CESAM participa em projeto com financiamento de 18 milhões de Euros

O CESAM e a Universidade de Aveiro participam no projeto Europeu RadoNorm – Managing Risks from Radon and NORM, financiado pela Euratom – Comunidade Europeia da Energia Atómica e coordenado pelo BfS, Gabinete Oficial de Proteção Radiológica da Alemanha. Com um financiamento de 18 milhões de Euros, o RadoNorm terá início no dia 1 de Setembro e conta com a participação de 56 parceiros de 19 estados-membros da União Europeia e do Reino Unido. Integra grupos de investigação, cientificamente conceituados e mundialmente reconhecidos, de diferentes áreas multidisciplinares pertencentes a Universidades, Centros de Investigação e Instituições de proteção radiológica nacionais. Num esforço conjunto, as equipas das diferentes instituições participantes contribuirão para o esclarecimento dos possíveis efeitos decorrentes da exposição à radiação ionizante emitida pelo radão e por materiais radioativos de ocorrência natural (do Inglês: naturally occurring radioctive material ou NORM), contribuindo assim para uma melhor gestão dos riscos para a saúde humana e para o ambiente.

Para além da Universidade de Aveiro, participam neste projeto a Universidade do Porto e a Associação do Instituto Superior Técnico para a Investigação e Desenvolvimento. Assim, cabe às Instituições Nacionais supra-referidas inventariar os locais de exposição a radiação ionizante emanada por radão e outros radionuclídeos, em Portugal. Neste consórcio participam as investigadoras Joana Lourenço e Sónia Mendo do Departamento de Biologia & CESAM, que há mais de dez anos desenvolvem trabalho de investigação na avaliação e na caracterização dos efeitos moleculares da exposição a resíduos de minas de urânio, contaminados com metais e NORM. Dessa investigação resultaram já vários trabalhos de investigação publicados em revistas de elevado fator de impacto.

Portugal possui mais de 60 minas de urânio desativadas, das quais as de maior dimensão foram já alvo de processos de remediação. Nestas áreas mineiras a avaliação dos efeitos de exposição à radiação ionizante ocorre simultaneamente com a exposição a metais, alguns dos quais de elevada toxicidade ou com potencial carcinogénico. Muitos destes metais co-ocorrem com radionuclídeos da cadeia de decaimento do urânio, sobretudo emissores de radiações alfa, como é o caso do radão. A atividade de extração de urânio, com grande importância económica e estratégica em Portugal sobretudo durante o período da Guerra fria, levou à contaminação ambiental e à exposição crónica de populações humanas que habitavam nas proximidades. As formações geológicas dominadas por granitos, em muitas regiões do país, contribuem também para que a exposição ao radão seja uma realidade que não pode ser negligenciada. Os resultados da investigação efetuada pelas investigadoras do CESAM, com a colaboração da Prof.  Ruth Pereira da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto & GreenUPorto, levou à integração da Universidade de Aveiro na Aliança Europeia de Radioecologia, em 2017.

Os resultados científicos e os desenvolvimentos tecnológicos resultantes deste projeto contribuirão para uma melhor caracterização da exposição (através do aperfeiçoamento de técnicas de dosimetria, sobretudo para exposições a baixas doses) e o processo de avaliação e de mitigação de riscos. O RadoNorm irá assim apoiar a Comissão Europeia na aplicação da Diretiva 2013/59/Euratom através de definição de padrões de segurança para exposição a radiação ionizante.