A Protecção Integrada do olival alentejano. Contributos para a sua inovação e melhoria contra os seus inimigos-chave

Coordenador

Fernando Rei

Investigador Responsável CESAM

Maria Teresa Ferreira Ramos Nabais de Oliveira Rebelo

Programa

Programa Operacional Regional do Alentejo (ALT20-03-0145-FEDER-000029)

Datas

01/01/2016 - 31/05/2019

Financiamento para o CESAM

3000 €

Financiamento Total

652516 €

Instituição Proponente

Universidade de Évora

Instituições Participantes

  • Universidade de Évora
  • Universidade de Lisboa

A Comissão Europeia adotou o conceito de especialização inteligente para o desenvolvimento de estratégias regionais baseadas nos recursos específicos e na competitividade de cada região. O desenvolvimento destas estratégias deverá ser alicerçado na realidade de cada região, identificando-se as características mais relevantes para a sua promoção e desenvolvimento. Para a região do Alentejo, o desenvolvimento de produções agrícolas e agroalimentares tecnologicamente evoluídas, ambientalmente sustentáveis e orientadas para a exportação, é um objetivo temático. Este objectivo tem especial relevância para a olivicultura no Alentejo, uma actividade com manifesta importância para a região. Por sua vez, as tendências de mercado revelam uma procura cada vez mais significativa para produtos de produção biológica e/ou ambientalmente responsáveis. A própria União Europeia destaca a promoção de alimentos produzidos de forma sustentável e ambientalmente equilibrada, como um objectivo a atingir.

Paradoxalmente, a intensificação recente da olivicultura na região do Alentejo tem vindo a reforçar a utilização, repetida, da luta química na protecção contra os seus inimigos-chave. Neste contexto destaca-se a substância insecticida dimetoato, tradicionalmente aplicada no olival contra a mosca-da-azeitona, um dos principais inimigos-chave da cultura, devido ao seu de modo de acção sistémico, com acção sobre os estados larvares da praga. Contudo, a aplicação continuada dessa substância já conduziu ao desenvolvimento de resistência ao insecticida, observando-se elevadas percentagens de moscas resistentes em diversos países, como na Grécia (80-90%). A situação foi avaliada em Portugal, de forma ainda preliminar, tendo-se identificado uma presença média de individuos resistentes ainda inferior a 50% das moscas capturadas. Trata-se de um valor já preocupante e, atendendo à forma rápida como as populações resistentes se multiplicaram noutros países, está prevista neste projecto a reavaliação, de forma mais extensa e precisa, da ocorrência desse fenómeno nos olivais da região. A solução para evitar a ocorrência deste problema, e de outros semelhantes, está na utilização de estratégias de protecção do olival que contemplem diversas metodologias, tal como preconiza o conceito da Protecção Integrada.

Outro inimigo de grande importância para o olival é a micose denominada por gafa (Colletotrichum sp), que pode comprometer a quase totalidade da produção de azeitona, com especial impacto na qualidade do azeite, à semelhança do que sucede com a mosca-da-azeitona. Actualmente, os tratamentos fungicidas contra a gafa são realizados no final do Verão ou início do Outono, com o advento das primeiras precipitações, com produtos preventivos que impedem a infecção dos frutos nesse período. Todavia, o conhecimento já adquirido sobre a doença permitiu constatar a infeção da oliveira por parte da gafa, na altura na primavera (floração). Dessa forma o conhecimento aprofundado sobre a biologia da gafa é de grande importância, não só para se identificar com rigor onde permanece o inóculo do fungo, como os seus períodos de maior infecção, para que a aplicação das substâncias fungicidas seja realizada no momento mais indicado e eficaz.

Recentemente, outro inimigo surgiu no olival – Xylella fastidiosa (uma bactéria que causa a doença denominada por “declíneo súbito do olival”) que tem provocado a rápida morte de elevadas extensões de olival, em Itália, onde a doença foi primeiramente detectada. Embora ainda não presente em Portugal, face à extrema gravidade da doença (classificada como A1), para a qual não existe qualquer tratamento, para além do controlo preventivo dos seus vectores, é muito importante que se avalie o seu risco de ocorrência no Alentejo, através do conhecimento da presença dos seus insectos vectores nos olivais da região tal como indicado pela decisão de execução 2015/789 da comissão europeia.

De acordo com o exposto e na procura de modos de produção mais sustentáveis e com reduzido impacto ambiental, pretende-se contribuir para a melhoria da protecção do olival contra os  inimigos chave, ampliando-se as estratégias disponíveis para a sua limitação.

membros do CESAM no projeto