CARCACE – Colonização de carcaças de mamíferos no Oceano Atlântico profundo

Coordenador

Ana Hilário

Programa

PTDC/MAR/099656/2008

Datas

01/06/2010 - 31/05/2014

Financiamento para o CESAM

111230 €

Financiamento Total

181790 €

Instituições Participantes

  • IMAR - Açores

URL / WWW

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Desde a descoberta de fontes hidrotermais em 1997 que a investigação em ambientes quimiossintéticos não tem parado de nos surpreender. Um dos marcos mais importantes dos últimos anos foi a descoberta da elevada diversidade e nível de especialização da fauna associada a grandes depósitos de matéria orgânica, tal como carcaças de baleias ou outros mamíferos marinhos. Mais de 400 espécies já foram identificadas, 30 das quais endémicas destes habitats. Os altos níveis de compostos de enxofre e gorduras resultantes da decomposição da matéria orgânica criam um ambiente intermédio em relação àquele das fontes hidrotermais e fontes frias e permitem que espécies existentes simultaneamente nestes três habitats utilizem grandes depósitos de matéria orgânica como “stepping-stones”, tanto numa escala ecológica como evolucionária. O estudo da ecologia e filogenia das espécies que colonizam grandes depósitos de matéria orgânica no mar profundo aumentou exponencialmente nos últimos 10 anos e várias experiências in situ foram desenvolvidas. No entanto todos estes estudos foram restritos ao Oceano Pacífico. Com este projecto propomo-nos a estudar o impacto que grandes depósitos de matéria orgânica têm no fundo marinho profundo do Oceano Atlântico, e a sua importância como habitats ricos em compostos de enxofre. Duas carcaças de mamífero serão afundadas em locais onde cetáceos ocorrem naturalmente, o Canhão de Setúbal e o Canal de S. Jorge. Com estas duas experiências poder-se-ão comparar a dinâmica de colonização e a estrutura das comunidades em áreas com diferentes condições geológicas e hidrológicas e responder a questões relacionadas com a distribuição, dispersão e filogeografia das espécies colonizadoras. Cada um dos locais será visitado de seis em seis meses durante dois anos o que permitirá a identificação de padrões de colonização em termos de biodiversidade e estrutura trófica. Existem actualmente existem duas grandes limitações no estudo de grandes depósitos de matéria orgânica no mar profundo: 1) o acesso a veículos de grande profundidade, tanto tripulados como de operação remota (ROV) e 2) a necessidade de amostrar regularmente devido a variações na estrutura das comunidades ao longo de fases sucessivas. Estas limitações serão ultrapassadas, em primeiro lugar, com a possível utilização do ROV Luso, e em segundo lugar com a escolha cuidadosa dos locais experimentais que devido à sua proximidade da costa permitem uma utilização eficiente do tempo de navio. O projecto está organizado em cinco tarefas que permitem cumprir os cinco objectivos a que nos propomos: 1) descrever a fauna de habitats formados por grandes depósitos de materia orgânica no fundo do Oceano Atlântico, 2) investigar a anatomia funcional de especialistas destes habitats, 3) determinar relações filogenéticas de especialistas de grandes depósitos de material orgânica, 4) analisar a estrutura trófica das comunidades colonizadoras, 5) elucidar a importância destes habitats como “stepping-stones” para espécies de fontes hidrotermais e fontes frias do Oceano Atlântico. Uma sexta tarefa está relacionada com acções de divulgação do conhecimento científico adquirido durante o projecto direccionadas ao público em geral, educadores e entidades comunitárias. O projecto reúne duas importantes instituições nacionais em investigação marinhas (CESAM e IMAR-Açores) e 9 cientistas com vasta experiência no estudo de ambientes quimiossintéticos do mar profundo.

membros do CESAM no projeto