Estudo publicado na Nature com a participação de José Alves, Biólogo do DBio / CESAM

24/11/2016

Nota de imprensa da Nature: Comportamento animal: como partilham as aves limícolas as atenções parentais?

Quando se trata de partilhar responsabilidades parentais, as aves alteram o seu comportamento fazendo turnos para incubar os ovos, mas este comportamento varia consideravelmente entre espécies, segundo um estudo publicado na revista Nature. Na maioria dos casos estes turnos de cuidados parentais não se regem pelo ritmo circadiano determinado pelos períodos de luz (durante o dia) e escuridão (durante a noite) a cada ciclo de 24 horas, mas sim pela estratégia anti-predadora adoptada pelas diferentes espécies.

Os investigadores analisaram dados de 729 ninhos pertencentes a 32 espécies de aves limícolas, para perceber como estas aves são capazes de sincronizar as suas rotinas diárias para fazer turnos a incubar os ovos. Os padrões são altamente variáveis entre espécies, até mesmo quando as condições ambientais são similares. O período de cada turno de incubação pode variar entre uma e 19 horas consecutivas, existindo semelhanças nos padrões de espécies mais aparentadas. Segundo os autores, a forma como os pais sincronizam os seus ritmos diários parece estar associada à forma como estas aves protegem o seu ninho de potenciais predadores. Espécies que não escondem os seus ninhos e/ou activamente perseguem predadores têm turnos de incubação mais curtos, enquanto aquelas que usam uma estratégia de camuflagem têm turnos mais longos, aparentemente para evitar revelar a localização do ninho aos predadores.

A variação encontrada na sincronização destes ritmos sociais observados em aves selvagens é muito mais ampla do que a indicada pelos estudos em cativeiro e mostra que as relações sociais podem ser uma força determinante em certos comportamentos, sobrepondo-se aos ritmos circadianos.

Mais informação em:
http://uaonline.ua.pt/pub/detail.asp?c=48390
https://www.publico.pt/2016/11/24/ciencia/noticia/aves-turnos-parentais-nao-dependem-da-fome-ou-do-frio-mas-do-perigo-1752269

Link para o artigo original na Nature: http://dx.doi.org/10.1038/nature20563