Os moluscos bivalves são recursos alimentares importantes em todo o mundo tendo uma elevada relevância económica em alguns países, como é o caso de Portugal. Sendo organismos filtradores ativos, estes organismos podem facilmente acumular não só bactérias que existem na área onde são capturados ou produzidos, mas também toxinas que têm origem em florescimento de algas nocivas (harmful algal blooms – HABs). Isto representa uma séria ameaça à saúde pública, uma vez que o consumo de marisco contaminado pode provocar o envenenamento nos humanos, podendo ser letais.

As áreas destinadas ao cultivo de moluscos bivalves em Portugal são classificadas em zonas A, B ou C, de acordo com a contaminação bacteriana detetada na componente edível destes organismos. Ao contrário dos bivalves capturados ou produzidos em zonas A, os bivalves provenientes de zonas B só podem ser comercializados vivos para consumo humano após um processo de depuração num processo que pode demorar até dois meses. Neste sentido, o projeto BioDepura tem como objetivos a otimização de metodologias de depuração de moluscos bivalves, adaptadas aos requisitos fisiológicos de cada espécie, bem como o desenvolvimento de dietas microencapsuladas à base de ingredientes naturais (microalgas) que possam melhorar o perfil nutricional dos bivalves e aumentar a durabilidade do produto. O sucesso deste projeto assenta numa abordagem multidisciplinar que inclui especialistas em aquacultura e microbiologia, e na estreita colaboração entre os cientistas e os profissionais do setor.

Portugal, tal como a maioria dos países costeiros, é afetado por HABs e a sua vigilância é da responsabilidade do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Para além de serem monitorizadas outras toxinas obrigatórias, as toxinas paralisantes (paralytic shellfish toxins – PSTs), têm especial relevância devido aos graves sintomas neurológicos que podem provocar em humanos. Os métodos analíticos usados pelo IPMA para a quantificação de toxinas são baseados em técnicas laboratoriais que requerem equipamento dispendioso e pessoal qualificado. Assim, existe a necessidade do desenvolvimento de metodologias rápidas e de baixo custo para a deteção e quantificação de toxinas, nomeadamente para as PSTs, podendo estas ser usadas como ferramentas de rastreio e de alarme pelas autoridades e profissionais. 

O projeto Sistema de língua bioelectrónica para a detecção de toxinas paralisantes marinhas em bivalves visa desenvolver um sistema de língua bioeletrónica baseado em biossensores para a deteção rápida das PSTs frequentemente detetadas em águas portuguesas. O projeto junta uma equipa multidisciplinar de especialistas na área dos sensores e sistemas de línguas bioeletrónicas, toxinas marinhas, química analítica e biologia molecular. Dois laboratórios do CESAM estão envolvidos neste projeto, o MicroBiotec que é responsável pelo desenho e síntese de recetores seletivos às PSTs, e o LOCS, que é responsável pelo desenvolvimento de biossensores e métodos analíticos.

Deste modo, tirando partido da investigação transversal que é feita no CESAM, estes dois projetos constituem enormes contribuições para a segurança alimentar.

BioDepura – Desenvolvimento de metodologias de depuração de moluscos bivalves adequadas aos requisitos fisiológicos de cada espécie (MAR-02.01.01-FEAMP-0018) tem o apoio financeiro do Programa MAR2020, Portugal 2020 e União Europeia através do FEAMP – Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas. Mais informação sobre este Projeto pode ser vista neste curto  video.

Sistema de língua bioelectrónica para a detecção de toxinas paralisantes marinhas em bivalves é financiado pelo FEDER através do COMPETE2020 – Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI), e por fundos nacionais (OE) através da FCT/MCTES.

Em artigo de opinião publicado na revista Antibiotics, a investigadora do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Adelaide Almeida (DBio), em co-autoria com as investigadoras Amparo Faustino (DQ) e Graça Neves (DQ) do LAQV-REQUIMTE, defendem que “o tratamento fotodinâmico (PDT), usando fotossensibilizadores como o azul de metileno ou derivados porfirínicos, pode ajudar a mitigar a COVID-19, nomeadamente, para tratar pacientes infetados, desenvolver têxteis funcionais fotoativos, desinfetar superfícies, água e ar”. A notícia completa pode ser lida aqui e o artigo original aqui [em inglês].

O evento IBERSENSOR 2021, originalmente previsto para setembro de 2020, foi adiado para setembro de 2021. O evento irá realizar-se em Aveiro, Portugal.

+ info: http://ibersensor2021.events.chemistry.pt/

A Comissão Europeia publicou e adotou a Estratégia de Biodiversidade da União Europeia para 2030: Trazer a natureza de volta às nossas vidas. A contribuição da rede internacional ALTER-Net foi essencial para este documento, não só através da participação de especialistas da rede na consulta pública para as primeiras versões da estratégia, mas também através da conferência 2019 ALTER-Net & EKLIPSE. Deste evento, que contou com a presença e participação da Comissão Europeia, resultou um conjunto de 12 mensagens-chave que foram submetidas à Comissão para serem consideradas na estratégia de biodiversidade pós-2020. Para além disso, especialistas da ALTER-Net publicaram as prioridades dos cidadãos no contexto da nova estratégia de biodiversidade que também foi considerado neste documento. Deste modo, a ALTER-Net foi determinante neste processo envolvendo a ciência, política e sociedade.

Membros do CESAM participaram no comité científico e grupos de trabalho da conferência 2019 ALTER-Net & EKLIPSE, contribuindo deste modo para o documento.

O CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar é parceiro institucional de duas infraestruturas (EMSO-PT – Observatório Europeu Multidisciplinar do Fundo do Mar e Coluna de Água – Portugal e PORBIOTA – E-Infraestrutura Portuguesa de Informação e Investigação em Biodiversidade), que constam no novo Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico (RNIE) publicado este mês pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta é a primeira atualização após a sua publicação em 2014.

Ambas as infraestruturas se inserem na área do ambiente, uma das principais áreas de atuação do CESAM. A EMSO-PT, coordenada pelo IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera, faz parte da EMSO, Infraestrutura de Investigação Europeia de Grande Escala. Esta infraestrutura é constituída por observatórios submarinos multidisciplinares, fixos, com o objetivo de fornecer informação científica em tempo quase real, a longo prazo, dos processos ambientais marinhos relacionados com a interação entre a geosfera, a biosfera e a hidrosfera. É uma infraestrutura distribuída localizada em locais chave do mar europeu, abrangendo o Ártico, o Atlântico, o Mediterrâneo e o Mar Negro e prevê-se que a rede de observatórios esteja instalada no final da década. O CESAM é parceiro desta infraestrutura contando com a participação de uma equipa de 8 investigadores especialistas em oceano profundo, liderada pela Prof. Marina Cunha. A PORBIOTA é uma infraestrutura nacional coordenada pelo ICETA/CIBIO-InBIO, distribuída para gerir dados de biodiversidade nacionais, visando a sua integração na infra-estrutura Europeia de e-Ciência para a investigação em biodiversidade e ecossistemas LIFEWATCH (ESFRI Roadmap 2016 Landmark). A infraestrutura é liderada por um consórcio que inclui Unidades de Investigação e Desenvolvimento nacionais, museus de história natural, o nó Português do Sistema Global de Informação sobre a Biodiversidade (GBIF) e o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), incluindo também algumas áreas específicas (ICOS-PT e LTER Portugal). O sítio LTER da Ria de Aveiro é uma das áreas que contribui para esta e-infraestrutura.

Pretende-se com a PORBIOTA compilar e integrar toda a informação sobre biodiversidade que se encontra dispersa a nível nacional (por exemplo, bases de dados, literatura, multimédia, coleções de história natural), facilitando posteriormente o seu acesso, a interoperabilidade de dados e um conjunto de ferramentas especializadas para a modelação e análise de grandes quantidades de dados de biodiversidade. O CESAM é parceiro desta infraestrutura contando com a participação de uma equipa de 11 investigadores especialistas em biodiversidade, liderada pela investigadora Ana Isabel Lillebø.

O RNIE 2020 surge na sequência da avaliação da maturidade das infraestruturas de investigação iniciada pela FCT em outubro 2019. Esta avaliação foi concluída no passado mês de fevereiro para as infraestruturas integradas no RNIE entre 2014 e 2019. Além de atualizar a informação respeitante às 40 infraestruturas integradas no RNIE em 2014, incluindo os montantes de investimento público atribuídos para o quadriénio 2017-2021, apresentada as 16 novas infraestruturas integradas no Roteiro desde abril 2019, conforme previsto no DL nº63/2019. O RNIE 2020 aproxima o panorama das infraestruturas do RNIE às prioridades do Plano Nacional de Reformas e às estratégias temáticas para a investigação e inovação, tais como o “Espaço 2030”, o Programa de Ação para a Economia Circular (INCoDe.2030) ou a aposta na investigação clínica, nomeadamente no domínio do Cancro. 

O RNIE 2020 pode ser descarregado aqui (em Inglês).

 

O CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar é parceiro institucional de duas infraestruturas (EMSO-PT – Observatório Europeu Multidisciplinar do Fundo do Mar e Coluna de Água – Portugal e PORBIOTA – E-Infraestrutura Portuguesa de Informação e Investigação em Biodiversidade), que constam no novo Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico (RNIE), publicado este mês pela FCT – Fundação para a Ciência e Tecnologia. Esta é a primeira atualização após a sua publicação em 2014.

 

No âmbito do projeto europeu ClairCity – O Papel dos Cidadãos na Redução da Poluição Atmosférica nas Cidades, projeto H2020, estão a ser preparados três webinars de divulgação dos resultados. Os eventos decorrerão entre 11 e 25 de junho. 

Programa:

11 de junho, 10h00-11h20 (hora de Portugal Continental); 11h00-12h20 (Central European Summer Time, CEST)

Webinar 1: Engaging Citizens on air quality and climate change,

18 de junho, 13h00-14H10 (hora de Portugal Cointinental); 14h00-15h10 (CEST)

Webinar 2: Citizens’ behaviour in emissions, air quality and health modelling,

25 de junho, 14h00-15h30 (hora de Portugal Continental); 15h00-16h30 (CEST)

Webinar 3: Citizens at the centre of air pollution and carbon reductions – lessons for policy.

A investigadora Vera Rodrigues, CESAM/DAO, intervém no webinar 2. Vera Rodigues dedica-se à modelação dos processos atmosféricos em áreas urbanas, nomeadamente o estudo das interações entre o microclima urbano e a dispersão dos poluentes atmosféricos e em medidas de mitigação capazes de reduzir os níveis de exposição da população à poluição atmosférica.

 

Cristina Pita é co-editora do livro “Small-Scale Fisheries in Europe: Status, Resilience and Governance” agora publicado. O livro poderá ser comprado como eBook ou em formato físico aqui: https://link.springer.com/book/10.1007/978-3-030-37371-9#toc.

 » Cristina Pita apresenta o seu livro no webinar internacional “Small is Bountiful” (junho de 2020).

A rede internacional ALTER-Net, da qual o CESAM é um membro, e o projeto EKLIPSE, apresentam 12 mensagens para contribuir para o desenvolvimento da próxima Estratégia para a Biodiversidade da União Europeia.

Em Junho de 2019, investigadores, cientistas, decisores e profissionais de diversas áreas reuniram-se em Ghent para a Conferência 2019 ALTER-Net & EKLIPSE. O objetivo desta conferência foi considerar a Estratégia para a Biodiversidade na Europa pós-2020 e o papel da investigação na formulação desta estratégia e dos seus objetivos. Desta conferência resultaram estas mensagens-chave que foram agora publicadas e submetidas à Comissão Europeia. As mensagens e a argumentação para cada uma delas pode ser consultada aqui (em Inglês).

Os stocks de cefalópodes (por exemplo, polvos, lulas, chocos) não estão sujeitos a um sistema de quotas exigido pela União Europeia, ao contrário do que acontece com os stocks de outros recursos pesqueiros (por exemplo, a sardinha). Assim, existe um enorme potencial para se desenvolver a pesca e o mercado dos cefalópodes.

O projeto Cephs & Chefs – Polvos, lulas, chocos, pesca sustentável e chefes tem como objetivos desenvolver novos mercados e produtos com origem em cefalópodes, aumentando acadeia de valor e ajudando os pescadores a serem mais competitivos na área Atlântica. O projeto vai contribuir para a criação de novos mercados para os produtos baseados em cefalópodes e acrescentar valor aos produtos já existentes. O projeto Cephs & Chefs é um projeto financiado pela União Europeia (programa INTERREG), sendo coordenado pela National University of Ireland Galway, Irlanda. O CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, tem um importante papel neste projeto através de uma equipa de 12 investigadores coordenados pela Doutora Cristina Pita. Esta equipa inclui especialistas de várias áreas desde pescas, ecologia e planeamento do espaço marinho. Todos juntos, estes investigadores estão particularmente envolvidos na introdução de novos produtos com origem em cefalópodes no mercado e expansão dos mercados que já existem, bem como na capitalização de resultados do projeto nas áreas do desenvolvimento e da política. Para além disso, a equipa do CESAM trabalha ativamente na caracterização da cadeia de valor dos cefalópodes na Europa, do mar ao prato, identificando atores-chave tais como pescadores, indústria de processo, vendedores, supermercados e restaurantes.

A equipa do projeto

Dia 08 de junho é celebrado o Dia Mundial dos Oceanos, dia escolhido para vários eventos nacionais e internacionais relacionados com esta temática. Tendo uma forte componente de investigação na área dos Oceanos, o CESAM estará presente em alguns destes eventos.

No âmbito do projeto BCLME III – Improving Ocean Governance in the Benguela Large Marine Ecosystem e promovido pela Comissão da Corrente de Benguela, a comemoração do Dia Mundial dos Oceanos vai contar com a presença do investigador do CESAM Rui Rocha num evento online. A sua participação ocorre no seguimento do estudo de viabilidade de aquacultura comunitária de bivalves em Angola, em que também colaboram o Prof. Amadeu Soares e a Doutora Cristina Pita. O evento acontecerá de manhã.

No lançamento do projeto Smart Ocean, estará presente o Prof. Luís Menezes Pinheiro, Presidente do Comité Português para a Comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO (IOC/COI-UNESCO) ao lado do Ministro do Mar, Dr. Ricardo Serrão Santos na abertura deste evento online. Este projeto propõe-se a apoiar o desenvolvimento sustentável da economia azul com base no conhecimento e na inovação, através da colaboração e cooperação entre diferentes atores nacionais e internacionais. O evento será às 14h00.