iniciativa: assegurar que todas as publicações resultantes de investigação financiada por instituições aderentes sejam publicadas em revistas ou plataformas de acesso aberto ou tornadas disponíveis em repositórios de acesso aberto, sem embargo. 

A Política de Acesso Aberto agora apresentada define o que é o Acesso Aberto, quais os requisitos para a publicação em cada tipo de publicação e a forma de retenção dos direitos, estabelece o requisito de depósito na rede RCAAP e apresenta as regras de publicitação. O documento traz, ainda, um anexo com normas técnicas mínimas para revistas ou plataformas de acesso aberto. 

Para mais informações, aceder aqui.

Os investigadores CESAM e das outras Unidades de Investigação da Univerisidade de Aveiro terão, até 30 de junho de 2023, acesso gratuito e ilimitado à base de dados Reaxys. Esta é uma base de dados especializada, na área da Química, da editora Elsevier.

Neste período, será ainda possível participar num conjunto alargado formações online (mais informações abaixo). Todas as sessões serão gravadas e distribuídas pelos participantes registados.

Para mais informações sobre esta base de dados, aceder aqui

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  1. Total Synthesis 05/05/23 – 11h.    Register
  2. Catalysis 5/05/23 – 15h.    Register
  3. Bioactivity data & Target search 08/05/2023 -11h.   Register
  4. Green Chemistry 08/05/23 -15h.    Register
  5. Agro and Food 09/05/23 -11h.    Register
  6. Material Science 09/05/23 -15h.   Register
  7. Spectroscopy 10/05/23 -11h.  Register
  8. Intellectual Property 10/05/23 -15h.    Register
  9. 1st Q&A session 05/06/23 – 15h.    Register
  10. 2nd Q&A session 12/06/23 – 15h.    Register

Additional training material can be found in the Reaxys Academy free platform.

No âmbito da apresentação dos projetos integrados no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM), fomos conversar com Susana Loureiro (CESAM/DBIO), investigadora responsável pela participação da Universidade de Aveiro no projeto europeu PARC.
Nessa conversa procurámos conhecer um pouco mais sobre os objetivos e as características específicas desta “European Partnership for the Assessment of Risks from Chemicals – PARC”

CESAM: Como surge o projeto PARC?

Susana Loureiro: Este projeto surge na sequência de uma parceria anterior, o projeto HBM4EU (Human Biomonitoring for Europe – Science and policy for a healthy future), que era um projeto de biomonitorização humana, onde várias instituições tinham como objetivo monitorizarem a acumulação de diferentes tipos de substâncias químicas em humanos – como metais, micotoxinas, substâncias poliaromáticas cíclicas e outras.
Tendo em conta os resultados desse projeto, onde foi conseguida estabelecer a avaliação de risco em várias populações europeias, a União Europeia decidiu que era muito importante continuar esse projeto e estender o consórcio à parte ambiental. Por isso esta parceria europeia para a avaliação de riscos químicos [projeto PARC] começou com um conjunto de parceiros da avaliação de risco para a parte humana e depois complementaram a componente de parceiros que tinham competências na área ambiental.
Este projeto é, na verdade, uma parceria com os estados-membros, já que cada estado-membro é que escolhe os parceiros nacionais. Em Portugal existem dois parceiros beneficiários, o Instituto Superior de Saúde Ricardo Jorge e a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa. E estas duas organizações escolheram os parceiros afiliados: nós [CESAM/UA], a Universidade de Coimbra, a Escola Superior de Saúde, Direção Geral de Saúde, etc. Nós fomos contactados especificamente por causa das nossas competências na área da avaliação de risco ambiental.

CESAM: Quando estamos a falar de riscos, estamos a falar exatamente do quê?

Susana Loureiro: Para nós avaliarmos se há o potencial de haver risco para a saúde humana ou para a saúde ambiental, ou seja, o potencial de que haja um impacto visível e sentido pela população… a população também sente os impactos ambientais, direta ou indiretamente… nós temos duas componentes: a componente da exposição e a componente dos efeitos. Depois vamos ver a probabilidade destes efeitos ocorrerem, atribuindo um valor ao risco, e esta quantificação vai dar informação sobre a existência desse risco.
Sempre que os efeitos [nos seres vivos] ocorrerem a concentrações [do químico] inferiores às que ocorrem no ambiente, nós sabemos que há risco. Se os efeitos ocorrem apenas a concentrações [do químico] superiores àquelas que existem no ambiente, então não há risco. Ou seja, se as concentrações são mínimas, e os efeitos só vão ocorrer a concentrações muito mais altas, o risco é diminuto ou nulo. Quando elas se aproximam, [as concentrações ambientais e as concentrações que causam efeitos], aí há probabilidade de haver riscos.

CESAM: Quando falamos de riscos químicos estamos a falar de substâncias químicas de todo o género? Desde um medicamento a um alimento?

Susana Loureiro: Sim, nós podemos dividir isto em dois tipos de substâncias: as que ocorrem naturalmente no ambiente e aquelas que são de produção antropogénica.
Mesmo aquelas que ocorrem no ambiente e que, por exemplo, surgem de explorações [mineiras], a mina existe e ocorre naturalmente, ou seja, o minério que lá está, ocorre naturalmente. A exploração vai fazer com que esse metal seja tornado disponível e seja libertado do sítio onde está. Ao fazer isso, nós estamos a aumentar as concentrações desses metais nessa zona… o que não estava previsto porque eles estavam todos concentrados no mesmo sítio, e numa forma pouco disponível para os organismos. Isso são substâncias que existem na natureza. Tudo o que sejam, por exemplo, chumbo, zinco, cobre, todos os metais que existem na natureza.
Depois temos as sintetizadas como fármacos, pesticidas, que são substâncias que têm, nalguns casos, base natural, ou seja, a molécula existe, mas é sintetizada e preparada com determinado fim e depois é libertada no ambiente direta ou indiretamente. No caso dos pesticidas são aplicados diretamente, no caso dos fármacos aparecem de uma forma mais indireta porque foram utilizados pelos humanos e vão ainda passar pelas águas de tratamento residuais e depois é que vão para o ambiente. Se for um fármaco utilizado na componente veterinária chega mais depressa ao ambiente porque chega através dos dejetos dos animais.

CESAM: Há pouco usou o termo saúde ambiental. Esse é um termo que não está muito presente na nossa linguagem quotidiana…

Susana Loureiro: E que gosto sempre de reforçar, porque há diferentes tipos de exposições no caso humano e nós associamos as nossas exposições apenas à alimentação. Sendo verdade, que se nós estamos a comer peixe e esse peixe está contaminado com alguma substância química, nós vamos ingerir essa substância. Assim, se os oceanos estão poluídos, isso vai passar para nós. No caso dos microplásticos, se um peixe os ingerir e se eles se alojarem em sítios do peixe que nós comemos, nós vamos ingerir os microplásticos.
No entanto, há muitas substâncias químicas a que estamos expostos no dia a dia e que têm uma influência sobre nós. Por exemplo, porque é que há tantos problemas de infertilidade atualmente e que não existiam antes? Porque é que há tantas mulheres com dificuldade em engravidar? Porque algo se passa com o homem ou com a mulher ou com os dois. Na maior parte dos casos não tem a ver com a genética dos dois, tem a ver com a componente ambiental. A nossa fisiologia pode ser completamente alterada por um destes fatores: o fator genético, o fator ambiental ou a conjugação dos dois… ou então algo que nós ainda não conhecemos.
E muitas vezes, a explicação está no fator ambiental ou no fator ambiental combinado com a genética. E estes fatores ambientais são maioritariamente, as substâncias químicas a que estamos expostos todos os dias… desde a nossa alimentação, produtos de higiene pessoal, desde os produtos que usamos para limpar a casa, aquilo a que estamos expostos no trabalho e no dia a dia. Nós estamos expostos a milhares de substâncias químicas por ano e isso faz com que, por exemplo, os níveis de fertilidade diminuam drasticamente.

CESAM: Como é decidem as substâncias que vão avaliar?

Susana Loureiro: A União Europeia tem uma lista de substâncias prioritárias, e esta lista, com o decorrer do tempo vai sendo alterada… aumentada, na verdade, porque infelizmente não diminui.
Depois há substâncias consideradas emergentes, que são notadas como sendo um novo problema. Muitas vezes pode ser um problema identificado logo de imediato, ou pode ser algo que suspeitamos que vai causar problema. Por exemplo, os microplásticos são algo que não está 100% provado que tipo de problemas vão criar. Comparativamente aos macroplásticos que nós sabemos os problemas que surgem para os animais marinhos. Mas com os microplásticos é mais difícil, apesar de sabermos que muito provavelmente vão causar problemas. E são, por isso, consideradas substâncias emergentes.
Depois [os critérios de inclusão nessa lista] são muito direcionados pelos efeitos. Há efeitos que são aqueles que são prioritários… por exemplo substâncias que provocam carcinomas, esses vão logo para o topo, são aqueles que são mais prioritários. E depois temos outros que provocam alternações do DNA, disrupção endócrina, que é um também dos efeitos mais prementes, porque a disfunção endócrina está associada à fertilidade, à reprodução, a várias funções muito importantes.
E temos ainda a neurotoxicidade, que está associado ao sistema nervoso central e que por isso também adquirem estatuto prioritário, ou seja, é urgente de perceber e gerar conhecimento sobre as substâncias que possuem esse tipo de efeitos.

CESAM: Para concluir, em que fase está o projeto e quais são os próximos passos?

Susana Loureiro: O PARC começou em maio de 2022, e termos uma parceria com institutos governamentais nacionais é algo nunca antes visto e muito complexo de coordenar… para além disso tem outra particularidade: tem a duração de 7 anos. Os projetos europeus costumam ter a duração máxima de 4 anos.
Dentro desta parceria vão existir centenas de pequenos projetos e para todos eles é preciso ter um orçamento, é preciso ter os parceiros, é preciso ter um plano de trabalhos definido… por isso, este primeiro ano foi muito em volta disso, embora já estejamos a fazer algum trabalho…foi muito à volta da organização e da preparação dos trabalhos e muitos dos grupos de trabalho vão começam a fazer trabalho “real” no 2º semestre do 1º ano.
Porque é muito complexo conseguirmos definir um plano de trabalho a 7 anos… em 7 anos a ciência evolui muito, e surgem novas abordagens, novas estruturas químicas que precisam de ser abordadas… e nós também queremos dar um passo à frente na avaliação de risco e criar aquilo que se chama a “new generation risk assessment (NGRA)”.
O NGRA está muito focado em diminuir o número de testes, ou seja, em diminuir a avaliação dos efeitos na prática, diminuindo os testes com animais (principalmente em vertebrados- ratinhos, peixes- e cefalópodes-polvos, lulas). Para isso, recorre-se a metodologias computacionais ou “in vitro” que utilizam abordagens computacionais ou células, organelos, organóides… tudo estruturas muito bem organizadas, mas que são estruturas de organização biológica mais baixa, ao nível do tecido ou das células. Isto para que seja possível dar uma perceção dos efeitos e não ser necessário utilizar testes em animais.
Outro ponto que pretendemos avançar é na avaliação de mistura de químicos…

CESAM: … mistura de químicos?

Susana Loureiro: Sim, porque nós não estamos expostos a uma só substância química, e a avaliação do risco é frequentemente feita de químico a químico, nunca sendo vista como uma soma de risco. Ou seja, é sempre: “há risco para esta substância? Não”; “Há risco para esta outra substância? Não”.
Mas a verdade é que se somarmos o risco mínimo destas substâncias, será que não dá um risco mais elevado? É como eu costumo exemplificar: imagina que uma determinada substância química, a uma dada concentração induz 10% de efeito… 10% de efeito, seja o que for que estivermos a medir, é algo que muitas vezes pode ser derivado do acaso (10%). Mas se tivermos 10 substâncias químicas que causam 10% de efeito, e se as somares todas, chegas ao final com um efeito já mais relevante. Neste caso, é fazer as contas e tens um efeito de 100%!
E atualmente, o que é avaliado é químico a químico, independente da presença dos outros.

Para mais informações sobre o projeto PARC, consultar aqui.
Este projeto recebeu financiamento através do programa de investigação e inovação da União Europeia, Horizonte Europa, sob o acordo nº 101057014.

A 39ª edição da Ovibeja, o maior evento nacional dedicado à agricultura e à atividade agroalimentar, decorreu entre os dias 27 de abril e 1 de maio na cidade de Beja. Joaquim Pedro Ferreira, membro da equipa de comunicação do CESAM, integrou um dos quatro painéis principais do programa da edição de 2023: “Comunicar, Um Grande Desafio para a Agricultura”.

A comunicação foi o tema central da edição deste ano, e este painel contou a presença de outros especialistas em ciência e agricultura, que abordaram temas como tecnologia, sustentabilidade e produção de alimentos. Joaquim Pedro apresentou o audiovisual como uma ferramenta importante para a divulgação científica, referindo que estas ferramentas “nomeadamente o vídeo, reveste-se de um enorme desafio para os Gabinetes de comunicação das unidades de investigação. Como ficou demostrado pelo elevado interesse dos participantes, entre eles responsáveis por vários centros de investigação, nos produtos audiovisuais do CESAM“.

Neste painel estava prevista a presença da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mas não aconteceu por decisão da comissão organizadora do evento. Ao longo dos vários dias, o evento contou ainda, por exemplo, com a presença do Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa.

Esta feira pretende promover o diálogo entre investigadores, produtores e empresas, e impulsionar a inovação e o desenvolvimento do setor agroalimentar em Portugal. Tendo a visita de mais de 150 mil visitantes, esta edição contou com mais de mil expositores, vários pavilhões temáticos dedicados, por exemplo, ao agroalimentar, pecuária, institucional e serviços, atividades pedagógicas e comunicação de boas práticas agrícolas.

Don’t miss your chance to be recognized for your groundbreaking work.

The objective of the prize is to promote scientific research and demonstration of the economic and social benefits of the Water Energy Food and Ecosystem (WEFE) Nexus in the Mediterranean Area. The PRIMA WEFE Nexus Award is assigned to “research teams and practitioners” that have devised and demonstrated the successful implementation on the ground of combined management practices of water, energy, food and ecosystem resources at local or regional scale. The award enables teams to showcase their best practices and achievements.

In particular, two winners will be selected, by the evaluation jury, for their achievements. The prizes are monetary and each of the two winners will receive EUR 10 000.Apply: https://lnkd.in/enBbZnsn

O Programa Ibero-americano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento (CYTED) tem abertas as candidaturas ao Concurso de 2023, cujo prazo para submissão de propostas termina dia 12 de maio 2023.

Este ano o concurso abrange 7 áreas temáticas, que são concretamente: saúde, agro-alimentação, desenvolvimento industrial, desenvolvimento sustentável, TIC’s, ciência e sociedade, e energia.

As Redes Temáticas que podem integrar o programa são equipas de investigação e desenvolvimento (I+D) de entidades públicas ou privadas e empresas dos países membros do Programa CYTED, cujas atividades científicas e/ou tecnológicas estão relacionadas dentro de um âmbito de interesse comum e enquadradas numa das áreas do Programa. Como objetivo principal visam o intercâmbio de conhecimentos entre equipas de I+D e o fomento da cooperação como método de trabalho. Mínimo de 6 equipas de 6 países iberoamericanos diferentes, membros do Programa CYTED, com capacidade e atividade demonstrada em ações de I+D+i.

Deadline: 12 de maio de 2023