Decorreu no final da semana passada, em Ponte de Lima, o 20º Encontro Nacional da Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), subordinado ao tema: “Conhecimento ao serviço das áreas classificadas”. A participação do CESAM contou com comunicações orais e apresentações em formato painel de vários investigadores e alunos de doutoramento, tendo sido coroada com a atribuição de dois prémios a alunos do programa doutoral de Biologia e Ecologia das Alterações Globais: Joshua Nightingale, aluno do 4º ano, recebeu o prémio de melhor comunicação oral; e João Belo, aluno no 1º ano, recebeu o prémio de melhor apresentação em painel.

O próximo encontro da SPECO será em conjunto com outras sociedades ibéricas e terá lugar na UA em julho de 2022. Mais informações aqui.

A Universidade de Stanford lançou recentemente uma atualização da lista com os 2% cientistas mais citados a nível mundial. Esta última versão do World’s Top 2% Scientists list, divulgada a 19 de outubro de 2021, utiliza as citações da base de dados Scopus. Os dados mais recentes estão compilados em duas listas: uma refere-se aos cientistas com maior impacto ao longo de toda a sua carreira, enquanto que na outra se encontram os cientistas com maior impacto a nível mundial em 2020. Ambas as listas podem ser consultadas em: https://elsevier.digitalcommonsdata.com/datasets/btchxktzyw/3

Portugal tem 483 cientistas no ranking referente ao impacto ao longo de toda a carreira, e 703 cientistas no ranking referente a 2020.

Na lista que considera os cientistas mais citados em 2020, a UA tem listados 41 cientistas e, destes, 15 pertencem ao CESAM: Adelaide Almeida (CESAM-DBio), Alisa Rudnitskaya (CESAM-DQ), Armando Duarte (CESAM-DQ), Bruno Nunes (CESAM-DBio), Casimiro Pio (CESAM-DAO), Célia Alves (CESAM-DAO), Daniel Cleary (CESAM-DBio), Jacob Keizer (CESAM-DAO), Joana Correia Prata (CESAM-DBio), João Pinto da Costa (CESAM-DQ), Marcelino Oliveira (CESAM-DBio), Rosa Freitas (CESAM-DBio), Rosário Domingues (CESAM-DQ), David Carvalho (CESAM-DFis) e Teresa Rocha-Santos (CESAM-DQ).

Na lista que considera toda a carreira, existem 25 investigadores da UA dos quais 6 pertencem ao CESAM: Alisa Rudnitskaya (CESAM-DQ), Amadeu Soares (CESAM-DBio), Armando Duarte (CESAM-DQ), Bruno Nunes (CESAM-DBio), Célia Alves (CESAM-DAO), Marta Otero (CESAM-DAO) e Teresa Rocha-Santos (CESAM-DQ).

2 dezembro | Caroline FerreiraZOOM

“Experimento com traçador fluorescente na praia de Patos (NO Espanha)”

O conhecimento do transporte fracionado de sedimentos é essencial para aprimorar os modelos morfodinâmicos costeiros atuais. A utilização de traçadores é uma metodologia amplamente utilizada para estudar o transporte de sedimentos em diferentes condições. O objetivo deste trabalho foi analisar o comportamento do traçador de sedimentos fluorescentes com distribuição granulométrica variável na Praia dos Patos (Ria de Vigo, NO Espanha). Esta praia de areia encontra-se parcialmente protegida da agitação marítima do Oceano Atlântico devido à presença das Ilhas Cíes e da Península de Monteferro, constituindo assim um laboratório natural para este tipo de experiências. Dados oceanográficos e amostras diárias foram coletadas para observar a advecção e dispersão do traçador. Os resultados destacam a predominância do movimento cross-shore. O trabalho foi desenvolvido no âmbito da minha tese de doutoramento que denomina-se: Transporte sedimentar de misturas arenosas em ambientes costeiros.

A Ria de Aveiro é um dos quatro sistemas nacionais a integrar a rede nacional de plataformas LTER, da sigla inglesa Long-Term Ecological Research, nas quais se realiza investigação a longo prazo. A SPECO – Sociedade Portuguesa de Ecologia lança agora os vídeos LTER dos quais destacamos o da plataforma Ria de Aveiro (https://youtu.be/XKkSa0PNVq4) coordenado pela investigadora Ana Lillebø.    

Francesco Ventura e José Pedro Granadeiro estão entre os cientistas de duas universidades portuguesas que descobriram uma relação entre o aquecimento da temperatura da água do mar e a prevalência de divórcios numa população de albatrozes. A investigação, realizada nas ilhas Falkland, demostrou pela primeira vez uma influência direta do meio ambiente nas taxas de divórcio de uma espécie monogâmica. Esta descoberta destaca como as condições ambientais, nomeadamente as alterações ligadas ao aquecimento global, podem afetar o mundo vivo de formas que por vezes não imaginamos, com consequências nas populações de animais selvagens.

 A monogamia social é comum em aves. Os albatrozes são conhecidos por formarem dos casais mais fiéis e longevos do reino animal. Contudo, embora a uma taxa reduzida, os divórcios são uma realidade e, no caso do albatroz-de-sobrancelha de New Island, nas ilhas Falklands, são mais frequentes em anos com temperaturas da superfície do mar mais elevadas. Este resultado decorre de um estudo de longo prazo recém-publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B (https://doi.org/10.1098/rspb.2021.2112).

 Usando uma base de dados onde se foi registando o destino de cerca de 500 casais de albatrozes ao longo de quase duas décadas, os investigadores foram capazes de monitorizar a ocorrência de eventos de divórcio, ou seja, quando ambos os membros de um par previamente estabelecido estavam vivos na colônia, mas pelo menos um deles se encontrava a nidificar com um novo parceiro. Os investigadores descobriram que a taxa anual de divórcio variou substancialmente no tempo, flutuando entre 1% a 8%.

 “Quando percebemos que uma mesma população tinha taxas de divórcio diferentes em anos diferentes, perguntámo-nos se essas flutuações seriam explicadas por mudanças nas condições ambientais enfrentadas pelos albatrozes reprodutores”, descreve Francesco Ventura, investigador do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM-Ciências) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL). “E, de facto, desde o início que os resultados da nossa análise sugeriram que era mesmo isso que estava a acontecer”.

O estudo da monogamia social e do divórcio em aves tem uma longa história e têm sido propostas muitas hipóteses para explicar a razão que leva esses animais a divorciarem-se. Em geral, o divórcio é considerado uma estratégia para corrigir as parcerias subótimas, sendo desencadeado por falhas em tentativas de reproduções anteriores. Em geral o divórcio é iniciado pelas fêmeas, que deixam o ex-parceiro para se reproduzirem com um parceiro “melhor”. “Não é uma regra estrita”, diz-nos Paulo Catry, professor e investigador no Centro de Ciências do Mar e do Ambiente (MARE) do ISPA – Instituto Universitário, que desde 2003 iniciou e coordena o estudo dos albatrozes nas Falkland. “É verdade que casais que falham uma tentativa de reprodução são cinco vezes mais propensos a divorciarem-se. No entanto, muitos casais que não tiveram sucesso permaneceram juntos e alguns que tiveram sucesso divorciaram-se de qualquer forma. O sucesso reprodutor não explica tudo “.

 Na verdade, os modelos estatísticos usados nesta investigação mostram que independentemente do sucesso anterior, os casais de albatrozes são consistentemente mais propensos a divorciarem-se em anos caracterizados por temperaturas da superfície do mar mais elevadas. As temperaturas da superfície do oceano são consideradas indicadores úteis da disponibilidade de alimento para as aves marinhas, com temperaturas mais baixas propiciando águas ricas em nutrientes e mais produtivas, e temperaturas mais altas indicando condições de poucos recursos. “Isto não foi uma surpresa total, pois sabíamos, através de estudos anteriores, que os albatrozes-de sobrancelha de New Island têm mais dificuldade em reproduzir-se com sucesso em temporadas com águas mais quentes”, explica Ventura. “Contudo, o nosso estudo representa a primeira evidência quantitativa de um impacto direto do meio ambiente no divórcio… Isto fez-nos pensar sobre as várias formas, não imediatamente óbvias, pelas quais as mudanças ambientais e climáticas podem afetar as populações selvagens. Quando as aves se divorciam, isso também pode ter implicações negativas para o seu sucesso reprodutor, pelo que o aumento das taxas de divórcio não é inconsequente”.

 Os autores concluem o artigo especulando sobre dois mecanismos potenciais que vinculam diretamente o divórcio a condições ambientais mais adversas. “Em anos maus, os custos de reprodução são maiores e isso pode fazer com que os albatrozes precisem de mais tempo para se prepararem para a estação reprodutora seguinte, chegando mais tarde e de forma assíncrona à colónia de nidificação o que, em última instância, leva a que se divorciem com maior frequência”, afirmou o Prof José Pedro Granadeiro do CESAM – Ciências, co-autor do estudo. “Outra possibilidade pode ser representada pelo stress fisiológico. Em anos mais difíceis, as aves têm mais dificuldades em encontrar alimento, e podem ter níveis mais elevados de hormonas de stress. Se um membro do casal, provavelmente a fêmea, atribuir erroneamente o seu próprio stress elevado a um mau desempenho do parceiro nos cuidados parentais, isso pode também levar à rutura de uma relação de casal”.

 Com espécies de vida longa, como os albatrozes, realizar estudos de longo prazo é de fundamental importância para compreender a ecologia da população e, em última instância, para promover sua conservação.

 

Artigo científico:

Ventura F, Granadeiro JP, Lukacs PM, Kuepfer A, Catry P. 2021 Environmental variability directly affects the prevalence of divorce in monogamous albatrosses. Proc. R. Soc. B Biol. Sci. 288, 20212112. (doi:10.1098/rspb.2021.2112)

Em destaque nos Media: Altmetric – Environmental variability directly affects the prevalence of divorce in monogamous albatrosses

Foto: JP Granadeiro

Para comemorar os 35 anos do Programa Bandeira Azul, a Associação Bandeira Azul da Europa realizou uma Conferência, no passado dia 19 de novembro. Nesta conferência celebrou-se a crescente sustentabilidade das Praias, Marinas e Embarcações, as condições de segurança, serviços, proteção e conservação ambiental e social. Este encontro proporcionou um momento de reflexão sobre o futuro das praias da orla costeira Portuguesa e de partilha dos resultados dos estudos mais recentes sobre Análise, Gestão e Planeamento de Sistemas Sócio-Ecológico e Erosão Costeira, no que respeita a utilização futura das praias portuguesas, com os interlocutores que legislam, implementam e fiscalizam.

O programa Bandeira Azul é um programa de educação para o desenvolvimento sustentável, promovido em Portugal pela Associação Bandeira Azul da Europa, secção portuguesa da Fundação para a Educação Ambiental, reconhecida pela UNESCO e pelo PNUMA como líder mundial nas áreas de Educação Ambiental e Educação para o Desenvolvimento Sustentável.

Neste evento, que reuniu muitos dos municípios da orla costeira galardoados com a Bandeira Azul pela manutenção consecutiva desde indicador de qualidade, estiveram presentes como oradores o presidente da Associação Bandeira Azul da Europa, o Vice-Presidente da Fundação para a Educação Ambiental; a Diretora do Departamento do Litoral e Proteção Costeira da Agência Portuguesa do Ambiente. O CESAM esteve representado por Paulo Baganha Baptista, como Key Note Speaker, tendo apresentado os resultados dos estudos mais recentes do CESAM na temática da erosão costeira, segurança marítima em portos, segurança balnear e uso recreativo das praias.

O CESAM pretende reforçar a cooperação com os end-users a nível local e com os municípios costeiros, através de serviços operacionais de disponibilização de indicadores de erosão costeira, obtidos por técnicas de deteção remota (estando previsto que em 2022 cerca de 50% do território já esteja coberto por este serviço); de serviços de deteção automática de agueiros e galgamentos costeiros, recorrendo a estações de vídeo-monitorização costeira. Atualmente encontram-se duas estações piloto em fase de testes nas Praia de Mira e Praia da Vagueira, estando prevista uma nova estação na Praia do Furadouro. A nível regional, o CESAM colabora com as administrações portuárias, nas componentes da segurança marítima, em embocaduras com serviços operacionais de estimativa em tempo real de indicadores batimétricos e oceanográficos. Presentemente, o CESAM tem duas estações piloto nos Portos da Figueira da Foz e na Ericeira em fase de implementação.

No próximo dia 2 de dezembro, pelas 14h30, a Direção-Geral de Política do Mar (DGPM) vai promover a IV Sessão de Apresentação dos Projetos aprovados pelo Programa Crescimento Azul dos EEA Grants 2014-2021, na área da Literacia do Oceano.

Esta iniciativa, em formato virtual, pretende dar a conhecer os projetos que proporcionem, através de campanhas e atividades, a tomada de consciência da sociedade para as principais problemáticas que o Oceano enfrenta.

Este evento conta com a participação de Catarina Eira, que irá apresentar o projeto Ecomare: SOS Animais Marinhos.

Consulte o programa.

Inscrições gratuitas, mas obrigatórias.

2 de Dezembro de 2021, quinta-feira, 15h:30min

Luís Bonifácio. INIAV

Viver com a Doença da Murchidão do Pinheiro (DMP) em Portugal

https://videoconf-colibri.zoom.us/j/89561009738

 

9 de Dezembro de 2021, quinta-feira, 15h:30min

Jorge Faria. INIAV, MED

Os recursos naturais vegetais no combate aos nemátodes fitoparasitas: o nemátode da madeira do pinheiro e os nemátodes radiculares

https://videoconf-colibri.zoom.us/j/87516209052

 

Cartaz

Dia 5 de dezembro de 2021, comemora-se o Dia Mundial do Solo, este ano sob o lema “Parar a salinização do solo e aumentar a sua produtividade”. Esta campanha visa aumentar a consciência da importância de manter ecossistemas saudáveis e o bem-estar humano, abordando os crescentes desafios na gestão do solo, combatendo a salinização do solo, aumentando a consciência sobre as ameaças do solo, encorajando governos, organizações, comunidades e indivíduos em todo o mundo a comprometerem-se com a proteção e conservação da biodiversidade e função dos solos.

Para assinalar esta data, o CESAM encontra-se a organizar dois eventos, que terão lugar no dia 3 de dezembro, a saber:

Os projetos LIFE Reflorest, FEMME e EPyRIS promovem em conjunto um webinar, das 09h30 às 12h50. A participação é gratuita e as inscrições podem ser efetuadas aqui.

A linha temática Ecologia e Biodiversidade Funcional (EFB) encontra-se a organizar um workshop híbrido, entre às 14h e as 18h, no anfiteatro do Departamento de Geociências, da Universidade de Aveiro. O evento é gratuito, mas sujeito a inscrição para o formato presencial até ao dia 30 de novembro aqui. A participação pode também ser por ZOOM.

Programa (manhã)

Programa (tarde)

A webtalk “Emerging Contaminants in the Environment: Behaviour and Screening Methodologies” terá lugar no dia 6 de dezembro, às 14h

Os certificados de participação podem ser solicitados. 

Evento gratuito, mas sujeito a registo:  https://forms.gle/YxcPCfxsETCtQCft5

 

Oradores:

Joana Prata (UA)

Aleksandra Tubi? (University of Novi Sad, Serbia)

Damià Barcelò (Catalan Institute for Water Research, Spain & Editor-in-chief of the Science of the Total Environment journal)

Programme