Mais de 120 espécies de mamíferos terrestres são particularmente vulneráveis à mortalidade por atropelamento e várias populações podem-se extinguir em 50 anos se persistirem os níveis de atropelamentos observados, de acordo com uma equipa de investigadores liderada por Clara Grilo do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A equipa inclui também membros do CIBIO-InBIO/BIOPOLIS em Portugal, e investigadores dos diferentes continentes que participaram na avaliação global do impacto dos atropelamentos nos mamíferos terrestres. Estes resultados foram publicados na prestigiada revista científica Global Ecology and Biogeography.

Analisámos a nível mundial o impacto dos atropelamentos de 71 populações de espécies de mamíferos ameaçados com registos de atropelamentos e ainda de espécies não ameaçadas com as taxas mais elevadas de atropelamento, e verificámos que populações do lobo-guará e gato-do-mato-pequeno no Brasil, a hiena-castanha na África do Sul e o leopardo no Norte da Índia podem extinguir-se localmente caso se mantenham os níveis de atropelamentos observados. Com base nas características biológicas das 71 populações de mamíferos, avaliámos o grau de vulnerabilidade à extinção de 4677 espécies de mamíferos em todo o mundo caso haja uma mortalidade adicional por atropelamento e observámos que em 124 espécies são particularmente vulneráveis à mortalidade adicional por atropelamento, dos quais se incluem o lince Ibérico, o urso pardo, o urso negro, o tigre, o jaguar, macaco-cauda-de-leão com registos regulares de atropelamentos”, destaca Clara Grilo.

Atualmente existem planos de expansão da rede viária para promover o comércio global futuro, especialmente em países emergentes da América Latina, Ásia, África e Europa. Estas novas infraestruturas vão facilitar o fluxo comercial regional e intercontinental através da construção de mais de 25 milhões de quilómetros de novas estradas. A expansão da rede viária corresponde a um aumento de 60% no comprimento total das estradas em relação a 2010 e vai colidir com os objetivos globais de sustentabilidade ambiental uma vez que estas novas estruturas rodoviárias vão cruzar áreas ambientalmente sensíveis onde ocorrem várias espécies ameaçadas.

“Neste trabalho desenvolvemos uma ferramenta que permite avaliar o risco de extinção associado aos registos de atropelamentos observados no atual contexto de densidade de estradas e que pode ir sendo atualizado à medida que se vai obtendo novos dados de taxas de atropelamento das espécies em qualquer região do mundo. O nosso estudo apresenta ainda um ranking de vulnerabilidade das espécies ao risco de extinção devido ao atropelamento, o que permite que agências de infraestruturas rodoviárias, ONGAs e administração pública possam identificar, com base na áreas de distribuição das espécies, os segmentos de estradas que devem ser sujeitos a programas de monitorização de atropelamentos para fornecer informação sobre a proporção da população atropelada e deste modo acionar as medidas mais adequadas para evitar que haja um aumento do risco de extinção local nessas populações”, conclui Clara Grilo.

Para mais informação contactar:

 

Clara Grilo

CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar,

Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, C2, 2.3.03

1749-016 Lisboa

Portugal

Email – clarabentesgrilo@gmail.com

 

Referencia do artigo: Grilo C, Borda-de-Água L, Beja P, Goolsby E, Soanes K, le Roux A, Koroleva E, Ferreira FZ, Gagné SA, Wang Y, González-Suaréz M (2021). Conservation threats from roadkill in the global road network. Global Ecology and Biogeography.

Cria de urso-pardo (Ursus arctos) a atravessar uma estrada no Canada

Cria de urso-pardo (Ursus arctos) a atravessar uma estrada no Canadá. Créditos: Jillian Cooper

Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil

Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil. Créditos: Marcel Huijser

Um lince Ibérico sub-adulto (Lynx pardinus) captado em armadilhagem fotográfica na Serra de Andujar (Espanha)

Um lince Ibérico sub-adulto (Lynx pardinus) captado em armadilhagem fotográfica na Serra de Andujar (Espanha). Creditos: Joaquim Pedro Ferreira.

Artigo “Aquacultura pode garantir alimentos a preço justo” sobre a investigação de Rui Rocha foi publicado na edição em papel da revista Greensavers, número 4, trimestral de agosto a outubro.

Saiba mais sobre a revista Greensavers aqui.

Mónica Amorim e Susana Gomes, investigadoras do DBio/CESAM, UA, pertencentes ao grupo de investigação de ecologia e ecotoxicologia aplicada – applEE, coordenado pelo Prof. Amadeu Soares, são coautoras de um artigo de revisão publicado na prestigiada revista Nano Today (IF: 20.7): “Alternative test methods for (nano)materials hazards assessment: challenges and recommendations for regulatory preparedness”.

Os riscos associados a novos produtos são avaliados antes da sua entrada no mercado. O trabalho exaustivo desenvolvido por organizações mundiais como a OCDE (Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Económico) para a padronização de protocolos para avaliação de perigo no ambiente está patente, não só no elevado número atualmente disponível mas também na cobertura alargada, desde organismos aquáticos a terrestres. No entanto, os novos materiais representam um constante desafio a estas normas técnicas, que foram desenvolvidas para avaliar o perigo de substâncias química “convencionais” e não estão adaptadas a materiais avançados (p.e. materiais cujo comportamento altera deliberadamente). Existem atualmente várias alternativas “Novas Abordagens Metodológicas (NAMs)”, p.e. novas -omicas, testes in vitro e in silico, incluindo modelação, e que possuem os critérios necessários à sua implementação, com elevada qualidade e relevância, e que deveriam ser adotadas. Enquanto que a padronização via OCDE é um processo que requer um tempo alargado desde submissão até à fase de implementação, as agências legisladoras têm promovido e apoiado o desenvolvimento de NAMs que possuam os critérios de qualidade ao nível da legislação.

Esta revisão reúne não só a literatura disponível de NAMs para avaliar os perigos de NMs, com foco no ambiente terrestre, mas também discute de forma crítica as vantagens, desafios e lacunas. É o que mostra um estudo recente e em publicação na revista de reconhecido prestígio, Nano Today. 

“O objetivo é oferecer um guia para as melhores práticas e desenhos experimentais, tendo em conta as especificidades dos NMs, delineando recomendações e o trajeto futuro.” dizem as investigadoras Mónica Amorim e Susana Gomes, entre os responsáveis pelo estudo.

As investigadoras desenvolvem investigação na área das NAMs, em particular em omicas (transcriptomica) de elevado varrimento (microarray de elevada densidade), contribuindo consideravelmente para este aspeto da investigação dos mecanismos subjacentes aos efeitos fenotípicos observados. A Universidade de Aveiro tem sido pioneira neste tipo de estudos, principalmente no que diz respeito à vertente ambiental, cuja lacuna é evidente em comparação com a saúde humana. 

Leia o artigo aqui.

Ana Grenha, investigadora do CCMAR – Centro de Ciências do Mar, fala-nos do potencial da alfarroba no combate à tuberculose.

Podcast

Vídeo

O grupo APM (Processos Atmosféricos & Modelação) do CESAM está a organizar um webinar “Climate change and air pollution in the new IPCC report”, em jeito de comemoração do “Dia Internacional do Ar Limpo para um Céu Azul”- 7 setembro – com a investigadora Sophie Szopa, autora e coordenadora de um dos capítulos deste mesmo relatório.

A inscrição é livre, mas o registo obrigatório aqui 

Será, sem dúvida, uma oportunidade para sabermos mais sobre estes novos dados do IPCC e para colocarmos as questões que mais nos preocupam.

Trata-se de um webinar aberto a toda a comunidade científica e público em geral.

8 Setembro 2021 | 15h00-16h00

Zoom

Circulação na Ria de Pontevedra

Elisabet Cruz (Estudante de Doutoramento)

 

Resumo (apenas disponível em Inglês)

O projeto “BigAir – Megadados para melhorar inventários de emissões atmosféricas”, coordenado pelos investigadores Diogo Lopes e Myriam Lopes, é um dos mais recentes projetos iniciados na Universidade de Aveiro (UA). Este projeto procura melhorar o desempenho dos modelos de qualidade do ar em Portugal utilizando megadados (disponíveis sem nenhum custo) para calcular as emissões atmosféricas portuguesas (históricas e previstas) com elevada resolução espacial (no local exato das fontes de emissão) e temporal (valores horários).

Notícia completa aqui.

Equipa liderada por Victor Bandeira (DBio/CESAM) irá efetuar um censo que permitirá avaliar e gerir os impactos da ocorrência de cães e gatos errantes, no âmbito do protocolo assinado entre a UA e o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF)/Ministério do Meio Ambiente e Ação Climática.

Leia mais aqui e no website do ICNF.

De 30 de agosto a 10 de setembro

Registo aqui.

Mais informação aqui.

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, através do Departamento de Alimentação e Nutrição, promove nos dias 27 e 28 de Setembro (à tarde), em modo de transmissão virtual, a 4ª edição da conferência internacional sobre contaminantes alimentares “Virtual International Conference on Food Contaminants: challenges on early-life exposure (ICFC 2021)”.

O objetivo desta conferência é reunir investigadores, profissionais da área da saúde e alimentação, entidades reguladoras, indústria e estudantes, entre outros. Esta conferência irá focar os riscos associados à exposição de populações vulneráveis a contaminantes nos alimentos e aos efeitos tóxicos decorrentes da exposição precoce a estes contaminantes.  

submissão dos resumos tem como data limite dia 5 de Setembro e o registo (gratuito mas obrigatório) pode ser efetuado até 24 de Setembro, no site da conferência: https://icfcportugal.com/ 

Os investigadores Paula Alvito e Ricardo Assunção integram a organização deste evento.

Cartaz